sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Parece impossível ganhar este ano

"Desde treinador a jornalistas, foi unânime que o SC Braga fez contra o Benfica a sua melhor exibição da época. Nunca é fácil ganhar em Braga, mas este ano teríamos mesmo que o fazer para manter a chama do Campeonato acesa. Assim foi!
Nos últimos dois meses, os erros de arbitragem são em todos os campos, de todas as formas e no mesmo sentido. Braga não foi excepção, mas teremos mesmo que jogar e contar com essa realidade até ao fim. Parece ser quase impossível ganhar este ano.
Seguimos a agenda num difícil encontro com a equipa sensação do campeonato. Vai ser complicado o jogo contra o Chaves, logo à noite. O Chaves fecha bem e contra-ataca melhor. É mesmo das equipas que mais dificuldades pode criar ao estilo de jogo encarnado. Será mais uma etapa no nosso difícil percurso, faltam 12, e cinco das seis saídas são no grande Porto (Feira, Paços, Moreira, Vila do Conde e Bessa). Não há margem para lamentos.
O FC Porto não teve sorte no sorteio da Champions. A Juventus parece que não joga muito... e ganha sempre. Tem a vantagem de nunca quererem esmagar e golear, ao contrário de outros adversários mais predadores.
Alguns portistas queixaram-se da arbitragem. Acho injusto. Por um lado não podia ser nomeado o Luís Ferreira, por outro, foi este árbitro e as suas escandalosas actuações que deram a muitos dos adeptos azuis e brancos a única alegria dos últimos 40 meses. Sejamos justos, Nuno Espírito Santo pautou-se pelo equilíbrio. Chegados a este nível os emblemas nacionais chocam com uma barreira, onde também está a imensa qualidade adversária.
Terça-feira temos um problema que outros rivais não têm: uma meia-final da Taça de Portugal para resolver, contra o Estoril. Ainda bem que somos prejudicados por uma agenda tão cheia, é assim quando se é muito grande e se quer ganhar muita coisa."

Sílvio Cervan, in A Bola

Luís Dourado e apito Ferreira

"Os antigos gregos usavam mitos para explicar fenómenos da natureza e as origens do homem e do mundo, mas Homero, que tão bem o fez em Ilíada e Odisseia, não previu o futuro, ou não se teria esquecido de Mitrolgou, um semi-Deus cujos poderes o têm notabilizado na Ibéria.
Não é o caso do nativo e terrivelmente mundano Luís Ferreira, detentor de uma arma outrora poderosa, mas ainda útil amiúde - um apito dourado. Não anulou totalmente os poderes de Mitroglou, mas quase. No passado, o desavergonhado Luís Ferreira, então desconhecido, serviu os mestres de tal arma nos tribunais e, no presente, apesar da sua aparente propensão para o erro selectivo, tem tido direito a apitar diversas partidas de águias e dragões, sempre em prejuízo dos primeiros e benefício dos segundos (e não é o único). Diz-se dele que goza da protecção de um tal de Costa. Se é Paulo ou Pinto, não se sabe, mas sairá com boa avaliação ou bofetada de um super adepto.
E o que dizer de Saraiva do Facebook, papagaio do Talismã de Carvalho e descobridor dos 'exércitos mitológicos' nas fábulas de La Fontaine. Ou se trata de um mito e seria um aprendiz de Némesis, ou de uma fábula, e nada melhor que um caniche irritante e inconsequente para representá-lo. É que, aos leões, resta assegurar o terceiro lugar. Aos lagartos, interessará sobretudo lutar contra o tetra ou Bi 18. Por isso, em vez de nos agradecerem os pontos no ranking da UEFA e a nossa ajuda no firmamento da sua posição no futebol português, a terceira, pelo contrário atacam-nos despudoradamente. Sobre os escândalos portistas, incluindo frente ao Sporting, nem uma palavra. São, de facto, os idiotas míticos e úteis da fábula do dragão dourado."

