quinta-feira, 25 de maio de 2017

A união

"Os mais velhos recordam-se do filme e da música da série Twin Peaks do início dos anos 90. Para mim e certamente para muitas pessoas, esta série foi um ícone da nossa juventude. Em 2017, a série vai voltar a fazer parte das escolhas televisivas.
Twin Peaks era uma vila pacata situada nos confins da América, onde não acontecia nada, até que, um dia, Laura Palmer surgiu morta, enrolada dentro de plástico e com indícios de ter sido assassinada.
A investigação que se segue à sua morte realizada por um agente do FBI é uma das linhas fundamentais da trama cinematográfica, toda ela baseada em imagens de cor dominadoras, histórias complexa, personagens estranhas e excêntricas, tramas cheias de mistérios.
Era um misto de suspense, surrealismo drama, policial, humor e terror psicológico, num quadrante de sonho e irrealismo.
Talvez Steve Jobs se tenha inspirado no poder de imagem e de som, que esta série ensinou, para desenvolver o telemóvel com imagem e fotografia.
Após o decurso da série que nunca chegou por opção própria a mostrar o(s) assassino(s) de Laura Palmer, certamente muitos desistiram de a ver, mas, quando penso nisso, mais depressa concluo que a vida é isso mesmo, um eterno caminho sem fim.
No dia do Tetra, diziam-se que aquela malta da Farmácia Franco nunca imaginaria o que se iria tornar o Sport Lisboa e Benfica . A minha resposta foi até muito clara - essa malta queira era ir jogar à bola, queria lá saber de assinar a acta!
Já lá vão 113 anos de história! E fez-se, no dia 13 de Maio de 2017, mais uma grande página da história, para juntar às milhentas folhas da acta que começou com a assinatura daqueles 'malucos', em 1904 - O Tetra!
O que se seguiu foi indescritível.
De repente, todos os ataques exteriores viraram para o reconhecimento da justiça do título do Benfica, mesmo provindo daqueles que durante dias teceram impropérios, ataques e muitas manifestações onde se vilipendiou o Benfica.
Mas há uma razão no meio disto de que essas pessoas se esqueceram, quando quiseram trazer para fora dos seus círculos a razão das vitórias do Benfica - e essa razão radica no facto de que os primeiros obreiros foram os jogadores, equipa técnica e dirigentes mais directamente ligados ao Futebol.
As vitórias conquistaram-se dentro de campo, e quem não consegue ganhar tem de realizar uma introspecção e tentar perceber porque os seus jogadores, técnicos e dirigentes são perdedores.
É evidente que qualquer vitória necessitará de muitas outras coisas, mas todas elas serão completamente e revestidoras dessa primeira realidade.
Foi esta perfeita sequência em articulação que também caracterizou mais uma época do Sport Lisboa e Benfica.
Aquando da conquista do tricampeonato, ouviram-se estas palavras:
'Este título é a vitória de nós. É a vitória de juntos. É a vitória do colectivo. É a vitórias de um grupo muito unido e solidário, que soube ultrapassar momentos difíceis sem nunca baixar os braços. Nunca ninguém alcança nada sozinho. O sucesso é sempre o fruto de trabalho de muitas pessoas'. Discurso de Luís Filipe Vieira em 16/5/2016, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa.
No ano de 2017, após a conquista do Tetra, ficou para a história o seguinte:
'O Tetra que conquistámos é o resultado de muito trabalho, de uma grande equipa de jogadores, técnicos, profissionais e dos melhores adeptos do mundo. Esta foi uma vitória que contou com o contributo de muitos, da estrutura profissional do nosso clube ao mais simples adepto. Compromisso, humildade, determinação e sempre ambiciosos'.
'Benfiquistas, o Tetra fica-nos bem. Resulta do trabalho profissional de quem foi mais regular, mais competente e mais discreto, para construir um ambiente de afirmação do futebol português'. Discurso de Luís Filipe Vieira em 15/5/2017, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa.
A população de Twin Peaks naquele momento de início da história era de 51 201 pessoas. Imaginem, em vez de andarmos a fazer ciberataques e a utilizar a Internet para cometer homicídios, que se utilizavam os meios tecnológicos para em cada momento a placa da cidade, vila ou aldeia dar online o número de habitantes da mesma, o índice de produção económica, a lotação dos hospitais, as vagas nas escolas, enfim, um conjunto de informação necessária à vida de todos nós de forma mais inteligente e eficaz!
O Sport Lisboa e Benfica também poderia dar online os seus títulos, Sócios e outras conquistas.
O ser humano é muito perverso! Foi por isso que o Benfica venceu! Soube e sabe estar do outro lado da perversidade - na União."

