quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Líderes !!!

Benfica 26 - 23 Madeira SAD
(13-9)

Em jogo 'atrasado' da 1.ª jornada, mais uma excelente vitória, num momento em que temos o Cavalcanti lesionado (além do Terzic), deixando os 'baixinhos' Belone e Seabra, 'responsáveis' pelos golos do Benfica, em 'quase' regime de exclusividade!!!
Recordo que os Madeirenses, reforçaram-se muito (vários ex-Benfica), e já venceram esta época os Corruptos!!!
E já agora, neste momento somos líderes, juntamente com o Belenenses!!!

Golo a fechar...!!!

Basileia 2 - 2 Benfica


Não foi nada fácil conquistar um pontinho: depois de termos inaugurado o marcador, permitimos a reviravolta Suíça, e marcámos o golo do empate ao minuto 92!!! Num jogo que teve 2 minutos de compensação!!!
Um ponto que fica para a história, com o nosso Central, Gonçalo Loureiro, transformado em ponta-de-lança, marcando os 2 golos!!!

Empate

Benfica B- 1 Covilhã
Parks (62')


Mesmo com os 'reforços' (Digui, Joãozinho... Willock e Kalaica), para compensar as ausências dos Juniores (que jogaram na Suíça), não conseguimos a vitória... Num jogo onde formos melhores, mas notou-se algumas faltas de rotina entre os jogadores...

PS: Aquele Amarelo ao Parks, 'explica' muita coisa no arbitragem Tuga!!!!

As contas da Benfica SAD

"Devo aplaudir a evolução neste exercício. Mesmo que eu próprio me contradiga, algumas vezes, no itinerário entre a razão (de estudioso) e o coração (de sofredor).

1. Peço desculpa pelo (único) assunto de hoje que - reconheço - é indigesto e não é compatível com o monopólio das emoções sentidas e ampliadas. Contas. Prestação. Responsabilidades financeiras. Para alguns, meros palavrões tecnocráticos do 'Futebol-Alice no país das maravilhas'. Para outros, coisas incompreensíveis e sempre em situação de fora-de-jogo. Para alguns ainda, uma abstracção superada pelo concretismo aparvalhado de programinhas e redes sociais ao serviço de.

Não, não vou falar das contas de entidades intervencionadas. Nem de sociedades que, à beira do precipício, dão um passo em frente, ou seja, que depois de gastar o que têm, atiram-se às da frente (receitas futuras em via directa ou dadas como garantia). Também não sigo pela via de remoques ou vmoques... Pena não haver rating no futebol, para assim ficar mais claro o que seria lixo ou investimento!
Falo, antes, da Benfica SAD e do comunicado-resumo entregue à CMVM sobre a situação económica e financeira consolidada relativa ao exercício terminado em 30 de Junho deste ano.

Faço-o com a percepção de que a situação da Sociedade não tem comparação no panorama futebolístico português. Como já se disse, somos tetracampeões nos relvados e tetracampeões na melhoria das contas. Aliás, com um notória evolução já quase desde o princípio do século. Faço-o, também, para realçar alguns dos desafios que o Benfica enfrenta, do ponto de vista estratégico.

2. Ao que julgo, a Benfica SAD é, agora, a única SAD de futebol que respeita o artigo 35.º do Código das Sociedades Comerciais, ou seja, a exigência de ter capitais próprios não inferiores a 50% do capital social. Importa também relevar alguns aspectos sobre o sempre tão invocado passivo que, finalmente, está a diminuir. Bom sinal, ainda que se deva dizer que o passivo não é só por si um indicador da solvabilidade de uma sociedade comercial. Há que, obviamente, compará-lo com o activo e, também, com o volume de proveitos, tal e qual a nível nacional, o valor nominal da dívida pública deve ser relacionado com a riqueza nacional (PIB). Neste exercício podemos ver na demonstração de resultados que as transferências renderam o fantástico valor €123 M (ainda sem Nélson e Mitroglou) e os gastos inerentes atingiram €20,3 M (16,5%). Tais movimentos foram reflectidos, embora apenas parcialmente, na diminuição do passivo (-17 M), no acréscimo da rubrica 'Clientes' no Activo do balanço e correspondente à parte ainda não recebida daquelas transacções (+43 M) e no valor dos direitos dos atletas do plantel (+9 M). Seria bom haver uma informação completa destes movimentos e da parte dos proveitos com as transferências que, a seguir, se transformam em custos de diversa ordem, designadamente comissões e 'encargos com aquisições e custo zero'.
Um dos pontos críticos, aliás assinalado na apresentação das contas, é a necessidade de, sustentadamente, se encontrar um equilíbrio entre as receitas correntes (sem transferências) e as despesas correntes. Sem dúvida o calcanhar de Aquiles do futebol em Portugal. A evolução no Benfica continua a ser a adequada, não só no acréscimo de receitas de bilheteira, como de direitos de televisão. Já do lado da despesa, verifica-se um aumento de 21,5% nos gastos com pessoal (mais €13,2 M), que se deverá na grande maioria ao aumento da folha salarial dos atletas. Domingos Soares de Oliveira apontou, por isso, a necessidade de criar fontes de receita que permitam, em termos correntes e estáveis, corresponder às exigências financeiras do mercado global de futebol e, assim, garantir a atractividade de atletas de eleição. Neste contexto se enquadra a correctíssima estratégia de formação e da infraestruturas e ela associadas.

