sexta-feira, 2 de junho de 2017

Vantagem...

Corruptos 70 - 73 Benfica
(0-1)
19-13, 16-19, 22-22, 13-19

Jogo nivelado por baixo, típico destes momentos... muita ansiedade, mas no final, venceu o Benfica! Aliás, como tem sido habitual, esta época, nos confrontos directos!

'Regresso' do Hollis a um nível aceitável, é fé nos Triplos (com destaque para o Barroso)! Também gostei do Barber no jogo interior (a zona onde os Corruptos podem ter alguma vantagem...)! Os minutos que o Oliveira tem ganho nos últimos tempos, também têm sido importantes, nem que seja para desestabilizar a defesa adversária!

Apesar desta excelente arranque, nada está decidido... O factor casa, é 'subjectivo', como se viu hoje, é importante manter a concentração no máximo...

«Foi uma ano de superação»


"- Tetracampeonato e Taça de Portugal conquistados. Apesar das lesões que sofreu e de não ter jogado tanto como noutros anos, foi a melhor época no Benfica?
- A melhor época penso que não, porque esta lesão também atrapalhou um pouco em relação ao número de jogos. Creio que a minha segunda temporada foi brilhante. Joguei praticamente todos os jogos e foi um ano em que me senti muito bem fisicamente, sem lesões. Este ano foi de superação para mim, pelos momentos que passei, pelas lesões que tive, graves e complicadas. A superação marcou esta época para mim, mas foi importante porque recuperei e pude contribuir de alguma forma ao longo da temporada.

- O que é que tem a dizer aos que afirmam que o Benfica não foi um justo campeão? Os rivais, por exemplo, queixaram-se várias vezes ao longo da temporada de que o Benfica era favorecido pela arbitragem...
- Não tenho de dar resposta a ninguém. Se analisarmos toda a temporada, o Benfica, desde o início, esteve sempre em primeiro. Tivemos sempre esta liderança e acabámos por conquistar três títulos. A nossa campanha foi indiscutível e fizemos um trabalho bem feito. Nos últimos anos, o Benfica tem mostrado a sua força e o trabalho bem feito tem dado resultado. Estamos felizes pelos objectivos que estão a ser cumpridos.

- Como é que a equipa conseguiu superar os problemas que foram surgindo, principalmente com as lesões? A união entre os jogadores foi importante?
- Foi, principalmente, pela estrutura do clube. Tudo o que está lá para um jogador é de um nível muito elevado. Isto dá tranquilidade a quem passa por estes períodos complicados. Em todos estes processos por que um jogador passa quando está lesionado, há profissionais de altíssimo nível. Falo da estrutura, da equipa médica, fisioterapeutas, recuperação, nutrição e fisiologistas. Ficamos chateados por ter lesões, mas é natural que numa época com muitos jogos isso aconteça. Mas a estrutura dá-nos tranquilidade, pois sabemos que na hora certa vamos voltar bem, até melhor.

- Pode dizer-se que o jogo do título foi mesmo o de Vila do Conde, com o Rio Ave?
- É complicado falar num jogo apenas, sendo que o campeonato tem 34 jornadas. Houve vários momentos em que mostrámos que estávamos fortes para ser campeões e o jogo no campo do Rio Ave foi um deles. É lógico que quanto mais perto do final, mais a tensão aumenta e os pontos ficam difíceis de conquistar. Houve vários jogos em que o Benfica mostrou poder e que seria possível conquistar o tetracampeonato.

- Em Moreira de Cónegos houve outra situação polémica: foi acusado por Diego Ivo de ter afirmado que o Moreirense devia descer de divisão. Como é que responde a esta acusação?
- Aquilo foi uma falta de respeito dos jogadores do Moreirense. Fiquei um pouco chateado com a forma como o jogo acabou e eles fizeram algumas coisas fora das regras do jogo. Quando acabou falei com ele para que não voltasse a fazer aquelas coisas.

- Houve alguns jogos nos quais pareceu mais nervoso. Sentiu-se provocado pelos adversários?
- É normal, mais ainda com o campeonato a aproximar-se do fim. Aí, a tensão aumenta e as provocações existem. Cabe-me ter um pouco mais de tranquilidade para não entrar nesse jogo e para não me prejudicar e à equipa. Consegui não prejudicar a equipa, basta ter mais tranquilidade nestes momentos que fazem parte do futebol.

- Que importância teve Rui Vitória nestes últimos dois anos?
- Quando chegou do V. Guimarães, tínhamos expectativa muito grande por ser um treinador que queria muito vencer aqui e ter a oportunidade de gerir uma equipa como o Benfica. Lembro-me do discurso dele no primeiro dia como se fosse hoje. Disse-nos isto: 'A maior parte dos que estão aqui já foram campeões e eu não fui.Quero muito ser campeão e pegar já este gosto de vencer.' Ele tem feito isso a cada dia, a cada temporada. É um treinador que conhece muito o futebol, tem muitos conhecimentos, estuda muito os adversários e faz um trabalho diário muito interessante. Estamos todos satisfeitos e felizes por estarmos a trabalhar com um pessoa como ele que chegou a um grande para mostrar trabalho e valor. Torcemos para que continue a ter sucesso no Benfica durante muitos anos.

«Presidente tem de vender para diminuir a dívida»
- Nélson Semedo, Grimaldo e Lindelöf são jovens com muito mercado. Seria benéfico para eles continuarem mais uma época?
- Se dependesse de mim dizia-lhes para ficarem, pois são jogadores de qualidade, já têm o ADN do Benfica e já conquistaram coisas importantes com o clube. Mas sabemos que o factor financeiro pesa muito em relação aos outros países. O clube precisa de vender, é uma política do presidente também para diminuir a dívida. Até já falou isso connosco em conversas diárias que temos sobre esse objectivo dele, que passa por vender jogadores que saem da formação. De certeza que estão todos prontos. Lindelöf, Nélson Semedo, Ederson, Grimaldo… São muitos os jogadores do plantel que têm dado respostas muito boas, e, sem dúvida nenhuma, os grandes clubes europeus não deixam passar estas oportunidades. É natural que isso aconteça, porque o Benfica também precisa de fazer estas vendas. 