João Tomaz, in O Benfica

Coacção

"A iniciativa do Sport Lisboa e Benfica - Futebol, SAD de solicitar, na semana passada, uma reunião com a Secção Profissional do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol merece ser saudada por três motivos.
Em primeiro lugar, a transparência. A preocupação de o presidente Luís Filipe Vieira e seus pares tomarem o futebol português mais atractivo do ponto de vista desportivo e, sobretudo, mais integro a nível da transparência das suas competições é a melhor prova da importância que o Glorioso confere à credibilidade da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Por muito que custe a reconhecer a algumas mentes mais perversas, a verdade é que nas últimas semanas se têm verificado situações de coacção e condicionamento sobre a arbitragem.
As ameaças feitas do árbitro Artur Soares Dias, em pleno Centro de Treinos da Maia, no dia 5 de Janeiro deste ano, por membros da claque do FC Porto e o pertardo disparado pelos mesmos adeptos para o guarda-redes Moreira, no Estoril-FC Porto, foram dois episódios gravíssimos. Todos esperamos que as entidades competentes investiguem acusem e punam os infractores. É intolerável que um árbitro, seja o primeiro ou último classificado, se sinta condicionado em campo a pensar que algo de mal lhe poderá acontecer ou aos seus familiares se tomar uma decisão que prejudique o clube dos adeptos ameaçadores.
Basta analisar os jogos do Tricampeão com Boavista, V. Setúbal, Nacional, Arouca e SC Braga para detectar erros clamorosos que nos causaram a perda irreparável de três pontos, uma expulsão injusta, três expulsões perdoadas aos nossos adversários, um golo mal invalidado e cinco penálties por assinalar a nosso favor.
Basta analisar os jogos do FC Porto com Paços de Ferreira, Rio Ave, V. Guimarães e Tondela para perceber que o nosso adversário devia ter menos cinco pontos.
Só não vê quem não quer."

Pedro Guerra, in O Benfica

Indignação!

"Apesar do triunfo alcançado em Braga, e da manutenção da liderança do Campeonato, confesso que, no domingo à noite, senti uma enorme preocupação.
Independentemente dos resultados, o que se passou nos estádios em que se lutava pelo título não pode ser branqueado. O Benfica ganhou, mas o golo de Mitroglou não apaga mais uma arbitragem desastrosa, e muito penalizadora para o nosso Clube – algo que, sobretudo de há uns meses para cá, se transformou num hábito.
Dois penáltis por marcar e um golo mal anulado, entre outros erros menores, são matéria mais do que suficiente para estabelecer um padrão: o campo estava inclinado, como esteve nos jogos com o Boavista, com o Moreirense e com o V.Setúbal. Paralelamente, o FC Porto, em vésperas de compromisso europeu, viu a sua equipa simpaticamente guiada até a uma confortável vitória, por uma arbitragem digna dos anos noventa. Como disse o treinador do Tondela, o que ali se viu foi surreal, e é assustador para quem esperava um Campeonato decidido apenas dentro das quatro linhas. 
Assusta mas, infelizmente, não surpreende. Quando, no início de Janeiro, os árbitros foram objecto de uma inusitada campanha de intimidação a duas vozes, temi desde logo os efeitos. Eles não se fizeram esperar. Aí os temos. Nas nomeações, e consequentemente nos jogos.
Este Campeonato é muito importante para nós, mas ainda mais importante para o nosso adversário directo. Os últimos quarenta anos ensinaram-nos muito. Alguns dos protagonistas mantêm-se e a falta de pudor também. As pressões metem medo e fazem mossa. Esperar algo diferente é como acreditar no Pai Natal."

Luís Fialho, in O Benfica

Poderoso Benfica

"Chegámos hoje à trimilésima octocentésima edição do semanário oficial do Sport Lisboa e Benfica.
Não se trata de um número de ordem normal na vida de um jornal desportivo.
Agora, à medida que os tempos se mudam, os meios transformam-se: as expectativas e as ofertas vão-se tornando cada vez mais efémeras, enquanto os públicos se volatilizam ao ritmo de novas solicitações e disponibilidades do mercado. E se  enquanto na sociedade dos cidadãos tudo depende, mais e mais depressa, da circunstância e do resultado, os efeitos do tempo na esfera desportiva são ainda mais severos: com verdade verdadeira e realisticamente provada, quantos jornais de clube já chegaram, efectivamente, ininterruptamente, à sua edição n.º 3800?
Em Portugal, nenhum! E, de que aqui haja conhecimento expresso, na Europa e no mundo, nenhum outro, também.
Temos como historicamente provado que, ao tempo do seu lançamento no inicio dos anos quarenta do século passada, o jornal O Benfica constituiria um dos primeiros dínamos próprios, não especificamente competitivos, a dar corpo real à lapidar consigna do Clube - E pluribus unum - Ser um, único, entre todos.
O nosso jornal foi criado há mais de sete décadas para gerar coesão informativa ao esparso universo dos adeptos Benfiquistas. Nasceu no momento próprio para acentuar as relações da instituição com os seus simpatizantes, mas também para estabelecer novas conexões entre os próprios adeptos do Benfica.
Através dos precisos registos das competições em que o Sport Lisboa e Benfica participava, O Benfica pontuava pari passu a crescente grandeza do Clube; e, mediante o noticiário informativo relacionado com as actividades conviviais e culturais do tempo, criadas no quotidiano comum daquelas centenas de atletas que progressivamente vinham acolher-se sob as asas da Águia, o semanário já estimulava o associativismo que mais tarde sedimentaria a coesão do único e poderoso Benfica português e internacional.
Hoje os tempos são outros, os atletas e as modalidades estão diferentes, os leitores e o jornal modificaram-se, como se alteram, e muito, os seus contextos. Mas, na essência, a ideia de Benfica permanece em todos os textos e todas as fotos em todas as páginas do jornal O Benfica: dar notícia e defender um Benfica vencedor que continue a ser sempre o primeiro e único, entre todos os outros."