Pragal Colaço, in O Benfica

Rumo ao 37

"Preciso de recuar cerca de um ano e meio, a quando não era evidente que estaríamos hoje a comemorar um tetracampeonato. Ao longo dessas semanas, tentei passar a mensagem de que não chegara o tempo de sentenciar a nossa equipa técnica.
Claro está, fui insultado nas redes sociais, o palco privilegiado de quem tem o coração no teclado do computador e faz da insídia a sua principal argumentação. E mais expectável do que os insultos, não houve ainda, entre os que me insultaram, quem me tenha dito que, afinal, talvez estivesse errado em pedir a cabeça de Rui Vitória e, por arrasto, a de Luís Filipe Vieira.
Sobre o 'pai do tetra', prefiro enaltecer a sua visão estratégica desde que chegou à presidência do nosso clube. O tetra não é um fim em si mesmo, tratando-se antes de uma consequência natural de algo mais vasto, que levou o seu tempo a ser concretizado. O mérito de Luís Filipe Vieira, e pelo qual antevejo será recordado no futuro, foi o de equiparar o Sport Lisboa e Benfica ao legado histórico que havia construído. O Benfica actual corresponde à ideia de Benfica que chegou, há 15 anos, a parecer uma miragem, uma memória difusa de um passado que não mais se repetiria.
O tetra consolida esta ideia, mas a sua inobservância não invalidaria o excelente trabalho feito na última década e meia. E este feito contraria também aqueles que sempre defenderam a aposta exclusiva no futebol. O Benfica, como tem sido demonstrado nos últimos anos, pode ser um clube simultaneamente ecléctico e ganhador. Tetracampeão de futebol, campeão de voleibol, pentacampeão de hóquei (feminino), vencedor das Taças de Portugal de futsal (masculino, e feminino), tudo isto num fim-de-semana. É obra!"

João Tomaz, in O Benfica

Este é nosso!

"Onde estavas quando o Benfica foi Tetracampeão? Sessenta e tal mil de vocês vão poder dizer, orgulhosos, que estavam na Catedral. Outros, muitos, que viram o jogo em casa, com amigos e família. Ou num café, num restaurante, numa Casa do Benfica entre a vossa a nossa gente. E que vibraram com cada golo, que se agarraram a quem estava ao lado num abraço que tinha tudo: felicidade, justiça e paixão. Eu não.
Não vi o jogo que nos deu o Tetra. Não podia, estava sentado na sala de embarque do aeroporto das Astúrias, à espera de um voo - que atrasou. E que me está a levar agora (quando escrevo esta crónica) a Lisboa. Segui-o em sites desportivos e recebi, a cada golo, um telefonema da minha mulher e dos meus amigos, que estavam todos juntos na casa de um deles. Não tive direito aos petiscos ou à cerveja, não pude abraçá-los de cada vez que se fez magia nas balizas da Luz.
Estou a escrever esta crónica sentado no lugar 18C - 18, que belo número, multiplicado por dois dá 36... - do voo da TAP entre Astúrias e Lisboa do dia 13 de Maio. A tripulação acaba de anunciar que o SL Benfica é Tetracampeão. Estou de camisola vestida e cachecol no pescoço e acabo de tirar uma fotografia com dois simpáticos tripulantes da companhia aérea portuguesa. Estou a beber um copo de vinho e já me ofereceram mais, se eu quiser. Depois, o avião vai aterrar na Portela, e a minha mulher vai buscar-me ao aeroporto, deixar a bagagem em casa e largar-me no Marquês. Só isso faz sentido. Estar entre aqueles que, como eu, sofrem sem pedir nada em troca. E que acreditaram desde a primeira jornada.
Nós merecemos."