- Ederson está de saída para o Manchester City. Surpreendido pela qualidade demonstrada? E acha que tem potencial para ser o futuro guarda-redes do Brasil?
- O Ederson chamou a minha atenção quando ainda estava no Rio Ave, num jogo que fizemos em Vila do Conde na minha primeira temporada aqui. A qualidade do jogo com os pés, a tranquilidade na saída de bola... Enfim, quem sou eu para falar das características de um guarda-redes, mas percebi logo que era diferente. Tem crescido muito no Benfica. Mostrou tranquilidade e uma maturidade impressionante para um jogador desta idade. Substituiu o Júlio César, um jogador consagrado, quando ele sofreu uma lesão complicada. Assumiu o lugar, assumiu bem e torcemos pela felicidade dele. Vai para um clube que tem um treinador cujo estilo é muito parecido com o estilo dele de jogo. O Ederson é um guarda-redes, mas é muito técnico com as mãos e com os pés. Está em boas mãos e vamos torcer pelo sucesso dele. Falando na selecção, creio que, se mantiver o nível no Manchester City, é um dos favoritos para ser o titular do Brasil.

- Júlio César viveu uma temporada diferente, não jogando tanto. Como acompanharam esta época dele?
- O Júlio é um jogador consagrado, que ganhou tudo. Esteve muitos anos em Itália e a representar a selecção brasileira. Todos conhecem a carreira dele. Aqui no Benfica teve um período muito bom logo no início, no primeiro ano. Depois teve uma lesão complicada que o deixou fora quatro ou cinco meses, e foi aí que o Ederson assumiu o papel de titular, com Rui Vitória a mantê-lo esta época. Mas o papel do Júlio foi ainda mais importante, pois participou muito no crescimento do Ederson, ajudou muito o menino, dando-lhe muita tranquilidade. Pela qualidade do Júlio podia ser uma sombra ou dar-lhe muita pressão, mas esteve sempre disposto a ajudar o Ederson. Teve um papel importante, também pela experiência e pela qualidade que tem. Não jogou muitos jogos, mas foi muito importante fora do relvado por tudo o que nos passou."

- Qual foi o momento mais complicado durante a recuperação do pé direito? Os seus colegas tentaram sempre apoiá-lo...
- Foram todos importantes, desde a família, aos meus companheiros e até ao staff do Benfica. É complicado, porque tinha feito dois anos maravilhosos e no terceiro ano comecei a temporada com uma lesão grave. Depois ainda tive um problema na cervical e isso foi adiando o meu regresso. Mas tive tranquilidade, paciência e trabalhei muito. Também foi uma aprendizagem para mim e o mais importante foi ter voltado bem. Contribuí de alguma forma, juntamente com os meus colegas, e terminar a época a vencer estes títulos deixou-me muito feliz. Agradeço a todos no Benfica e aos meus familiares porque, apesar do período difícil, a forma como isto terminou deixou-me muito feliz.  
- Temeu que a paragem viesse a ser mais demorada? Houve uma altura que já se treinava no relvado, mas com cuidados…
- Fiquei preocupado, porque a lesão que tive no tornozelo foi muito grave. Foi a pior que já tive. Já me lesionei nos ligamentos cruzados, e até parei seis meses, mas não se compara com esta no tornozelo. Foi uma infecção e o departamento médico, com o doutor António Martins, teve de agir muito depressa. Foi uma coisa muito grave e poderia prejudicar-me no futuro. Foram três ou quatro meses parado e não esperava. Na primeira lesão, depois de duas ou três semanas, já estava disponível. E até joguei contra o Nacional. Mas, com a infecção, fui muito prejudicado e fiquei mesmo muito preocupado. Mas, com tranquilidade, com a ajuda do doutor António Martins e do Bento Leitão, fui recebendo todas as indicações. Nas primeiras semanas foi muito à base de antibióticos, e só depois iniciámos a fisioterapia.

- O departamento médico foi colocado em xeque, com a sua situação e com o grande número de lesões...
- Essas críticas foram muito injustas. As pessoas ‘pegaram’ muito forte com o departamento. Fiquei muito triste e foi por isso que, depois de voltar da lesão, citei muitas vezes o departamento médico. Foram fundamentais, deixaram-me tranquilo em relação às graves lesões.

- Foi importante o apoio da Susana Torres, que também já tinha ajudado Éder, na fase final da época?
- Conhecemo-nos melhor agora, mas é algo mais pessoal e só posso dizer que estou feliz.

«Voltar à selecção é o meu objectivo»
- A selecção do Brasil continua a ser um objectivo? Para o Mundial’2018?
- É o meu objectivo. Sei que é difícil estar lá, ainda mais agora com o Tite. Mesmo entre nós, jogadores que estão na Europa, comentamos uma única frase: ‘O Brasil voltou.’ Hoje, o Brasil é candidato a ser campeão na Rússia. Tite acertou, é um treinador com grande conhecimento. Mas a selecção é o meu objectivo, apesar de haver poucos jogos de qualificação até lá. Como o Brasil já está apurado, pode ser que ele faça alguns testes, mas também não vai mudar muito. Não deixa, porém, de ser um objectivo meu e, enquanto houver esperança, vou trabalhar para voltar. Fazendo uma época muito boa no Benfica, as hipóteses são boas porque estou num clube fantástico.

- Acredita que a Selecção portuguesa tem uma palavra a dizer na Taça das Confederações?
- Torci muito por Portugal no Europeu! Como se fosse português! Depois da fase de grupos, então, foi demais! Hoje, vejo Portugal como favorito, assim como a Alemanha, Brasil e mais uma ou duas selecções. Portugal está com um lote muito bom de jogadores, ganhou confiança com esta conquista do Euro’2016 e isso é importante para dar seguimento na Taça das Confederações e, depois, no Mundial’2018.

«Nuno disse-me que a decisão era da direcção»
- A época também ficou marcada pelos duelos com o FC Porto, e a verdade é que, na Luz, aconteceu aquele choque com Nuno Espírito Santo, que deu origem a alguma polémica pela sua saída ter coincidido com a entrada dele no Valência. Falou com o Nuno quando ele chegou ao clube espanhol?
- Sim, tive um contacto muito rápido com ele. Quando me apresentei no Valência já sabia que não ia ficar no plantel. Quando cheguei, o Nuno já era o treinador. Chamou-me ao gabinete dele para me dizer que era uma decisão da direcção mas que ia treinar normalmente até ficar com o futuro decidido. Foi mais uma conversa nesse sentido e eu acabei pro ficar mais duas ou três semanas. Até porque me apresentei depois dos outros jogadores que iam ficar no plantel. Essa decisão já tinha sido tomada durante as minhas férias no Brasil e, por isso, estivemos juntos durante pouco tempo. Depois ele seguiu a vida dele no Valência e eu segui a minha aqui. Foi muito bom ter vindo para o Benfica.