3. Volto ao passivo para sintetizar alguns pontos importantes:
1) A importante alteração da estrutura dos empréstimos obtidos, aumentando a parte não corrente (+€95 M) e diminuindo o seu valor corrente (-125 M), o que é importante, mormente do ponto de vista do serviço da dívida;
2) a diminuição da dívida aos bancos (-139 M neste e no anterior exercício) cujo concessão ou renovação de empréstimos já não é o que era, ainda que compensada - e bem - pela alternativa de dívida obrigacionista (+€59,3 M);
3) a diminuição dos encargos com juros que já se reflectiu este ano (-€2 M) e que terá uma expressão maior no futuro. De notar que a rubrica 'gastos e perdas financeiras' ainda assim chega quase aos €20 M, ou seja 15,5% dos rendimentos operacionais. Daí a decisiva importância da redução e reestruturação do passivo;
4) se tivermos em conta o encaixe de transferências (entre 2011 e agora, à volta de 500 milhões!), importará que haja mais informação sobre o aparente paradoxo de, face a este valor, e no mesmo período, o passivo ter mesmo assim aumentando 12 milhões (de 426 para 438), ainda que o activo total tenha subido 94 milhões (de 411 para 506) e os rendimentos totais tenham notavelmente duplicado (de 127 para 254).
Como não foi apresentada informação consolidada do lado da despesa nem da avaliação do plantel com as aquisições realizadas nesse mesmo intervalo de tempo, pergunta-se: onde pára a diferença para os tais 500 milhões de vendas?

4. Dois pontos, para concluir. O primeiro, relacionado com a importância das receitas da Champions. Partindo do princípio que esta competição traz receitas não inferiores a €30 M (contas muito por alto, supondo a passagem aos oitavos de final e não considerando a bilhética), estaremos a falar, no caso do Benfica, em 28% das receitas correntes (€128 M). Ora, a partir desta época, só o campeão tem acesso directo e o terceiro classificado fica a ver navios (Liga Europa). Por aqui se pode ver a sua importância directa (nem sequer falo dos efeitos positivamente colaterais de montra de jogadores), pelo que - e assim concluo com o segundo ponto - é necessário um equilíbrio entre a redução do passivo e a criação de condições desportiva e financeiramente compensadoras. Bem sei quão complexo, discutível e arriscado é encontrar este ponto de equilíbrio, mas de duas coisas estou seguro. A de que pensando só no objectivo financeiro se pode perder no core business (vitórias) e, consequentemente, com efeito boomerang, perder a seguir nas contas, e não esquecendo que a procura no mercado obrigacionista é muito sensível aos resultados desportivos e às expectativas criadas. E a de que acabou o tempo de altas cavalarias e de ilusões vendidas aos adeptos incautos, até que um dia rebenta a bolha e quem vier a seguir...
Evidentemente que nada disto é ciência exacta. Mas, tudo visto, devo aplaudir a evolução neste exercício. Mesmo que eu próprio me contradiga, algumas vezes, no itinerário entre a razão (de estudioso) e o coração (de sofredor).

