"Onde estavas quando o Benfica foi Tetracampeão? Sessenta e tal mil de vocês vão poder dizer, orgulhosos, que estavam na Catedral. Outros, muitos, que viram o jogo em casa, com amigos e família. Ou num café, num restaurante, numa Casa do Benfica entre a vossa a nossa gente. E que vibraram com cada golo, que se agarraram a quem estava ao lado num abraço que tinha tudo: felicidade, justiça e paixão. Eu não.
Não vi o jogo que nos deu o Tetra. Não podia, estava sentado na sala de embarque do aeroporto das Astúrias, à espera de um voo - que atrasou. E que me está a levar agora (quando escrevo esta crónica) a Lisboa. Segui-o em sites desportivos e recebi, a cada golo, um telefonema da minha mulher e dos meus amigos, que estavam todos juntos na casa de um deles. Não tive direito aos petiscos ou à cerveja, não pude abraçá-los de cada vez que se fez magia nas balizas da Luz.
Estou a escrever esta crónica sentado no lugar 18C - 18, que belo número, multiplicado por dois dá 36... - do voo da TAP entre Astúrias e Lisboa do dia 13 de Maio. A tripulação acaba de anunciar que o SL Benfica é Tetracampeão. Estou de camisola vestida e cachecol no pescoço e acabo de tirar uma fotografia com dois simpáticos tripulantes da companhia aérea portuguesa. Estou a beber um copo de vinho e já me ofereceram mais, se eu quiser. Depois, o avião vai aterrar na Portela, e a minha mulher vai buscar-me ao aeroporto, deixar a bagagem em casa e largar-me no Marquês. Só isso faz sentido. Estar entre aqueles que, como eu, sofrem sem pedir nada em troca. E que acreditaram desde a primeira jornada.
Nós merecemos."
Ricardo Santos, in O Benfica
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