- E no Estádio da Luz, teve oportunidade de falar com ele depois daquele choque?
- Acho que é normal estas coisas acontecer no futebol. Sabia que isso ia ter uma repercussão muito grande até pelo facto de muitos pensarem que foi por ele que não fiquei no Valência. Não teve nada a ver. Já sabia que iam falar muito disto, mas estou tranquilo. Faz parte do futebol. Falei com ele depois do jogo. Estava próximo do túnel, o Nuno chamou-me e disse-me: 'Jonas, posso dar-te a mão?' Eu disse que sim, apertámos a mão e cada um foi para o seu balneário.

«Diminuir os erros é importante»
- O video-árbitro estreou-se oficialmente nesta final da Taça de Portugal. É a favor destas tecnologias? O que é que sentiu, em particular naqueles momentos em que o árbitro conversava com os seus assistentes do vídeo-árbitro?
- É diferente, é diferente... Mas, se analisarmos, assim é mais justo. Todos têm falado muito nisto, mas é importante que não se perca muito tempo no jogo. Na final da Taça de Portugal houve até um lance em que o árbitro ficou ali à espera para perceber se marcaria penálti a nosso favor ou não, ou se tinha sido um lance normal. Depois tivemos a oportunidade de ver pela televisão e foi mesmo um lance normal, em que a bola bate na mão do jogador do V. Guimarães sem intenção. Aí segue o jogo. Creio que será mais justo e diminuir os erros é importante para todas as equipas.

«João Félix tem tudo para mostrar potencial»
- A equipa tem perdido jogadores influentes, como Renato Sanches e Gaitán, mas, mesmo assim, manteve a qualidade e conquistou títulos. Qual foi o segredo?
- O planeamento que o Benfica tem feito nos últimos anos. A primeira figura é a do presidente, que tem mudado a história do clube. Há uns anos, o clube não ganhava tantos títulos em relação aos rivais e, agora, voltou o Benfica que todos conhecem. Esse planeamento tem dado certo e, independentemente dos jogadores que têm saído, já há ali sombras, no plantel e também na formação. Hoje há muitos jogadores na formação que têm tudo para dar certo e para serem como Renato Sanches, Nélson Semedo ou Ederson. O Benfica tem trabalhado muito nisso e tem ganho títulos na formação, também. Com o planeamento em relação a essas perdas importantes, não temos sentido muito e a verdade é que antes de eles saírem já se trabalha os jogadores que vão substitui-los.

- E quem é a sua sombra no Benfica?
- É difícil falar, mas hoje temos um jogador que, pelo pouco que já treinou connosco... Mas, por favor, não quero que coloquem pressão no menino! Falo do João Félix, que é um jogador que tem tudo para mostrar o seu potencial aos adeptos do Benfica, não apenas em Portugal mas também na Europa. É um menino que tem enorme qualidade, frieza e potencial muito grande com a bola nos pés. Torcemos para que ele e outros jogadores tenham sucesso no Benfica.

- O José Gomes também já trabalhou com o plantel principal esta época. Vê nele potencial para ser o futuro titular do Benfica e de Portugal?
- O Zé é um menino querido por todos nós. Joga numa posição diferente em relação ao Félix, que vem mais de trás. O Zé é aquele ponta-de-lança que está próximo da área. Remata muito bem e tem tranquilidade e frieza, que são características muito importantes para uma avançado. Tem uma força física... A idade ajuda, mas ele é muito forte fisicamente. Tem as características de um jogador moderno e penso que tem tudo para estar integrado no grupo a ajudar-nos em pouco tempo.

«Seferovic vai ajudar-nos bastante»
- E está preparado para o concorrência de Seferovic na próxima temporada?
- Fiquei a saber há pouco tempo que o Benfica contratou esse jogador, mas penso que vai ajudar-nos bastante. É internacional estava a jogar numa liga competitiva como é a alemã. É importante termos grandes jogadores connosco para somarmos e para continuarmos o nosso caminho para conquistar títulos.

- Hermes chegou em Janeiro numa perspectiva de futuro. Pelo que já conhece dele, vê-o com capacidades para, no futuro, poder ser titular no Benfica?
- É um jogador muito intenso, tem um cruzamento muito interessante e pega muito bem na bola. Mostrou isso no Grémio. É muito rápido, tem uma grande força física e explora muito bem essas características. Aos poucos tem-se adaptado, porque as diferenças são muito grandes, principalmente ao nível da táctica. Aqui é muito diferente do Brasil e, aos poucos, ele vai aprendendo. Em pouco tempo vai jogar com mais frequência e vai dar bons resultados à equipa.

«É difícil deixar o Benfica nos próximos dois anos»
- Confirmou ter recebido propostas da China. Por que motivo recusou?
- Na verdade temos recebido algumas sondagens e propostas de clubes da China, mas a minha felicidade aqui resume tudo. Quando cheguei ao Benfica queria muito ficar bastante tempo no clube e marcar o meu nome na história, ganhando prémios colectivos e individuais, e isso tenho conseguido. A felicidade não tem preço. Sou muito grato ao clube, amo este país e estou muito adaptado. A minha família pensa muito no bem-estar e como seria na China, onde a cultura é totalmente diferente. A minha felicidade, hoje, é aqui.

- Se voltarem a colocar-lhe uma oferta milionária em cima da mesa coloca essa hipótese?
- Penso cumprir o contrato, que renovei por dois anos. Chegaria ao fim com 35 anos. Mas, no futebol não podemos dar as coisas como garantidas. Só sairia se aparecesse alguma coisa importante para o clube e para mim. É muito difícil deixar o Benfica nos próximos dois anos.

- Qual é o seu papel junto dos mais jovens?
- Procuro passar experiência nos momentos mais delicados da época, falando com eles dentro e fora de campo.

«Já conheço todos os atalhos da Luz»
- Soma 85 golos em 111 jogos pelo Benfica, mais do que em outro clube onde jogou. O que encontrou de especial na Luz?
- Encontrei tudo aqui! Temos tudo, não apenas os jogadores, mas também as famílias. A minha mulher e a minha filha ficam doidas por ir ao Estádio da Luz. E dentro de campo encontrei pessoas fantásticas. Sempre penso que teria de conhecer este clube, porque nunca imaginei viver o que tenho vivido aqui. Trabalha-se muito uma palavra que está sempre comigo: humildade. Isso fez com que eu tivesse uma ligação muito forte com o Benfica, pois vejo no clube características que levo para a minha vida. Características implementadas pelo presidente. Isso ajudou-me bastante e, em campo, os meus companheiros também ajudam e isso deixa a bola fácil para os golos. São números que me deixam muito contente e arrisco dizer que nunca tinha vivido isto na minha carreira.