Contraluz
- Número: 7
Os pontos que o Real Madrid já perder em casa na Liga espanhola. Três jogos, dois empates (Valência e Levante) e uma derrota já com Ronaldo (Bétis). Sete pontos de atraso para o Barcelona ao fim de apenas 6 jornadas. Crise dos merengues? Nem pensar... Só por cá é que o Benfica passou clamorosamente de tetracampeão a moribundo. Somos assim: ou o «mais ou menos» ou o «extremamente»...
- Notícia: Fernando Gomes
O presidente da FPF foi exemplarmente claro e corajoso sobre «a captura da força dos clubes para a apologia do ódio». Bom seria que os media deixassem de verter todos os dias declarações odientas, idiotas e ressabiadas de funcionários (logo, não eleitos), também chamados directores de comunicação. São os primeiros instigadores e pirómanos do clima que se vive no futebol. Com espaço noticioso e televisivo injustificadamente assegurado.
- Número: 47.309
Os espectadores na Luz no belo jogo contra o Paços de Ferreira. Tirando uma ou outra palermice (assobios para Pizzi?!), forte apoio à equipa. Claro, não foi notícia. Notícia foram os 30 gatos pingados ou os 50 pingados gatos (não sei se adeptos) que - dizem-nos - insultaram os atletas depois de jogos menos felizes da equipa. Assim vão os noticiários...
- Desejo: Não há um clone para Fejsa?
Nem um Fejsa para o seu clone?"

Bagão Félix, in A Bola

Sobre o castigo a Andreas Samaris

"Samaris foi suspenso por três jogos, na sequência de uma altercação com Paulinho, do SC Braga, já depois do apito final do recente jogo a contar para a Taça da Liga. Alguns considerandos sobre este caso parecem-me pertinentes:
A) - O acto do internacional grego foi censurável, denota um descontrolo emocional que já fora detectado no final da temporada passada (valeu-lhe quatro jogos em doca seca) e, nessa medida, a punição parece justa. Rui Vitória tem razão quando exige tratamento igual, mas tem um mãos um jogador que precisa de se acalmar...
B) - O Conselho de Disciplina da FPF tem por missão garantir, a partir de agora, que com este castigo não foi aberta a caixa de Pandora, criando-se uma psicose do sumaríssimo;
C) - Ao mesmo tempo deverá encontrar a medida certa para punições iguais em casos análogos. E aqui é que as coisas se complicam verdadeiramente, porque o futebol dá-nos situações semelhantes, mas nunca exactamente iguais.
D) - Valerá a pena lembrar que o Benfica - SC Braga da Taça da Liga não teve VAR, o que justificou a intervenção a posteriori do CD da FPF. Nas partidas da I Liga, o escrutínio subsequente do VAR resolve praticamente todos os casos, porque dificilmente haverá situações que passem ao lado do árbitro e do big brother.
E) - Em tempo de queixinhas e mais queixinhas, a justiça desportiva não pode dar a impressão de andar a reboque das centrais de (des)informação dos clubes e de toda a poluição associada que medra em alguns reality shows televisivos sobre futebol e infesta as redes sociais."

José Manuel Delgado, in A Bola

Mais um dia no escritório

"Mais uma terça-feira, mais um dia de disparos múltiplos do Conselho de Disciplina - o órgão federativo suspendeu Samaris por três jogos e Bruno de Carvalho por 90 dias, além de ter aberto um processo disciplinar a Manuel Machado. Apenas mais um dia no escritório.
Em relação a Samaris, será importante perceber qual o critério que distingue esta situação da de Eliseu, absolvido por ter sido um lance julgado em campo pela equipa de arbitragem (vídeo-árbitro incluído). No caso do médio grego, não é possível perceber pelas imagens de TV se o árbitro Bruno Esteves estava a olhar para a confusão gerada entre o médio do Benfica e Paulinho, do Sp. Braga. Se, de facto, não viu, como terá dito à Comissão de Instrutores, resta uma pergunta: porque é que mostrou amarelos aos dois jogadores? Adivinhou?
Quanto a Bruno de Carvalho e Manuel Machado são mais dois casos de abuso no verbo. Sem querer entrar em considerações sobre a justiça das decisões disciplinares, são mais uma prova de que algo precisa mesmo de mudar no futebol português. Como é claro que não pode ser um faroeste sem lei, é preciso perceber qual o caminho que queremos: ou consideramos menores as infracções por declarações, deixando de aplicar suspensões de meses, ou é preciso rever a verdadeira dimensão dos castigos, tanto no aspecto pecuniário como nos efeitos práticos das suspensões.
Enquanto nada disto for alterado, as terças-feiras continuarão a ser terças-feiras no Conselho de Disciplina."

Entrada suicida...

