sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Sinto-me seguro

"Ele há coisa do diabo. Associar o estádio da Luz a qualquer questão relacionada com segurança remete-nos unicamente para a excelência das suas condições. Não tem fosse no qual poderão cair adeptos, por exemplo. Ainda recentemente foi escolhido pela UEFA para a realização de uma final da Liga dos Campeões e é, como se tem observado, o palco preferencial da Federação Portuguesa de Futebol para as partidas da sua selecção. Não é, no entanto, à prova de comportamentos de gente transtornada psicologicamente, como os pirómanos. Menos ainda se esses, ao satisfazerem o seu desejo de provocarem incêndios, não sejam minimamente criticados pelos dirigentes do seu clube. Nem tão pouco se revela eficaz perante a actuação, vá lá, musculada do primeiro bate, depois pergunta, de um tipo de polícia que, de quando em vez, dispara para o ar e atinge quem, por ser homem, está impossibilitado de voar. Ou mesmo a um nível de muitíssima menor gravidade, como num caso passado comigo, pacato cidadão pagador dos meus impostos e que até me barbeio com alguma regularidade (embora menor que a desejada por mãe e namorada), que por ter andado distraidamente junto a uma chamada linha de segurança, fui empurrado e insultado por um troglodita fardado e armado, por certo instruído para se situar acima da lei para fazê-la cumprir.
Mas parece que se fala de claques... De uma vez por todas: os benfiquistas que assistem aos jogos nos sectores geralmente conotados com claques são sócios do Benfica com as quotas em dia e detentores de lugar cativo, vulgo Red Pass. Desde quando é que o direito à livre associação se tornou numa obrigatoriedade?"

João Tomaz, in O Benfica

Faz de conta

"Imaginem que tenho 21 anos, metade do que vem no meu Cartão do Cidadão. E que sou argentino, sérvio ou chinês, com futuro garantido como jogador de futebol. Lá estou eu, no clube da minha terra e surge e possibilidade de jogar em Portugal. Em cima da mesa tenho três propostas.
A primeira é a de uma equipa que não é campeã há 15 anos e que nos últimos 40 ganhou quatro. É praticamente invisível nas competições europeias, tem um pequeno estádio com cerca de 50 mil lugares e a actualidade marcada por graves dificuldades financeiras camufladas por um presidente e uma direcção obcecados com o rival histórico que nunca conseguirá igualar.
A segunda é de um clube dirigido pela mesma pessoa há 35 anos, que já teve os seus momentos de glória no tempo em que a corrupção no futebol fazia parte do dia-a-dia. É um clube sem rumo, que nada ganha há quatro anos e que esbanjou o dinheiro nos bons negócios que fez num saco sem fundo que em os adeptos entendem para onde terá ido. É uma equipa cuja única estratégia é evitar que o rival da capital portuguesa seja campeão.
A terceira proposta que recebo é do tetracampeão nacional português, a equipa com mais títulos e adeptos, com o maior estádio, com um centro de estágios de onde saem todos os anos pérolas para os outros grandes clubes europeus. O clube é um caso de estudo a nível internacional pela sua política de desenvolvimento desportivo e financeiro. E só se preocupa consigo.

Tenho que tomar uma decisão: vou assinar pelo líder da bazófia, pelo campeão dos jogos da pré-época ou por quem ganha a sério?"


Ricardo Santos, in O Benfica

Ganhar!

"Agora sim, é a valer.
O Benfica tem, diante de si, a possibilidade de conquistar o primeiro troféu da temporada - a acontecer, será o 12.º dos últimos 16 disputados -, e com isso marcar desde já posição na grelha de partida da corrida ao 'Penta'.
Esta  não será uma época qualquer. Espera-nos um combate duríssimo, no qual os adversários vão socorrer-se de todos os meios (ilícitos ou não) para nos derrubar. A campanha de intoxicação mediática e condicionamento da arbitragem já arrancou, e não vai parar.
Neste contexto, a implementação do sistema de vídeo-árbitro até poderá ser benéfica. Enquanto benfiquista, acredito que ela possa construir uma barreira face a arbitragens que, nesta conjuntura específica, se sintam condicionadas ou pressionadas por todo o barulho em seu redor. Já enquanto adepto do futebol em sentido lato, coloca as maiores reticências a uma mudança que, impondo paragens e quebras de ritmo, ameaça tirar fluidez aos espectáculos - não garantindo, por outro lado, que a polémica e a discussão em torno dos lances mais duvidosos cessem.
Independentemente disso, devemos preocupar-nos sobretudo com nós próprios. Foi assim que chegámos a 'Tetra'. E assim chegaremos ao 'Penta'.
Continuamos a dispor de um plantel de luxo, de uma equipa técnica de excelência, e de todas as condições estruturais para nos superiorizarmos à concorrência. Até final de Agosto é natural que haja um ou outro ajustamento. Mas a espinha dorsal da equipa campeã permanece por cá, o que desde logo nos dá garantias.
Vamos então entrar em 2017-18 da mesma forma que saímos de 2016-17: com um troféu nas mãos."