- De todos os golos que marcou esta época, apenas um foi fora, tirando a Supertaça. Encontra alguma explicação?
- É como já disse, o Estádio da Luz é especial, diferente. É lógico que também tenho o objectivo de marcar golos também fora, mas não sei, já conheço todos os atalhos da Luz... O ambiente, os adeptos, que são sempre 50 ou 60 mil, mexem muito comigo.

- Como explica o entendimento que teve com Mitroglou nas duas últimas épocas?
- Sempre gostei de jogar com jogadores que ficam mais próximos da área e que me permitem vir mais de trás. O Mitroglou tem essas características, tal como o Raúl Jiménez, que até é mais móvel. O Mitroglou fica mais próximo do golo e é um belíssimo jogador, com enorme tranquilidade para rematar com o pé esquerdo, cabeça, pé direito. É muito forte no um contra um.

«Todos esperavam mais do Sporting»
- Depois da luta pelo título na última temporada, mesmo até à última jornada, esperava mais do Sporting?
- Acho que todos esperavam mais, até pelo que o Sporting fez na última temporada. Houve saídas de alguns jogadores importantes mas, em contrapartida, contrataram outros. Penso que o Sporting não teve a regularidade que devia para ser campeão e foi por isso que acabou por ter dificuldades para lutar até ao final.

- O FC Porto teve várias oportunidades para se isolar no campeonato. Alguma vez sentiu as coisas tremidas?
- Não, tremida não. Nunca estivemos preocupados, em momento algum, com a possibilidade de perder a liderança ou até o campeonato. Sabemos que houve momentos da época em que poderíamos ter perdido a liderança e ter períodos de maior pressão, mas estivemos sempre focados no nosso trabalho. Era disso que dependíamos e dava-nos tranquilidade e confiança para continuarmos até ao final. Mesmo se perdêssemos a liderança, porque só dependíamos de nós. O principal jogo em que poderíamos ter perdido o primeiro lugar foi antes do clássico, sendo que, depois, jogaríamos esse clássico em casa com o apoio dos nossos adeptos. Tudo poderia mudar de uma jornada para a outra, mas só dependíamos de nós.

- Ao contrário da última época, o Benfica não perdeu nenhum clássico. Isso também foi determinante para a conquista do título, até pela confiança?
- Falou-se muito disso, dos clássicos. No ano passado vencemos apenas um, que foi o principal, pois deu-nos o título. Este ano vencemos, empatámos e acabámos por ser campeões. Não são os clássicos que decidem o campeonato, mas sim a regularidade. O Benfica tem feito isso nos últimos anos e é por isso que tem sobressaído em relação aos rivais.

«Farei tudo para preservar a minha família»
- Preservou sempre a imagem da família. Por protecção?
- Sempre fiz isso. Às vezes uso as redes sociais porque sabemos que hoje em dia faz parte do trabalho. Mas sou muito discreto. Fora de campo, gosto de aparecer o mínimo possível. Gosto de aparecer é dentro de campo. Gosto muito de preservar a minha família e tudo o que puder fazer, farei. É algo meu.

- A sua mulher e as suas filhas já estão adaptadas a Portugal?
- Amam Portugal! Agora, quando vou de férias, a minha filha já diz: ‘Vamos voltar para Portugal!’ Estão muito felizes aqui. Em Espanha também gostávamos muito, mas a minha mulher ficava muito sozinha lá. Aqui, não. Já tem amizades com mulheres de outros jogadores, como a Brenda, mulher do Luisão, a Susana, do Júlio César, ou a Gabriela, do Jardel. E mesmo fora deste meio já têm mais amizades.

- Fora do futebol, é a sua mulher o seu maior apoio?
- Sem dúvida! Ela é que comanda tudo aqui em casa, faz tudo de maneira a que, quando chego dos treinos, esteja tudo pronto para o descanso e para a recuperação. Ou para o passeio, se for o caso.

- Tem um irmão advogado e outro farmacêutico. Quando é que decidiu ser futebolista?
- Na verdade fiz dois anos de farmácia, mas sempre joguei. Depois houve um momento em que tive de optar: futebol ou estudo. Quando fazia uns testes num clube, não ficava porque nunca conseguia ficar longe dos meus pais. Desisti do futebol e iniciei o curso de farmácia. E porquê? Porque nem eu sabia o que queria! Mas pensei que ser advogado implicava muita leitura e, naquela altura, já não gostava muito de ler (risos). Advogado estava arrumado! Mas o meu irmão tinha aberto uma farmácia e comecei a ajudá-lo, a entregar medicamentos. Apanhei o gosto e comecei o curso, mas também vi que não era a minha onda e tinha o sonho de ser jogador. Até que o meu pai, quando tinha 20 anos, ligou para um treinador para ver se podia fazer uns testes. Achávamos difícil, mas comecei no Guarani o meu sonho e foi incrível. Não imaginava tornar-me jogador aos 20 anos. Ainda hoje mantenho contacto com este treinador, sou-lhe muito grato.

Soltas
- Quem é o mais animado do plantel?
- São muitos... Mas hoje diria o Eliseu!

- Quem é o mais sério?
- Temos os meninos... Cervi, Kalaica e Jovic brincam connosco, mas com os mais velhos eles ficam mais na deles.

- Quem é o mais vaidoso?
- São tantos! Pizzi, Samaris, Carrillo, Salvio... Gostam de ser cuidar!

- Quem é o DJ de serviço que escolhe as músicas no balneário?
- Nos últimos tempos era o Samaris, mas até estava a ser criticado porque algumas músicas dele não eram muito boas, principalmente naqueles momentos importantes. Estou a brincar! O Samaris é o nosso DJ e tem-se dado bem.

Águias numa palavra
- Benfica
- O principal clube da minha carreira.

- Rui Vitória
- Um grandíssimo treinador.

- Luís Filipe Vieira
- Mudou, nos últimos anos, a história do Benfica.

- Luisão
- Capitão, liderança, conhecimento e humildade.

- Adeptos
- Incríveis a apoiar sempre a equipa. Fora também mas, para mim, jogar na Luz é algo maravilhoso. Jogar perante 50 ou 60 mil adeptos, que é a média, é gratificante.

- Família
- A minha base. Os meus pais, os meus irmãos, a minha mulher e a minha filha. Somos todos muito unidos e são a base de tudo para mim.

- Golos
- O grande momento no futebol.

