sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Faz de conta

"Imaginem que tenho 21 anos, metade do que vem no meu Cartão do Cidadão. E que sou argentino, sérvio ou chinês, com futuro garantido como jogador de futebol. Lá estou eu, no clube da minha terra e surge e possibilidade de jogar em Portugal. Em cima da mesa tenho três propostas.
A primeira é a de uma equipa que não é campeã há 15 anos e que nos últimos 40 ganhou quatro. É praticamente invisível nas competições europeias, tem um pequeno estádio com cerca de 50 mil lugares e a actualidade marcada por graves dificuldades financeiras camufladas por um presidente e uma direcção obcecados com o rival histórico que nunca conseguirá igualar.
A segunda é de um clube dirigido pela mesma pessoa há 35 anos, que já teve os seus momentos de glória no tempo em que a corrupção no futebol fazia parte do dia-a-dia. É um clube sem rumo, que nada ganha há quatro anos e que esbanjou o dinheiro nos bons negócios que fez num saco sem fundo que em os adeptos entendem para onde terá ido. É uma equipa cuja única estratégia é evitar que o rival da capital portuguesa seja campeão.
A terceira proposta que recebo é do tetracampeão nacional português, a equipa com mais títulos e adeptos, com o maior estádio, com um centro de estágios de onde saem todos os anos pérolas para os outros grandes clubes europeus. O clube é um caso de estudo a nível internacional pela sua política de desenvolvimento desportivo e financeiro. E só se preocupa consigo.

Tenho que tomar uma decisão: vou assinar pelo líder da bazófia, pelo campeão dos jogos da pré-época ou por quem ganha a sério?"


Ricardo Santos, in O Benfica

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