José Nuno Martins, in O Benfica

Mitroglou decide, Bernardo Silva encanta

"Positivo:
5 pontos: Konstantinos Mitroglou
O avançado grego do Benfica não tem a classe de Jonas, a fantasia de Rafa, a explosão com bola de Gonçalo Guedes, entretanto vendido ao Paris Saint-Germain. Tem aquela pose curvada, como se carregasse um peso nos ombros, afaga a barbicha como se tivesse todo o tempo do mundo, por vezes parece jogador de finalização à boca da baliza mas em Braga demonstrou o contrário: assumiu o risco e entrou pelo buraco da agulha. Com apenas dois remates enquadrados com a baliza em dois jogos, Mitroglou garantiu igual número de vitórias importantíssimas para o Benfica, frente a Borussia Dortmund e Sp. Braga. Cinco golos em quatro jogos consecutivos a marcar, 45 em 76 aparições de águia ao peito. Números gordos para um avançado de eleição, a constante num sector que se tem debatido com as ausências de Jonas, a saída de Guedes, a inconstância de Rafa. Mitroglou, esse, tem estado sempre por lá.

4 pontos: Bernardo Silva
Por vezes não conseguimos acompanhar devidamente a evolução de Bernardo Silva com a camisola do AS Monaco. Elemento fundamental na manobra de Leonardo Jardim, leva já 127 jogos pelo clube do Principado, 26 golos, incontáveis assistências e ainda mais pormenores de classe refinada. Aos 22 anos, Bernardo não é uma promessa. É uma certeza. Podia ser encarado na reta final da formação como um criativo sem agressividade em campo, mas o jovem português tem demonstrado o contrário: assume o jogo, procura, cria e não se deslumbra. Pensa o jogo como individualidade mas sempre com o colectivo como prioridade. A exibição no reduto do Manchester City, em duelo épico na Liga dos Campeões (5-3), apenas surpreenderá quem não o conhece. Delicioso.

3 pontos: Miguel Leal
Tem desenvolvido um trabalho muito interessante no Boavista, nem sempre valorizado. Arrumou a equipa, projectou o seu preferencial equilíbrio, sem abdicar de uma noção de futebol positivo que completa bem a postura tradicionalmente intensa da equipa axadrezada. Com cinco pontos nos últimos três jogos, o Boavista chegou aos 29, está na 8.ª posição e lançado para uma época tranquila. Tudo sem excesso de protagonismo, como alguns colegas de classe, apenas com trabalho sério e discreto. Um bom treinador, a justificar o aplauso.

Negativo
2 pontos: Alex Telles
A Juventus já tinha assumido ascendente sobre o FC Porto mas a expulsão de Alex Telles comprometeu definitivamente as aspirações da formação portista nesta Liga dos Campeões. Não há desculpa para a falta de prudência do lateral. Tem 24 anos, jogou na Champions pelo Galatasaray, na Serie A pelo Inter de Milão, não pode ser acusado de inexperiência. Demonstrou uma inexplicável agressividade, pouco habitual no seu jogo, e a equipa pagou a factura. Pediu desculpa, o que lhe fica bem, e tem outro argumento de peso: um bom desempenho até ao momento, para além de entrega à causa, visível na forma como festeja triunfos com os adeptos. Foi, enfim, um dia mau.

1 ponto: Leicester
Um impronunciável Aiyawatt Srivaddhanaprabha procurou justificar uma das decisões mais chocantes de 2017: o despedimento de Claudio Ranieri, a 23 de Fevereiro, um mês e meio depois de o treinador italiano ter sido eleito o melhor do mundo na Gala The Best da FIFA. Há nove meses, levou o Leicester a um incrível – e irrepetível? – título na Premier League de Inglaterra. Está a um ponto da zona de descida, é certo, mas o que ganhará o clube com esta medida, nesta altura do campeonato? Ranieri tinha crédito e conhecimento de causa. Se o sucessor não evitar a despromoção, ninguém perdoará este gesto. Fica para a história do futebol mundial.
(...)"