- Jonas
- Pessoa alegre, simples, humilde e que procura sempre fazer o melhor para as pessoas que estão à volta."

Entrevista de Filipe Pedras e Pedro Ponte, a Jonas, in Record

Os retalhos de Ederson

"Um brasileiro chega a Portugal aos 16 anos.

Um brasileiro chega a Portugal aos 16 anos. Troca o São Paulo pela formação do Benfica, mostra serviço na baliza, mas não o bastante, pois é cedido ao Grupo Desportivo Ribeirão, equipa minhota do terceiro escalão, que mais tarde desistirá das competições.
Mas é lá que Ederson Santana de Moraes dá nas vistas, já com 18 anos, e vai para o Rio Ave, onde fica três épocas, em crescendo, até voltar ao Benfica nos braços do superagente Jorge Mendes. Ganha espaço na primeira temporada, brilha na segunda e, após ajudar a ganhar quase tudo neste futebol à beira-mar plantado, é transferido por 40 milhões de euros para o Manchester City, com estatuto de segundo guarda-redes mais caro de sempre.
Sendo exemplo de mérito e de evolução, Ederson é também símbolo do futebol moderno. A comunicação do Benfica à CMVM indica que metade da mais-valia do negócio reverte para "terceiros", sem ficar explícito de quanto é a mais-valia e qual é a distribuição entre Rio Ave e Mendes.
Indiferente aos retalhos dos ‘direitos desportivos’, com migalhas para o São Paulo e para a massa falida do Ribeirão, resta a Ederson dedicar-se ao melhor do futebol: jogá-lo bem."

Há quem pense nos jogadores

"Só um ex-jogador para pensar nos jogadores. Rui Costa, apesar de vestir agora o fato de dirigente, não esqueceu as necessidades dos futebolistas de elite e por isso lançou um alerta que, infelizmente, deverá resvalar na indiferença de quem olha para os profissionais apenas como um meio para atingir o fim desejado: ganhar muito dinheiro. Disse o administrador da SAD benfiquista que esta Taça das Confederações não faz qualquer sentido na forma em que está organizada porque implica, em princípio, a impossibilidade dos jogadores terem férias normais durante três anos.
Vejamos: os jogadores que foram ao Europeu, há um ano, tiveram quase todos (houve honrosas excepções) pouco mais de duas semanas de descanso entre a final do evento e o regresso ao trabalho. Vários (a maioria) desses mesmos futebolistas vão passar este ano pelo mesmo, pois os últimos desafios da prova ocorrem quando as equipas (quase todas) já estão a preparar a temporada 2017/18. Significa que os treinadores vão pedir o habitual encurtamento do período de férias. E se Portugal chegar ao Mundial'2018, dentro de doze meses a história repete-se.
Ora, os futebolistas de elite estão quase todos sujeitos a épocas em que têm de fazer perto de 60 jogos (entre clubes e selecções). No final, em vez de descansarem 30 dias, muitos não gozam sequer 20. Bem me podem dizer que eles ganham muito e que só vão trabalhar cerca de 15 anos. Mas isso não alterá o ponto decisivo: sem o devido descanso, o rendimento deles não irá ser o esperado. Basta ver como se arrastam pelos relvados, basta analisar o aumento de lesões. Um exemplo simples, o de Portugal. Vejam os problemas físicos que ao longo deste ano sofreram Pepe, Raphael Guerreiro, João Moutinho, Adrien, Rafa, Nani ou Ronaldo. E por outro lado, o que me dizem dos desempenhos de André Gomes, William, Renato Sanches, João Mário ou Éder? Pois é, 'meia' Selecção andou a 'sofrer'. Vamos ver se para o ano não será mais do mesmo...
Quem contornou bem esta questão foi Low. O seleccionador alemão deixou de fora da Taça das Confederações a sua constelação de estrelas. Para as ter no 'ponto' dentro de um ano, no Mundial."

O Benfica nas boxes

"Foi na troca de pneus que o FC Porto caiu para segundo lugar na grande corrida. O Benfica vende sobresselentes

Contas feitas: Pizzi e Jonas continuam no Benfica, por enquanto; Mitroglou e Jiménez ainda não foram vendidos e a chegada de Seferovic, ponta de lança internacional suíço, promete que o nível dos perdigueiros do golo se mantenha alto na Luz, suceda o que suceder. O primeiro grande desafio para o Benfica seria a saída de Jonas, que talvez seja um jogador irrepetível, por servir também de atalho táctico ao treinador. O segundo seria Pizzi, o tal médio que aguentou meio campeonato com quatro cartões amarelos; imagino que esse esforço tão colectivo seja um indício convincente da importância dele na mecânica de Rui Vitória. Tudo indica que o Benfica escape deste defeso vendendo aparências, não no sentido de que Ederson, Lindelof e Nélson Semedo sejam maus, mas porque é mais fácil encontrar sobresselentes para eles. Há jogadores como Pizzi, como haverá outros semelhantes a Adrien no Sporting: o problema é que não se vai ao mercado comprar (nem vender) um irmão mais velho e é nessa posição táctica que ambos jogam.
Numa luta como a que existe na liga portuguesa, as renovações são sempre um risco para quem está à frente e uma oportunidade para quem vem atrás. Não foi a comprar jogadores que o Benfica ultrapassou o FC Porto, algures entre 2011 e 2013: foi na resistência a vender (Cardozo, Gaitán, Salvio, Luisão, Maxi) enquanto assistia, sentado, ao desmantelamento do adversário, primeiro Falcao, depois Hulk, a seguir James, Moutinho, Otamendi, Fernando, Jackson Martínez, etc."


PS: Peço desculpa por publicar esta crónica, mas a azia destes avençados Corruptos (a referência ao Pizzi é 'deliciosa'!!!), faz-me sempre rir!!!
Sim, é verdade o Benfica tem conseguido manter alguns jogadores-chave... mas também vendeu outros... aliás vendeu mais do que os próprios Corruptos (Matic, Witsel, Javi, Di Maria, Coentrão, Rodrigo, Renato, Enzo...).
Mas enquanto os Corruptos andarem a fazer estas analises superficiais e repletas de 'buracos', estamos nós bem...!!!!

O que não resolve o VAR?