Ricardo Santos, in O Benfica

Obrigado!

"A conquista do Tetracampeonato leva-me a fazer 67 agradecimentos a outros tantos jogadores. Obrigado, Luisão! Obrigado, Jardel! Obrigado, Fejsa! Obrigado, Salvio! Obrigado, André Almeida! Obrigado, Paulo Lopes! Obrigado, Jonas! Obrigado, Gaitán! Obrigado, Pizzi! Obrigado, Garay! Obrigado, Cardozo! Obrigado, Lima! Obrigado, Rodrigo Moreno! Obrigado, Mitroglou! Obrigado, Rául Jiménez! Obrigado, Matic! Obrigado, Siqueira! Obrigado, Eliseu! Obrigado, Sílvio! Obrigado, Rúben Amorim! Obrigado, Maxi Pereira! Obrigado, Markovic! Obrigado, Nélson Semedo! Obrigado, Lindelof! Obrigado, Enzo Pérez! Obrigado, Lisandro! Obrigado, Sulejmani! Obrigado, Artur Moraes! Obrigado, Oblak! Obrigado, Júlio César! Obrigado, Djuricic! Obrigado, Gonçalo Guedes! Obrigado, Bernardo Silva, Obrigado, André Gomes! Obrigado, André Horta! Obrigado, João Cancelo! Obrigado, Ivan Cavaleiro! Obrigado, José Morais! Obrigado, Ederson Moraes! Obrigado, Nuno Santos! Obrigado, Steven Vitória! Obrigado, Ola John! Obrigado, Talisca! Obrigado, Samaris! Obrigando, César! Obrigado, Loris Benito! Obrigado, Derley! Obrigado, Cristante! Obrigado, Franco Jara! Obrigado, Bebé! Obrigado, Mukhtar! Obrigado, Jonathan Rodriguez! Obrigado, Carcela! Obrigado, Grimaldo! Obrigado, Zivkovic! Obrigado, Vítor Andrade! Obrigado, Clésio Baúque! Obrigado, Luka Jovic! Obrigado, Franco Cervi! Obrigado, Carrillo! Obrigado, Rafa Silva! Obrigado, Felipe Augusto! Obrigado, Celis! Obrigado, Danilo Silva! Obrigado, Bruno Cortez! Obrigado, Funes Mori!
Este sábado à noite, espero acrescentar mais três agradecimentos aos 67 heróis. Pedro Pereira, Kalaica e Marcelo Hermes merecem integrar este lote dourado."

Pedro Guerra, in O Benfica

PS: Como já devem ter percebido, esta semana, mais uma vez, recebi O Benfica, com atraso!!! Deste vez, recebi mesmo a edição da semana passada e desta semana, ao mesmo tempo!!! É novo dois em um dos CTT...!!!

Nuno despedido pelos árbitros?

"O FC Porto anunciou oficialmente, através do seu director de comunicação, que Nuno Espírito Santo foi uma vítima das arbitragens. No fundo, os árbitros portugueses foram os verdadeiros culpados da saída de NES do clube. Nem sequer, a levar em boa conta o que me juraram algumas fontes dignas de crédito, a imperdoável saudação do treinador portista ao campeão Benfica, que terá sido - segundo me garantem - a  última gota no copo de impaciência e irritação de Pinto da Costa.
Enfim, de facto, nada poderei provar que venha contrariar a tese oficial do FC Porto. Aceitemos: Espírito Santo foi uma pobre e inocente vítima das mãos dos algozes do apito e só por isso viu aberta a porta de saída do clube que, apenas há um ano, jurava ter encontrado a solução do melhor treinador, na base de competência e do portismo.
A questão inevitável que, entretanto, se levanta é a de tentar perceber por que razão o FC Porto capitulou tão drasticamente perante a segura convicção da culpa alheia. Ou seja: se ao contrário do que se pensava, continua a entender que este treinador é o que melhor servia o FC Porto, pela sua competência e pela sua cultura de clube, como é, então possível determinar a sua saída, ou, na versão mais benigna, aceitar a sua decisão de sair? Tomara NES que Pinto da Costa, no momento em que o treinador manifestava qualquer dúvida ou insegurança, lhe tivesse dito: «Não, Nuno. Tu és o melhor de todos, és o treinador que nos convém e este clube nunca consentiria que tu fosses sacrificado por uma culpa que não tens».
Infelizmente, não foi isso que Pinto da Costa lhe disse."