Lukoil 87 - 71 Benfica
27-12, 18-15, 22-22, 20-22

Já se sabia que seria muito difícil, e com um início horrível, ficou mesmo impossível...
Estes 4 jogos em uma semana, com uma viagem à Áustria e à Bulgária, acabaram também por 'marcar' o jogo de hoje... A superioridade do adversário foi clara, só um Benfica em superação constante teria hipóteses de discutir a eliminatória...

Agora vamos para a FIBA Europe Cup... onde teremos as nossas oportunidades, mas parece-me que o grau de dificuldade é superior ao do ano passado!iof

Águia mais forte

"Alguém se lembra de Rui Vitória ou Sérgio Conceição suscitarem críticas públicas a jogadores? Há assuntos que só devem ser abordados na discrição do balneário.

A crise, na versão mais cáustica, o mau momento, a fase difícil ou o que se quiser chamar-lhe elevou o Benfica a tema principal de todas as conversas durante as sete jornadas do Campeonato já realizadas.
Não por ser o campeão em título, mas pelo colapso desportivo que os outros candidatos julgaram ver num ciclo de exibições e resultados pouco recomendável a quem elegeu o penta como objectivo supremo. Levantou-se uma espécie de remoinho ventoso, soprado de fora e de dentro, num aproveitamento grotesco e oportunista em vez de desunir contribuiu para unir com mais força.
A oitava jornada, no próximo fim de semana, inclui o clássico Sporting - FC Porto e, por conveniência, a santa aliança vai a banhos por uns dias, podendo a águia voar sem receio de tentativa de alvejamento, sem se saber, no entanto, como ficará o relacionamento entre ambos em função dos diferentes cenários:
Vitória do FC Porto que passaria a somar mais cinco pontos do que o segundo e poder sentir-se como meio campeão.
Vitória do leão, que assumiria a liderança com mais um ponto do segundo (FC Porto).
Empate, ambos a cederem dois pontos, sem alteração no topo da classificação, embora sujeitos à aproximação do Benfica, obrigado a ganhar na Madeira: é complicado, mas é a única saída, partindo-se do princípio que, na qualidade de tetracampeão, já deu avanço suficiente.
Se tiver sucesso nos Barreiros (mais três pontos) é garantido que a crise, o mau momento ou a fase difícil não apenas deixará de importuná-lo como, tudo leva a crer, mudará a residência para outra freguesia. Prova de que o futebol é imprevisível: ora fascina, ora surpreende.

O Sporting empatou em Moreira de Cónegos em jogo equilibrado, intenso e corajosamente disputado. O empate foi desfecho normal e, queixas sobre arbitragem à parte, penso que os treinadores estiveram de acordo.
É evidente que deixar fugir o FC Porto em vésperas de clássico não é boa notícia, mas aconteceu, pronto, motivo por que não se compreende a necessidade de Jorge Jesus em apontar o dedo a «um ou dois jogadores» como se a responsabilidade nas vitórias e nas derrotas não fosse, sempre, de quem manda, de quem prepara o plantel e define a equipa titular. Parecia-me, aliás, perceber no seu discurso essa alteração significativa: enterrar o 'eu' e festejar o 'nós', destacando a importância dos artistas.
Enganei-me, certamente. Alan Ruiz já está na cruz e, pelo que li, Bruno Fernandes tem lá espaço reservado. É verdade que nunca equipa todos devem sentir-se obrigados a trabalhar em benefício da comunidade, mas na hora de subir ao palco convém salvaguardar as diferenças entre o pianista e o carregador do piano. Em caso de dúvida, recomendo o estudo do percurso do Inter de Milão treinado por José Mourinho e que foi campeão europeu em 2010.
Jesus possui, provavelmente, o melhor plantel, como nos dois anos anteriores, mas ao pôr-se de fora no que toca à assumpção de culpas, porque foi ele quem resolveu aligeirar o meio-campo com o Moreirense, se calhau deu o primeiro passo para comprometer a época.
Alguém se lembra de Rui Vitória ou Sérgio Conceição suscitarem críticas públicas a jogadores? Há assuntos que só devem ser abordados na discrição do balneário, mas Jesus não respeita essa fronteira.