"Deu que falar a estreia do videoárbitro (VAR) na final da Taça. Não porque tenha corrido mal. Pelo contrário, até correu bem. Sem falhas técnicas, sem interferências no decorrer do jogo, discreto (como deve ser) no auxílio ao trabalho de Hugo Miguel, que poucos dias depois até veio a púbico falar sobre os lances em que a ele (ou a eles, porque neste caso até eram dois os VAR, Jorge Sousa e Artur Soares Dias) recorreu. O tema que aqueceu a discussão nas redes sociais - por benfiquistas ou apenas cépticos sobre a mudança - foi o facto de Hugo Miguel não ter marcado penalty em dois lances na área vimaranense, decisão apoiada pelo videoárbitro.
Foi o que bastou para colocar quase tudo em causa, esquecendo todos que apenas umas horas antes o VAR tinha colocado os sub-20 portugueses nos oitavos do Mundial, corrigindo erro de arbitragem em que nos trairia de volta a casa. Sejamos sérios os casos do Jamor daqueles para que todos estávamos avisados. Dos que dependem da interpretação do árbitro - cabia-lhe decidir, no relvado ou com a ajuda das imagens, se eram lances de mão na bola ou bola na mão. Sejamos ainda mais sérios: mostrou a TV sem margem para dúvidas que Josué, central do V. Guimarães envolvido nas duas jogadas, jogou deliberadamente a bola com o braço? Ou que aumentou, de forma propositada, a volumetria para disso tirar vantagem? Para uns sim. Para mim não. Hugo Miguel (e Jorge Sousa e Artur Soares Dias, que não meninos nisto da arbitragem) foram da segunda opinião. E deixaram jogar. Bem, no meu entender. Mal para outros - que, aposto, quando um árbitro decidir como acham que Hugo Miguel devia ter decidido, mas a favor de uma equipa com outras camisolas, irão expressar toda a sua indignação. Faz parte. O videoárbitro, acredito, vem resolver muitos problemas. Mas há um que nunca resolverá: o daqueles que vêem um jogo de futebol com lentes às cores. Para esses não há soluções."

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS: Continuo a acreditar que um dos 'problemas' do videoárbitro, é as expectativas exageradas que a 'ideia' do videoárbitro, 'plantou' na cabeça dos adeptos!
Será o videoárbitro pervertido ou mal utilizado?! Claro que sim, tal como todos os processos onde o 'Homem' tem intervenção!!!
Tal como com o árbitro de 'campo', o grande 'problema' será o critério: o critério usado no Jamor, na minha opinião, é o ideal! Independentemente de se achar que houve dois penalty's a favor do Benfica, o videoárbitro só deverá alterar as decisões do árbitro de campo, em situações inequívocas. Os lances de Bola na Mão, são quase sempre subjectivos, determinar se houve um acto deliberado (aquilo que está escrito na Lei) não é fácil... Portanto, neste tipo de situações, não pode haver 'reversão' da decisão... Só em lances 'descarados' poderá haver intervenção do video´´arbitro. Agora, a dúvida é: será que o critério se vai manter?!!!
Continuo a defender que no futuro próximo, o videoárbitro deverá estar centralizado no mesmo local, com um grupo muito restrito de pessoas a decidir sobre todos os jogos... tal como acontece actualmente na NFL...

Uma vez mais a pregar no deserto

"O futebol vai fazer girar, durante o defeso de 2017, verbas nunca antes sonhadas. Está instalado, na Europa rica, um clima de confiança face ao retorno dos investimentos no desporto mais popular do planeta, que permite gastos principescos que, em contrapartida, geram retornos faraónicos. Portugal, na sua qualidade de produtor/exportador, vai beneficiar em larga escala destes bolsos fundos dos principais clubes do Velho Continente.
Porém, essa circunstância não vai ajudar de forma determinante o futebol nacional, nem mesmo aumentar a competitividade do mesmo. Os principais clubes, com os negócios que estão em cima da mesa, vão facturar, equilibrar contas e, até, investir em maior capacidade para competir fora de portas. Mas esta lua que se vê brilhar com reflexos de ouro também tem um dark side. Com o imperativo de centralização dos direitos televisivos chutado para canto e adiado para as calendas, o fosso entre ricos e pobres vai aprofundar-se e na próxima época teremos clubes, que são adversários na I Liga, a viver com orçamentos de 100 milhões de euros e outros que não chegam sequer aos quatro milhões.
Não é preciso ser muito perspicaz para perceber que, neste cenário, é escusado esperar jogos equilibrados, equipas a pensar futebol positivo e uma melhor qualidade de espectáculo. Obviamente, perante a diferença de meios em presença, ninguém poderá levar a mal as carreiras de autocarros que fazem a ligação entre os estádios da I Liga e estacionam em frente às balizas.
Infelizmente, não se vê ninguém, nos lugares de poder, interessado em debater este problema. Nós vamos pregando no deserto..."

José Manuel Delgado, in A Bola

A Estrutura ou o Rui Vitória?