Luís Fialho, in O Benfica

Seixalão

"Aquilo por que todos ansiávamos concretizou-se - o Presidente Luís Filipe Vieira apresentou publicamente as novas obras e o novo investimento na nossa Academia de Futebol. O Seixal será, cada vez mais, a âncora do Sport Lisboa e Benfica do futuro. Basta olharmos atentamente para os jovens jogadores 'made in Benfica' que, neste momento, integram o plantel da nossa equipa principal.
Bruno Varela (vai para a 10.ª época no clube), Aurélio Buta (7.ª época), Pedro Pereira (8.ª época), Rúben Dias (10.ª época), André Horta (9.ª época), João Carvalho (9.ª época) e Diogo Gonçalves (10.ª época) são sete bons exemplos. Já para não falar em outros quatro jovens muito promissores que têm treinado com a equipa A - Francisco Ferreira ('Ferro'), Pedro Rodrigues ('Pêpê'), Heriberto Tavares e José Gomes, sendo que este ultimo, na época passada, alinhou em 5 jogos pela equipa tetracampeã, destacando-se a sua estreia na Champions e os 3 jogos na Liga. Além dos 90 minutos num dos jogos da campanha vitoriosa da Taça de Portugal.
A estes jovens talentos teremos que elencar os nossos dez embaixadores - João Cancelo, Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro, Hélder Costa, André Gomes, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Ederson, Lindelof e Nélson Semedo.
Estes 21 exemplos provam que o caminho traçado por Luís Filipe Vieira é o caminho certo. Todos gostamos de olhar para os títulos conquistados. São já 11 os Campeonatos Nacionais conquistados (1 de Juniores, 4 de Juvenis e 6 de Iniciados) desde 2006/07. Quantos aos títulos distritais... são tantos que já lhes perdi a conta! Já para não falar nos dois títulos de vice-campeão europeu de Juniores."

Pedro Guerra, in O Benfica

O mercado do futebol está louco mas não é para jovens

"A propósito de declarações de Xavi Hernández, antigo jogador do Barcelona e um dos seus melhores executantes no meio-campo. Xavi afirmou: " o Barcelona, actualmente, não tem jogadores juvenis que crescem no clube e chegam à equipa principal, como foi o meu caso, o de Messi e de Iniesta.
A resposta do presidente do Barcelona, Josep María Bartomeu não deixou de ser curiosa e interessante: " o problema é Xavi, Iniesta e Messi. É difícil ser jogador e ter que enfrentar Leo Messi, Neymar, Xavi, Iniesta, Busquets ou Piqué. É muito complicado estar numa equipa assim".
Não deixa de ter razão. Durante os anos que jogou Xavi, no Barcelona, houve 15 jogadores jovens que jogaram na sua posição e tiveram que abandonar o Barcelona.
O verdadeiro problema é a falta de oportunidades dos jogadores mais jovens e a aposta dos treinadores. A coragem para o fazer é complicada. Os clubes preferem o imediatismo e os resultados. 
Zidane, o ano passado fez rotações de jogadores e deu oportunidades a muitos jogadores novos. Resultou, foi benéfico para quem é mais novo e tornou-se uma mais-valia em termos desportivos e económicos. Jogadores como Isco, Nacho, Asensio, Lucas Vazquez.
O problema dos jogadores jovens, uns formados nas camadas jovens, outros que chegam de novo, é ficarem sem hipóteses e procuram ter mais minutos e jogarem.
O busílis é dos jogadores vedetas que têm uma enorme influência no balneário. Por outro lado, não há rotação de jogadores, os que têm estatuto de titulares querem jogar sempre.
O poder de um balneário com figuras deste calibre é abismal. Recordo-me o que Ronaldo passou para ser aceite como titular na selecção nacional com vedetas como Figo, Rui Costa e Fernando Couto.
Os jogadores têm peso e poder em muitas das decisões desportivas, económicas e estratégicas de um clube. Os jogadores mais caros gozam da influência de empresários junto do treinador e até do presidente para jogarem e fazerem parte das convocatórias.
É muito complicado para um jogador jovem, indefeso com um baixo salário bater-se com os grandes do futebol.
Cada vez mais é preciso regular o mercado e estipular valores decentes para os jogadores. Como se vê com Neymar, uma cláusula de rescisão não é um obstáculo intransponível.
Repare-se que Neymar vai para o PSG e não se fala em colmatar a sua saída com um jogador jovem ou feito na casa. Já se fala em Hazard, Griezmann ou Coutinho, como alternativa, e o pior, a qualquer preço. Uma das formas de proteger os jogadores jovens era exigir um número mínimo desses jogadores numa equipa principal fossem formados nas camadas jovens do clube, ou não.
A culpa é dos jogadores e de quem os rodeia. O mercado do futebol está louco mas não é para jovens."