"O que era o Benfica quando Luís Filipe Vieira chegou e o que é hoje! Uma obra que é um caso de estudo, levada a cabo por um homem do povo.
Muita água correu já debaixo das pontes desde que Luís Filipe Vieira chegou ao Benfica, pela mão de Manuel Vilarinho, figura incontornável da ressurreição encarnada, como gestor do futebol. Há dezasseis anos, o velho estádio da Luz era morada de um clube em ruínas, arrasado por más gestões que culminaram com a era Vale e Azevedo. Vieira, já na casa dos cinquenta, tinha algum conhecimento, trazido do Alverca, do dirigismo desportivo. Mas nada do que sabia o preparava completamente para o desafio que encontrou no Benfica. Esta é a primeira nota a reter: Luís Filipe Vieira, essencialmente intuitivo, sem formação académica mas doutorado no dia-a-dia, teve a humildade suficiente para aprender o que lhe faltava e teve ainda a suprema capacidade de se reinventar sucessivamente, crescendo em saber e adequando-se às necessidades de um clube com a grandeza do Benfica. Foi por se aperceber, de forma cristalina, do potencial do gigante adormecido que era o Benfica que Vieira gizou o plano ambicioso de recuperação do clube; para isso teve o mérito de se rodear de algumas figuras que garantiram lealdade e competência, de Domingos Soares de Oliveira a Paulo Gonçalves (um abraço) e mais tarde a João Gabriel, criando então condições para encetar a grande aventura de refundar o Benfica. Foi a nova Luz, foi o Seixal, foi a credibilização financeira, foram várias experiências com técnicos, foram, enfim, uma série de iniciativas, umas conseguidas que outras, com as quais teve o mérito de aprender e evoluir. Pelo meio, conseguiu que o projecto não naufragasse apesar da crise, da troika e da implosão do BES, com quem o Benfica trabalhava preferencialmente. Nada disto foi fácil, muito disto deveu-se, mais do que a uma planificação científica, a uma intuição muito apurada e a verdade é que o resultado, todos estes anos depois, é simplesmente notável.
Os louros do tetra têm de ser divididos por muita gente. Mas uma coisa parece-me incontornável: o Benfica nunca seria campeão se o clube - adeptos, dirigentes, jogadores, treinadores - não estivesse unido, pacificado e coeso. E esse mérito, acima de todos, pertence a Luís Filipe Vieira, que fica agora a um título nacional de Borges Coutinho na lista dos presidentes do Benfica mais titulados. Uma questão de tempo..."
ÁS
Rui Vitória
Com um estilo peculiar, um low profile que contrasta com o perfil exuberante do seu antecessor na Luz, soube conquistar espaço próprio e já está na história do Benfica ao lado de nomes como os de Hertzka, Guttmann, Hagan e Eriksson. E com a vantagem de ser o professor do tetra. Casamento feliz, o que liga Benfica e Vitória...
ÁS
Luisão
Foi preciso esperar quase oito décadas para que houvesse tetracampeões no Benfica. E Luisão é o chefe-de-fila de um grupo que conta ainda com André Almeida, Jardel, Fejsa e Salvio, nomes para a eternidade na história dos encarnados. Luisão, por seu turno, é a grande referência benfiquista do renascimento do século XXI.
DUQUE
Marco Silva
Apesar de uma recuperação empolgante, traída por uma derrota caseira com o Sunderland, há uma semana, o Hull City desceu ao Championship. Um registo triste para Marco Silva que, contudo, mostrou-se à Premier League onde continuará, se assim entender. Mas pode ser que receba algum convite especial de Portugal...
Benfica de Carrillo visto no Peru
A imprensa peruana deu grande destaque ao tetra benfiquista, referindo, claro está, a presença de Carrillo na equipa de Rui Vitória. Pode não ter sido a época, em termos de relevância individual, com que Carrillo sonhou. Mas é campeão e parece sincero ao dizer que está feliz com a opção que tomou.
Sporting, um clube, dois discursos
«Benfica foi o vencedor. Nem tem discussão aquilo que foi o Sporting este ano e do ano passado. Foi um vencedor justo...»
Jorge Jesus, treinador do Sporting
Jorge Jesus não teve problemas em aceitar a justiça do título conquistado pelo Benfica, reconhecendo a diferença de produção entre o Sporting da época passada e aquele da temporada ainda em curso. Trata-se de uma abordagem ao arrepio dos sound bytes da comunicação oficial do clube, o que põe a nu, uma vez mais, a existência de dois discursos autónomos em Alvalade.
'Baby' Mónaco
Dezassete anos depois, o Mónaco volta a ser campeão de França, colocando ponto final na ditadura do PSG! E com um carimbo 'made in Portugal'. Leonardo Jardim, o treinador que ninguém conhecia no 'hexágano' e acabou por calar os mais chauvinistas é o porta-estandarte lusitano, Bernardo Silva, o pequeno príncipe, afirmou-se como melhor jogador da La Ligue, João Moutinho temperou com experiência a equipa campeã mais jovem nos 'big five' e, 'last bu not least', Luís Campos, que já se mudou para Lille, foi peça importante neste projecto."
José Manuel Delgado, in A Bola