"Nos meus papéis, topam-se registos que neles fui vertendo, semana a semana, sobre o comportamento das nossas equipas de futebol que disputam a primeira divisão do Nacional de Futebol e, sem um assomo que seja de facciosismo, escrevo, agora, em linguagem chã e singela, que a “dobradinha” (o Campeonato e a Taça) na época de 2016/2017, foi o Benfica quem a conquistou porque a mereceu. Os últimos quatro campeonatos ficaram recheados de muita e compreensível alegria benfiquista. E a que se deve o “fenómeno”: à competência do Rui Vitória, ou à sábia liderança da estrutura? E o que é a estrutura?...
Comecemos já pela estrutura: é o presidente da Direcção (que decide, por fim, para além de tudo e de todos e ponderadas as razões que lhe chegam, prenhes de ponderações cientes) acompanhado pelos restantes membros da Direcção e assessorado por autênticos “trabalhadores do conhecimento”, com especial relevo o treinador principal – como o exige a Sociedade do Conhecimento, que é a nossa. Em poucas palavras: estrutura é a Direcção, alicerçada na sua comprovada experiência e na competência do treinador principal e de especialistas em determinadas áreas do conhecimento. De facto, a fonte de sucesso e de progresso, numa instituição, onde se promove e pratica a alta competição desportiva, é uma liderança (serena, firme) de grande lucidez e o trabalho, em interdisciplinaridade, de especialistas em várias disciplinas. Hoje (estamos em 2017) a maior riqueza de uma instituição, ou de um país, é o conhecimento, dentro de um rigoroso equilíbrio financeiro e em prol de objectivos predefinidos e contratualizados! Eu posso dizer mais: a organização de um clube, onde a alta competição se pratica, ou reconhece que o conhecimento é o elemento principal, que subjaz à inovação e à competitividade; ou é. ele também, um espaço de criação, difusão e exploração do conhecimento – ou não tem Futuro!
Costumo dizer que “quem só teoriza não sabe e quem só pratica repete”. Não podem, nem devem, os licenciados, mestres, ou doutores em Desporto olhar, com insolente sobranceria, os “práticos”, os que trabalham de todo arredios da leitura de textos de bom nível científico e filosófico. Por esta razão muito simples: só se sabe o que se vive e um conhecimento unicamente livresco esquece, por vezes, a necessária aplicação prática da teoria. Prática e teoria são elementos indispensáveis do mesmo todo. As capacidades e competências deverão apresentar-se associadas ao conhecimento. Que o Benfica sabe o que venho de escrever – não tenho dúvidas! Por outro lado, entre as múltiplas deficiências que em mim reconheço, avulta uma: nunca pratiquei futebol federado. Se bem que tenha estudado (e estudo) filosofia e epistemologia do Desporto e da Motricidade Humana, tenho a sensação que “sofro” de demasiada teoria e sei pouco, portanto. Dou agora (e respeitosamente) a palavra a Eduardo Lourenço: “Desde o século XVIII que os intelectuais reclamaram, como seu dever e direito, o lugar da clarividência. Como se chamavam Voltaire, Diderot, Lessing ou Rousseau, a pretensão não era descabida (…). Esta extraordinária linhagem de contestatários da sociedade, ou de um poder particularmente perverso, criou no Ocidente (e apenas no Ocidente) uma cultura de clarividência de que certos intelectuais, ou países, são os naturais sacerdotes e guardiões do Templo”. Mas refere Eduardo Lourenço: “Foi sempre uma ilusão este monopólio da boa consciência” (Crónicas Quase Marcianas, Gradiva, 2016, p. 19). Uma ilusão em que não quero adormecer (e sonhar) e, daí, a necessidade que eu sinto de dialogar e de acamaradar com alguns treinadores e jogadores que, porque muito vivem, muito sabem…
Mas, os adeptos do Benfica a quem devem eles os mais sentidos agradecimentos, à estrutura, ou ao Rui Vitória? É evidente que a ambos, à estrutura e ao Rui Vitória, por esta ordem – à estrutura que soube escolher o Rui Vitória e este porque soube liderar, com mestria, os jogadores que a estrutura lhe permitiu. No entanto, se nos servirmos da palavra paradigma, não para indicar uma teoria dominante, mas um programa de pesquisa, depressa poderemos concluir que não há jogos, há pessoas que jogam e que, na análise do “tetra”, a pergunta a fazer deverá ser esta: a estrutura, o Rui Vitória ou os jogadores? É que são os jogadores que ensinam aos seus adeptos e até ao público em geral o que é a transcendência – que é tornar visível o invisível por que lutamos, competindo com os outros e connosco mesmos. Nélson Évora, um atleta de energia serena e persistente, confessou a um jornalista da revista Visão (2016/7/26): “É nos momentos de dúvida e de desânimo que precisamos de acreditar ainda mais. O importante na recuperação é a crença. Se acreditarmos num objectivo, conseguimos ultrapassar qualquer barreira. Agora, claro, é uma luta interna, foi sempre um desafio essencialmente comigo próprio, muito baseado e centrado no facto de amar aquilo que faço. Só isso te dá justificação para continuares a suportar operação após operação. Tens que te agarrar a essa vontade de não desistir, de quereres voltar a fazer aquilo que mais amas fazer”.
O campeão leva dentro de si o gérmen do futuro – porque se transcende! Bem vistas as coisas, fazer desporto não é praticar, unicamente, uma Actividade Física, é uma forma de vida. São tantas as lições que os campeões desportivos nos podem dar, que este artigo deveria assim titular-se: Os jogadores, o Rui Vitória, ou a estrutura?
Conta-se que Mallarmé visitou Edgar Degas, minguado de cultura literária mas um pintor de imaginação audaz (foi um dos fundadores do impressionismo). Com o poeta no seu atelier, Degas não resistiu a dizer-lhe: “Oh meu caro Mallarmé, tenho ideias fantásticas para poemas. Se tivesse o seu talento…”. Respondeu-lhe o poeta: “Amigo Edgar Degas, a poesia não se escreve com ideias, mas com palavras”. O desporto também não se faz com ideias, mas com acções, com movimentos intencionais. Conheci e fiz amizade com o Matateu que, se hoje ainda fosse profissional de futebol, seria, sem favor, um dos melhores futebolistas do mundo. Perguntei-lhe, um dia: “Quantos livros já leu você na vida?”. Numa voz de bronze, pausada, respondeu-me: “Não preciso de livros para fazer o que faço”. De facto, o inigualável Matateu era um génio, todo ele era muitíssimo mais emoção do que razão. Só com inteligência jamais seria o que foi. António Damásio, no seu O Sentimento De Si, escreve: “Independentemente do mecanismo, através do qual as emoções são induzidas, o corpo é o palco principal das emoções, quer directamente, quer através da sua representação nas estruturas somatossensoriais do cérebro” (p. 330). Recordo uma entrevista de Lionel Messi, à Marca, se não estou em erro: “Eu jogo, hoje, como jogava quando era criança. Não penso muito, as jogadas saem-me naturalmente”.
Por isso, nenhum treinador conhece os mecanismos que proporcionam uma jogada genial. O génio não se explica – é! Ele não merece o culto que os adeptos lhe tributam por saber explicar o que faz. Os adeptos também são mais paixão do que inteligência. Ele merece o culto que os adeptos lhe tributam porque faz como ninguém o que não sabe explicar. Se o génio soubesse explicar o que faz não era génio!... Mas eu só queria dizer que, no “tetra”, está a estrutura, o Rui Vitória e os jogadores. E que, de todos, não sei qual foi o mais decisivo. Embora no tapete verde da relva, durante os jogos, os jogadores sejam sempre os mais decisivos…"

Videoárbitro? Tenho muitas dúvidas (para não dizer certezas)

"A melhor maneira de chegar a lado nenhum é seguir a multidão

Entre os princípios que tenho na vida, há um que explica muito do que sou e porque nunca hesitei em poder ter razão antes do tempo!
A melhor maneira de chegar a lado nenhum é seguir a multidão.
Vem isto a propósito da última panaceia de quem, querendo que o Benfica não ganhe,... já tentou tudo para o Benfica não ganhar... e o Benfica ... continua a vencer!
Perdidas as guerras das transmissões (4 anos de Benfica TV,... tetracampeões), do Conselho de Arbitragem, do responsável pelos observadores, da Liga (e, por definição, a Salazar, também), perdidas todas... restava a do vídeo-árbitro!
Uma guerra já contra o nosso penta, sem responder a tantas questões e sem explicar porque é que outros, com mais meios técnicos e financeiros, o recusaram!
De entre os raros corajosos que levantaram os problemas do vídeo-árbitro, Paulo Garcia, com quem tenho a honra de partilhar 2 horas da minha vida, todas as segundas-feiras, na SIC, fê-lo (no seu Facebook, há 1 semana) com a frontalidade e a perspicácia reconhecidas (com a vantagem de apenas dever o seu estatuto à extraordinária competência profissional ... como provou na passada terça-feira, numa grande entrevista a outro fantástico profissional, comunicador e vencedor, que dá pelo nome de ... Rui Vitória).
Mas vamos – com a devida vénia – ao texto em causa (sem o reproduzir na íntegra, apenas por limitação de espaço).