Este vai ser o último ano em que Portugal regista três emblemas na fase de grupos da Liga dos Campeões, não sendo previsível que haja capacidade, vontade e mentalidade para recuperar esse privilégio nos anos mais próximos.
Em vez de nos aproximarmos do sexto lugar do ranking europeu estamos a afastar-nos. Em vez de se encarar a presença na mais importante competição de clubes da UEFA como sinal de grandeza, de prestígio, de valorização e de enriquecimento dos clubes olha-se para ela como empecilho, por atrapalhar a envelhecida gestão de plantéis tão ao gosto de quem insiste em manter-se agarrado a conceitos desajustados ao que recomenda o futebol moderno por causa de canhestra teoria das prioridades apregoadas como se fosse a descoberta do século.
Há treinadores que a vendem a adeptos mal informados como a solução ideal para fazer figura nas provas do bairro, geralmente de pouca visibilidade e discutível impacte mediático em curto mercado como é o nosso. A propósito, Manuel Machado recomenda uma revolução para o futebol luso, dá exemplos e adianta sugestões. É inevitável, sobretudo ao nível da classe dirigente, bloqueadora e tradicionalmente receosa do desconhecido.
Como jogadores e treinadores continuam sem merecerem a relevância devida, ocupa~se o tempo com esgadanhadas discussões, algumas ofensivas e até insultuosas, fruto de deprimentes estratégias de comunicação sem pingo de pudor na subversão de valores. O futebol é um jogo e um jogo é uma festa, que aglutina; jamais um pasto de manifestações populistas que não reconhecem regras nem deveres de obediência.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol foi eloquente na carta que escreveu e só escutou elogios, do Governo aos clubes. Fica bem bater palmas, no pressuposto de, como é costume, tudo se manter como está, ao sabor dos interesses há muito instalados..."

Fernando Guerra, in A Bola

No Fejsa... No festa

"Há uma hipótese muito popular que explica as performances desportivas com a atitude das equipas. Para quem olha assim para o futebol, a semicrise do Benfica é explicável de forma simples: numas quantas partidas, os jogadores revelaram pouca garra. Não digo que a vontade de vencer não seja importante. Contudo, devemos partir do princípio que, em equipas de topo, os jogadores entram em campo todos os fins-de-semana com desejo de vitória e que as alternâncias de humor são mais consequência do que causa.
Como explicar, então, a boa exibição do Benfica face ao Paços de Ferreira? Não foi, certamente, por a equipa ter tido outra atitude e demonstrado maior vontade de vencer. Estou certo que esta nunca faltou.
Alternativamente, há muito quem atribua às individualidades um papel decisivo. Em parte, é verdade, mas o futebol é um desporto de equipa e, sem colectivo, não há talento individual que valha. É algures entre talento individual e processo colectivo que se encontra a chave do sucesso e por mais qualidade individual que exista, aquela, sem processo colectivo, de pouco serve. Regressemos a sábado, ao Estádio da Luz. As entradas de Júlio César e Fejsa na equipa fizeram muita diferença: não apenas pelo que acrescentaram individualmente, mas, acima de tudo, pela forma como a sua participação foi determinante para o jogar do Benfica.
Júlio César teve o esperado efeito calmante sobre a defesa, dando uma tranquilidade que faltou nos jogos com Varela na baliza. Decisivo foi mesmo Fejsa.
Não surpreende. Com o sérvio em campo, o Benfica tem um registo que vale a pena recordar. Na temporada passada, Fejsa jogou 25 jogos para o campeonato e a equipa sofreu dez golos. Nas restantes nove partidas, o Benfica sofreu oito golos e empatou por cinco vezes.
Há um Benfica com e sem Fejsa por força do rigor científico que o centro campista revela nos movimentos sem bola, oferecendo uma cobertura notável a todas as movimentações da equipa. O Benfica equilibra-se, reage melhor à perda e recupera bolas em zonas mais avançadas. Mas, talvez, o mais importante nem passe pela inteligência do posicionamento defensivo: com Fejsa em campo o Benfica melhora a defender, mas melhora ainda mais a atacar.
No sempre muito interessante GoalPoint, Luís Cristóvão publicou este fim-de-semana dois mapas reveladores, comparando os movimentos em campo de Pizzi frente ao Boavista e Paços de Ferreira. As diferenças são notáveis: no Bessa, Pizzi tocou menos na bola, pisou terrenos mais recuados, esteve mais disperso pelo campo e, também, a presença na área adversária foi menor do que na Luz, este fim-de-semana. Ora como o ataque do Benfica depende da associação Pizzi/Jonas, porventura, o mais decisivo em Fejsa é a forma como, sem tocar na bola, permite a Pizzi aproximar-se de Jonas, libertando ofensivamente a equipa do Benfica."

Mais videoárbitro

"Já ocorreram erros, mas a maioria das críticas são feitas por puro desconhecimento.

Nos últimos dias, muita coisa foi dita e escrita sobre a (não) intervenção do VAR. Algumas opiniões têm evidenciado falta de conhecimento. Isso só reforça a nossa vontade em tentar esclarecer as dúvidas que entretanto vão surgindo. Permitem-me, por isso, algumas considerações:
1. Fora de jogo: o VAR não pode sugerir a alteração da decisão, a menos que do erro do assistente resulte um incidente do protocolo: golo ou pontapé de penálti, por exemplo. Só nesses casos. Os AA mantêm as instruções de sempre (não levantar a bandeira em caso de dúvida), sendo que o protocolo sugere que, em lances de perigo iminente, o árbitro deve retardar o apito. Mais vale anular um golo por fora de jogo do que interromper a jogada indevidamente, antes da bola entrar.
2. Pontapés livre, de canto, de baliza ou lançamentos laterais: em nenhum destes recomeço pode haver vídeo-intervenção, mesmo que o erro seja claro e que resulte em golo ou penálti. Porquê? Porque as leis de jogo não permitem revogar decisões técnicas após o reinício da partida e porque, caso o VAR tivesse que averiguar cada reinício, demoraria uma eternidade a averiguar todos.
3. Bola que entra/não entra na baliza: tratando-se de uma situação de golo/não golo, pode e deve merecer a video-ajuda, desde que o VAR tenha condições inequívocas para concluir que foi cometido um erro grosseiro. Se não existir uma câmara sobre a linha de golo ou qualquer tipo de tecnologia credenciada que fundamente essa conclusão, o VAR não deve intervir na decisão do árbitro (seja ela a de considerar ou não que a bola entrou).
4. Pontapés de penálti: todos os lances que são (claramente) mal assinalados ou que (claramente) ficam por assinalar, obrigam o VAR a sugerir ao árbitro que altere a sua decisão. Se o erro for factual e objectivo, o árbitro pode aceitar a opinião de imediato; se for de interpretação, mais subjectivo, deve consultar as imagens em campo.
5. Até onde se revê uma jogada?
A jogada que conduz, por exemplo, a um golo/penálti, deve ser revista pelo VAR (em silêncio, para confirmar a sua legalidade) até ao momento em que a equipa iniciou a fase de construção atacante que conduziu ao incidente. No limite, até ao momento em que ela ficou de posse de bola. A excepção é nos lances de troca de identidade ou nos expulsões (conduta violenta/falta grosseira): nesses só o incidente é revisto, sendo irrelevante a jogada que levou à acção.
6. Amarelos e segundos amarelos: totalmente fora do protocolo. O VAR está impedido de intervir nestes casos, ainda que perceba que houve erro grosseiro. Ainda que resulte em golo ou penálti. O que o International Board argumenta é que, se tivesse que rever a justiça do segundo amarelo (que origina expulsão), teria que rever a justiça do primeiro. E se tivesse que o fazer em relação a esse, teria que o fazer em relação a todos os amarelos e a todas as faltas que os originaram. Moral da história: não haveria jogo.
Aos poucos, lá chegaremos. O protocolo é apertado mas desenhado pelo IFAB. Por cá, cumprem-se instruções, concorde-se ou não.
Já ocorreram erros (o projecto é novo para todos), mas a maioria das críticas são feitas por puro desconhecimento do que está aqui em causa. E é isso que vamos tentar corrigir."

Duarte Gomes, in A Bola

Ponto de ruptura

"Na semana passada o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Dr. Fernando Gomes, dirigiu a todos os agentes desportivos uma mensagem de indignação pelo estado actual do futebol português e um apelo forte à mudança de paradigma.
O Sindicato associou-se de imediato à mensagem, apelando a um "pacto de regime" na defesa da modalidade e dos agentes desportivos, em especial os jogadores. É urgente acabar com este clima de guerrilha entre competidores, sob pena de ficarmos reféns de um discurso de ódio completamente vazio de conteúdo e da modalidade cair em descrédito perante aqueles que verdadeiramente a financiam.
Seja pelo silêncio ou pelo ruído, a verdade é que os problemas centrais do futebol português não têm sido discutidos de forma séria e no local próprio, o que dificulta a implementação de medidas que visem uma solução na prática. Exemplo disso mesmo são as questões relacionadas com a arbitragem. 
Como se não bastasse a tensão já existente entre os competidores, os problemas do futebol português são debatidos fora dos órgãos próprios e por pessoas que não assumem uma responsabilidade maior dentro dos clubes. Por isso mesmo, o Sindicato apela a todos os dirigentes para que assumam as suas responsabilidades, bem como as responsabilidades pelas acções dos seus subordinados.
Neste momento, para além da posição conjunta das instituições desportivas é importante a acção do poder político. O Sindicato defende há vários anos a reforma do Conselho Nacional do Desporto, quer ao nível da composição quer ao nível das competências, permitindo a este órgão utilizar a preponderância que tem no contexto do desporto nacional para tomar decisões que contendem com a sustentabilidade e o normal funcionamento do sistema desportivo."

Para um desporto do futuro

"Realizou-se, ontem, no Museu do Desporto, em Lisboa, o lançamento de um livro, Move-te por Valores, da autoria de Esmeralda Gonçalinho, Humberto Ricardo, André Carvalho, Amílcar Antunes e José Lima, onde se realçam, com mestria, “episódios inspiradores e reveladores” do que o Desporto tem de mais significativamente humano; e um opúsculo, de que sou autor, que se intitula Para um Desporto do Futuro. Deixo aí as palavras que proferi (ou queria proferir), nesta cerimónia…
Se durante cinco séculos vivemos sob o império da palavra impressa, ou seja, sob o signo do que Marshal McLuhan chamou a galáxia de Gutenberg, somos hoje governados e mais seremos no futuro pela galáxia Marconi que dá especial relevo aos meios audiovisuais, em desfavor da letra de forma. Por isso, são já muitos os que anunciam o ocaso, ou pelo menos a secundarização, do livro e da própria literatura. Entrámos assim em mais uma “idade de ouro da sofística”, onde o que se procura não é a Verdade mas as audiências, não é o sentido mas a reificação, não é a força anímica criadora de tempo e de história, mas o confuso e o difuso de quem, manipulado, perdeu a vontade de pensar.
O trabalho editorial do I.P.D.J., sob a orientação superior do Senhor Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Dr. João Paulo Rebelo, e preparado pela inteligência, pela diligência, pela constância no combate a antigas indiferenças e prevenções – o trabalho editorial do I.P.D.J., organizado e proposto pelo Dr. Augusto Baganha e pelo Dr. José Lima, bem merece uma inapagável dívida de gratidão do desporto português. Aos Drs. João Paulo Rebelo, Augusto Baganha e José Lima, não basta dizer “obrigado” e logo esquecê-los, porque fazer cultura, através do desporto, e entender o lugar da cultura no desporto só raros o têm feito, no nosso desporto. A presença, nesta cerimónia, do Dr. Miguel Real, um dos mais esclarecidos e fecundos escritores e filósofos portugueses do nosso tempo, que teve a bondade de prefaciar, a convite do Dr. José Lima, responsável pelo PNED/IPDJ, um despretensioso opúsculo da minha autoria, é bem o sinal de que na Secretaria de Estado, em que o Dr. João Paulo Rebelo superintende, não há Desporto sem Cultura, nem Cultura sem Desporto.
Senhor Dr. Miguel Real, o seu prefácio no meu livrinho Para um desporto do futuro significa, para além de uma tocante manifestação de amizade pelo mais humilde dos seus admiradores e amigos, que sou eu, que a cultura humanista e a cultura científica, ainda que surjam como duas energias diversas e independentes, encontram-se quase instintivamente associadas no patrocínio e amparo do mesmo desenvolvimento humano. Pela doutrina e pelo exemplo, Miguel Real é, superlativamente, um humanista. E o que é o Desporto, segundo o pensar desse mestre da sinopse que foi Pierre de Coubertin, senão um autêntico humanismo? Senhor Dr. Miguel Real, tenho a certeza que todos nos sentimos honrados, com a sua presença, aqui e agora. Ao Senhor Dr. José Ribeiro, director da Apuramento, a editora das publicações do I.P.D.J., quero agradecer a paciente compreensão pelas minhas incursões corretoras e reformuladoras, no texto inicial. Muito obrigado, Senhor Dr. José Ribeiro. No Livro I dos seus Ensaios, Montaigne escreveu: “Não se forma uma alma, nem um corpo, mas um homem; não deve estudar-se, separadamente, o corpo e a alma”.
Por isso, fazer desporto não é só competir fisicamente, mas competir fisicamente e… com valores de forte pendor antropológico! Não há ciência axiologicamente neutra, porque a sua “ultima ratio” é sempre política. Os problemas humanos não se resolvem, unicamente, dentro de uma racionalidade analítico-causal O ser humano não é só quantitativamente descritível, ou seja, mensurável. Há por aí metro, ou balança, que possam medir a bondade e a generosidade e o amor? Despontam em nós duas realidades que não podem reduzir-se uma à outra, numa palavra só: são irredutíveis. O biológico e o cultural têm a mesma original e enigmática fonte, mas não são a mesma coisa. Assim o pensam a rádio Antena 1, o Record e A Bola, ao nosso lado neste momento, nas pessoas ilustres dos seus directores, e sempre enraizados na luta em defesa dos valores pedagógicos do Desporto.
Continuam vivas as palavras de Shakespeare, no Hamlet: “Há mais coisas, no céu e na terra, Horácio, para além da tua filosofia”. E assim o desporto é mais do que desporto. Há em nós, permanentemente, o desejo de um bem ausente. Por isso, esperamos. A mulher e o homem são seres em permanente espera. De quem?... Esta é a interrogação derradeira de cada um de nós. Não admitir a resposta a esta interrogação é roubar todo o sentido que a vida possa ter. Pelo simples facto de vivermos, uma pergunta nasce imparável do mais fundo do nosso ser: por quem esperamos quando não temos ninguém por quem esperar?... Há, com certeza, uma Razão, para além de todas as razões particulares. Para viver intensamente o Desporto, é preciso também um trabalho físico e um trabalho psicológico e um trabalho ético e uma grande crença onde tudo o que é Desporto encontre sentido. O conhecido lema Citius, Altius, Fortius (mais rápido, mais alto, mais forte), da autoria do Padre Henri Didon, amigo inseparável de Pierre de Coubertin, tinha, “in illo tempore”, um sinal de esforço, de transcendência física e espiritual.
No jornal Marca, de 20 de Setembro p.p., podia ler-se, a propósito do último Barcelona 6 – Eibar 1, “Leo Messi não conhece limites”. Mas, a que limites se refere o jornal? Eu, que vi jogar Di Stéfano, Puskas, Kubala, Pelé, Maradona, Garrincha, Didi, Cruyff, Eusébio, etc., etc., e que portanto admirei o seu talento futebolístico de raro quilate, não sei se a sua prática futebolística (e não tanto por culpa deles, reconheço) enriqueceu o património axiológico que subjaz à prática desportiva. O Desporto deve ajudar ao nascimento, no praticante, de um homem novo e, na sociedade, de uma sociedade nova. No Desporto, é preciso ser tão pedagógica e moralmente ambicioso como se é, ao nível da eficácia, no treino e na competição.
Há 50 anos menos um, a convite do Dr. Armando Rocha, director-geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar, e amigo que não esqueço, por muitas e fundadas razões, fui nomeado responsável pelo Centro de Documentação e Informação do Fundo de Fomento do Desporto, que editava uma revista intitulada Ludens. Com a sua voz calma, mas sempre viva e tocante, disse-me ele: “Nunca deixe de escrever, em todos os números da Ludens. O desporto português necessita de rumos arejados e novos”. Com uma obra vasta, variada e sempre notável, como director-geral dos Desportos, Armando Rocha, em Outubro de 1968, considerava um serviço inestimável propor, para o desporto português, “rumos arejados e novos”. É o que eu pretendo fazer, quer nas minhas conversas fraternas com amigos (e alguns deles aqui estão nesta cerimónia), quer nas minhas palestras e nos meus escritos. Penso que da Escola e da Universidade não deverão sair tão-só especialistas de uma ciência ou de uma profissão, mas pessoas com uma educação, ou seja, com valores, que os forme e os informe durante a vida toda. Repito-me: uma Actividade Física, sem valores, não é desporto. O esplendor supremo e incorruptível do Desporto está na sua segunda natureza, resultante de um constante treino moral.
O Desporto é competição? Sem dúvida! Mas não só com outros desportistas, também connosco mesmos. A maturidade ou maioridade do desporto português não poderá alcançar-se com um dirigismo desportivo que sabe muito de finanças e não sabe nada de desporto. No caso específico do futebol, a alienação é tão visceral e consubstancial a uma certa imagem que certos clubes dão de si mesmos, que já se torna irrespirável a violência verbal de algumas pessoas. Oxalá a edição do livro Move-te por Valores e do opúsculo da minha autoria possam contribuir, integrados na política do PNED/IPDJ e com o inestimável apoio da rádio Antena 1, do Record e A Bola, a que alguns “agentes do futebol” abram os olhos, embora o seu profundo interesse em conservá-los fechados."