Vítor Serpa, in A Bola

Conversa...

Benfica: a Razão e a Fé

"Tive a sorte de ter merecido a curiosidade de alguns dirigentes desportivos e treinadores, mormente de futebol. E dirigentes e treinadores de quem não é fácil esboçar o perfil, porque pessoas de riquíssima personalidade, digo mesmo: pessoas que desenvolveram uma actividade inconfundível, fecundíssima, como “agentes do desporto”, tanto a nível nacional como internacional. Tive a sorte, portanto, de ter bons mestres, neste “fenómeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo”, que é o futebol.
Hoje, ainda não deixei de estudar e dialogar, com Mestres do treino desportivo e, porque muito quero aprender, “só sei que nada sei”. Deixam-me perplexas tantas pessoas que nada estudando ou nada praticando, no que ao Desporto diz respeito – mesmo assim, julgam que sabem!... No entanto, porque há treinadores de muitíssimo bom nível técnico (e não só no futebol – e não só em Portugal) que não deixam, hoje ainda, de distinguir-me com o muito que me ensinam, atrevo-me a escrever que, tanto um dirigente, como um treinador, de excelência, são, sobre o mais, líderes. Trabalhei um ano no departamento de futebol do Sport Lisboa e Benfica e rapidamente entendi (como já há muitos anos o fizera, perdoem-me a imodéstia, em relação a Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto) que, no Benfica dos nossos dias, há um líder que “lidera” toda a vida do seu Clube e, porque “um homem só não vale nada”, com grande rigor e helénica serenidade, escolhe os seus mais próximos colaboradores… a quem dá tudo, para exigir tudo! É verdade que, da quente luminosidade das suas imagens, do ardor da sua emoção, dos seus incitamentos a um Benfica glorioso e imortal, parece emergir mais Fé do que Razão, mais Paixão do que Inteligência, menos Cultura do que Natureza. Todavia, se conseguirmos ultrapassar as aparências, Luís Filipe Vieira organizou, com tal minúcia e solidez, o seu Clube, que é hoje tanto o presidente do Benfica, como o “gestor de conhecimentos” de um Benfica pós-capitalista.
Como Pinto da Costa, com José Maria Pedroto (e relembro ainda o treinador Artur Jorge), que ergueram um “corte epistemológico” no seio do futebol pré-capitalista português, assim também Luís Filipe Vieira, com Rui Vitória (e outros treinadores e dirigentes, não devo esquecê-lo) não escondem o anseio de um “corte epistemológico”, para que o Benfica, com o necessário élan clubista, ingresse na Sociedade do Conhecimento. É com olímpico à vontade que toco neste assunto. Não sou benfiquista, sou azul de cruz ao peito! Nasci Belenenses e hei-de morrer Belenenses. Não tenho segundo Clube. Quem tem dois clubes, não ama suficientemente nenhum deles. Fernando Urbano n’A Bola, de 2017/5/14, empolgou-se ao escrever: “Noite histórica, ontem, para o Benfica, ao conquistar, pela primeira vez, um tetra campeonato, proeza que apenas os rivais FC Porto (por duas vezes) e Sporting haviam conseguido alcançar, no futebol português. Um domínio interno que encontra paralelo apenas no que Juventus (prepara-se para o hexa, em Itália) e Bayern (é penta, na Alemanha) estão a fazer, nos principais campeonatos europeus. Foi o 36.º título, o dobro do que o velho rival Sporting conseguiu, registo que ajuda a perceber a dimensão da empreitada, levada a cabo por Vitória e seus jogadores. Com o Estádio da Luz repleto (64591 espectadores é a maior assistência de sempre) os encarnados fizeram, diante do V. Guimarães, provavelmente a melhor exibição da temporada”. Luís Filipe Vieira, de coração entre os lábios, não resistiu a dizer: “Foi a maior alegria da minha vida”. Porque o Benfica ganhou mais um campeonato? Eu vou além da matemática dos números: Luís Filipe Vieira sentira que refundara o seu Clube, com base no que é importante nas organizações do século XXI: o conhecimento!
No dia 12 de Maio de 2017, o Papa Francisco peregrinou até Fátima, onde proclamou, “urbi et orbi”, que dois pastorinhos, Jacinta e Francisco Marto, foram canonizados, são dois santos da Igreja Católica. A propósito, o Papa Francisco declarou em Fátima, com aquela clareza e simplicidade que emanam das suas prédicas, que a Virgem Maria não foi a Fátima, “para que a víssemos, para isso teremos a eternidade inteira (…). Veio para advertir para o risco do inferno de uma vida sem Deus”. E disse ainda: “sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Com efeito (continuou o Papa) a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros, para se sentirem importantes”. Foi Jesus quem nos ensinou: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. É que os “ricos de espírito” são os que se julgam, em todas as circunstâncias, omniscientes; são os invejosos, os que sofrem com os êxitos do seu semelhante; são os que vivem apegados aos postulados dos seus credos, incapazes de aprenderem no arsenal de conhecimento dos seus adversários; são os que, com pimpante impertinência, julgam possuir a última palavra, ou melhor: a síntese de qualquer dialética. Pobres de espírito são os que sabem que sabem pouco e, por isso, estudam muito; são os que, gentilíssimos de raiz, questionam, com humildade, quem pratica (no desporto, os seus agentes) e, por isso, tem as condições ideais para um melhor conhecimento da realidade; são os que, na nossa Sociedade do Conhecimento, desconfiam da facilidade, do empirismo, do improviso. Pobres de espírito são os que, como o Papa Francisco, decidem viver “pobres de meios e ricos no Amor”. Porque só assim se constrói a Justiça e a Paz…
No nosso futebol, que é berço de campeões europeus e portanto de treinadores e dirigentes e jogadores, que não temem cotejo com o que, nesta área, de melhor o mundo tem, deveria escutar-se, para além do clubismo faccioso que o povoa, a mensagem do Papa Francisco. Recordo o Dostoievski de Os Irmãos Karamazov: “A abelha conhece a fórmula do seu alvéolo, a formiga conhece a fórmula do seu formigueiro e o ser humano infelizmente ainda não conhece a fórmula da sua felicidade”. Finda a Segunda Grande Guerra, o governo dos USA convidaram W. Churchill a uma viagem triunfal, pelo seu trabalho inigualável, em defesa dos valores da nossa civilização. Ao visitar o Massachussetts Institute of Technology (MIT), o director desta instituição, cujo prestígio atravessa o mundo, proferiu um extenso discurso de exaltação de uma nascitura tecnologia que se preparava para formar cidadãos perfeitos, bem diferentes de Adolfo Hitler. Churchill levantou-se e, pausadamente, respondeu ao director do MIT: “Só com tecnologia e tecnocracia não faremos nunca o Homem Novo. Que Deus me leve deste mundo, antes de tal acontecer”.
Tenho a certeza que a revolução, ao nível do conhecimento, que se processa, actualmente, no Sport Lisboa e Benfica, por força da vontade e da perspicácia de Luís Filipe Vieira, é também pensada e realizada para além do tecnocientífico. Porque ele, sem motivo para dúvidas, é o primeiro entre todos os presidentes da História do Benfica, será também o primeiro a assumir uma ética aplicada ao desporto, que não significa endoutrinamento, ou ingenuidade bem próxima da patetice mas, pelo contrário, vontade de resolver sempre os problemas tecnocientíficos do futebol (do desporto) visando o humano em plenitude. Demais, o Rui Vitória, se bem o entendo nas suas declarações públicas, é homem de Ciência e Consciência, de Razão e de Fé. É o companheiro ideal de Luís Filipe Vieira para uma aceitação esclarecida do Benfica que se anuncia."