O texto de Paulo Garcia
«Ando há muito tempo a ser desafiado para dar opinião sobre o vídeo-árbitro. Tenho tentado não o fazer... por razões… inerentes ao meu trabalho...
Porque elas tardam a ser esclarecidas vou tocar pela primeira vez...
Não sei se será a última...
O vídeo-árbitro é um computador, uma aplicação informática que actua… na componente-jogo, sem interferência humana?
Ou o vídeo-árbitro é humano, utiliza apoio tecnológico, julga, avisa, sugere, influencia as decisões do árbitro?
Se é assim, quais os critérios utilizados para a sua nomeação?
A entidade reguladora do vídeo-árbitro exigiu… uma gravação áudio-vídeo, de tudo o que se passar dentro da sala… de operações?
Quem julga e classifica este vídeo-árbitro?
Quem são os observadores?
As imagens que podem influir na decisão do vídeo-árbitro chegam na totalidade a casa das pessoas através da transmissão em directo do jogo?
Mas há ou não mais imagens à disposição só para análise do vídeo-árbitro?
O público… (e os telespectadores) pode ver uma eventual decisão alterada no momento, sem que percebam… o porquê dessa decisão, por não terem acesso a essas mesmas imagens para além das que estão a ser transmitidas pela televisão?
Dos considerados erros grosseiros, quantos seriam corrigidos pelo vídeo-árbitro…?
Ou... até onde é que o vídeo-árbitro está disposto a arriscar…?
É exequível e há a garantia da existência das mesmas condições tecnológicas em todos os estádios? 
Todos têm condições tecnológicas para as tais 18 câmaras?
Como é que se oficializa algo tão importante sem um único teste público credível?
Qual o critério de nomeação dos árbitros para a Primeira Liga (de 1ª e 2ª categorias, já que os de 1ª também terão, em simultâneo, o estatuto de vídeo-árbitros)?
E há árbitros que cheguem?
Tudo isto... quase obriga os árbitros de 1ª a só arbitrar na 1ª Liga, e os de 2ª na 2ª Liga, porque o número de árbitros, em especial de 1ª, é limitado.
Quem serão os outros vídeo-árbitros...?
Quem são… os seus observadores?
Que poder e conhecimentos têm deste tipo de intervenção?
Quem os nomeia?
O Conselho de Arbitragem?
Se passa a haver observadores para o vídeo-árbitro, para que servem os observadores… dos árbitros?
Qual o critério para o conceito do que será o erro grosseiro'?
Das 17 leis que consagram o futebol, 16 dependem do critério do árbitro.
Quem julga e decide a partir de agora?
Quais os sinais obtidos, analisados e ratificados sobre a pressão alta da competição?
Das experiências efectuadas…, quais ajudaram a que se considere estarmos na iminência do fim do erro (do dito grosseiro e dos outros)?
(Se) os fiscais de linha continuam a ter a mesma conduta no fora de jogo… para a sua classificação… vão continuar a contar as decisões acertadas e aquelas que não o são (os lances de fora de jogo bem ou mal assinalados)?
Que sentido faz, com o vídeo-árbitro,… a regra do fora de jogo continuar a ser controlada e aplicada pelo árbitro auxiliar?
(Será) justo que as equipas possam ser prejudicadas pelas precipitações do fiscal de linha (e o que é que estes lá estão a fazer)?
E o silêncio dos árbitros sobre tudo isto… calados em nome dos benefícios ou dos prejuízos na sua acção enquanto juízes?
Por fim,… a pergunta mais pertinente de todas: pode ou não o jogo ser controlado, não pelo árbitro, mas pelo vídeo-árbitro,… pode ou não o vídeo-árbitro arbitrar o jogo desde a sala de operações, influenciando, controlando, interferindo, minuto a minuto e através da escuta, no trabalho do árbitro? 
Se pode, para que é que o futebol precisa do árbitro?
Pensou-se nisto tudo?
A evolução que tanto se deseja está nesta nova tecnologia?
Acredito que seja essa a intenção ...
Mas está a soar a... metam lá isso e depois logo se vê.
Ou essa dita evolução tecnológica… num efeito boomerang, pode ser fatídica …
Gostava de perguntar aos maiores inimigos das novas tecnologias... a FIFA e a UEFA... o que os fez passar a defensores acérrimos daquilo que odiavam?
(Descartando)… opiniões de especialistas,… intervenientes directos do espectáculo que apontavam para… mais tempo para estudar a solução.
Porque que é que a Alemanha recuou – depois de vários testes online – mesmo que muito pressionada para avançar?
Porque é que, quem decide, viu no futebol português e holandês os palcos certos para a experiência? 
A quem serve a … ligeireza?
Lembrei-me do enorme prejuízo financeiro que revestiu a… relva sintética…, dos milhões perdidos em empresas… subsidiadas pela própria FIFA e UEFA,… um dos maiores rombos financeiros da história do futebol …
Poderemos estar perante outro enorme embuste... na batalha pela credibilidade e seriedade do futebol.
Há... um manancial de esperança e direitos de autor a gritar paternidade um pouco por todo o mundo…
Seria… o erro humano mais grosseiro da história do futebol.
E tinha (e acreditemos que ainda tem) tudo para, com calma, sem antecipações precoces... dar certo.»
Não posso deixar de concordar, quase a 100%, com Paulo Garcia.
Daqui a 1 ou 2 anos – se o Benfica continuar a ganhar, como espero – terão outras ideias ... até uma delas resultar, não é Jorge, Bruno, Francisco, Nuno,…?

A Taça ... A Dobradinha, ... O Triplete
com vídeo árbitro... mais um título! Estranho, agora, que os do costume não venham com as contas do número de títulos ... Como no domingo, no Jamor,... Benfica,... até debaixo de água!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola