quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Olho por olho, dente por dente, ... vamos a isto, Benfica?

"Para a derrota do Bonfim contribuiu novo escândalo provocado pela arbitragem do futebol português.

Sonhos... ou pesadelos?
1. Na madrugada de terça-feira passada tive vários sonhos que seriam - a concretizaram-se - verdadeiros pesadelos. Sonhei que o Benfica tinha perdido com o Vitória de Setúbal para o campeonato.
Sonhei que o Gonçalo Guedes tinha sido vendido.
Sonhei que as saídas de Raul Jiménez, Lindelof, Nélson Semedo, Ederson, Samaris, Mitrolgou e Jonas estavam a ser negociados.
Felizmente acordei e percebi que todos esses sonhos não passavam de meros sonhos, sem consequências...
A não ser o que virou mesmo pesadelo... a da derrota em Setúbal.
E - claro - o de Gonçalo Guedes.
Ainda bem que o mercado encerrou...

Naufrágio no Sado
2. Ainda assim, afastados quase todos os possíveis pesadelos... houve um verdadeiro desastre no Sado. Logo após a derrota com o Moreirense, na meia-final da Taça da Liga - jogo revelador da necessidade de alguém precisar de ter saído de um determinado clube para poder ganhar alguma coisa - voltámos a perder.
Confirmou-se uma tendência: perdemos, por 1-0, com um golo que resultou do único remate enquadrado do Vitória de Setúbal.
Ou a de não ganharmos quando o Benfica começa a perder (a sétima vez esta época).
Esta derrota, frente ao Vitória, foi o culminar de uma das mais fracas exibições da temporada (ou a pior!).
Seria, sempre, um jogo difícil, até porque tinha sido no Bonfim que Porto e Sporting (também) perderam, embora em competições diferentes.
Mas, para esta derrota, também contribuiu um novo escândalo provocado pela arbitragem do futebol português: uma grande penalidade clara por assinalar (a mais que revista 'queda' de Carrillo), imediatamente antes do fim do jogo (e já nem falo do resto).
Não obstante esse facto, a verdade é que já começam a ser muitos pontos perdidos.
Ultimamente, para o campeonato, além da derrota frente ao Marítimo, nos Barreiros, empatámos com o Boavista, em casa.
Uma quebra de rendimento e de resultados que encontra a sua razão no abaixamento de forma da equipa.
Eu sei que fomos atingidos, desde o início da época, por uma gigantesca onde de lesões - o que, inevitavelmente, tem consequências na disponibilidade física e mental do plantel.
E essa quebra física foi, naturalmente, visível no jogo com o Vitória de Setúbal.
Só espero que esta perda de pontos não nos venha a fazer falta, no fim na tão ansiada e pretendida conquista do Tetra.
Porque, para a história, além desse registo, fica a lição.
Essencialmente pela falta de garra, de intensidade e de eficácia - a tal condição necessária e suficiente à concretização da vitória.
E como, na segunda feira passada, quem costumava fazer a diferença não a fez...

Dos outros lados
3. ,,, nem bons ventos, nem bons casamentos. Na verdade, nenhum dos outros, dos ditos grandes, tem jogado bem.
Do que se vai vendo, fazem jogos fracos contra equipas menores.
À 19.ª jornada, ainda que com apenas mais um ponto, continuamos líderes.
E, ainda que com 'apenas' um ponto, prefiro estar na frente.
Porque, acabando com um ponto de diferença, conquistarei o Tetra!
O resto é treta...
Há muito campeonato pela frente e os principais candidatos ao título - os dois expectáveis e o outro por cortesia - ainda vão perder muitos pontos.
Há deslocações importantes e decisivas, para um, como a ida a Guimarães.
E a Braga, onde os 3 ainda têm de ir.
Por isso, nada melhor que continuarmos - todos nós - a acreditar no Tetra.

Olho por olho, dente por dente, ... vamos a isto, Benfica?
4. Mas, perante tanta adversidade, de nada nos servirá termos, neste momento, uma postura permissiva. Vão por mim: com essa postura não seremos tetracampeões!
Desengane-se, também, quem acha que o caminho é protestar contra a equipa.
Como aconteceu, recentemente, na chegada ao Seixal.
Todos estamos insatisfeitos.
Todos, sem excepção.
Mesmo aqueles que estão sempre presentes, os que, perante a adversidade de um jogo, aplaudem e incentivam a equipa em cada desaire.
Os tais que, mesmo perante qualquer perda de pontos, no fim, aplaudem e incentivam a equipa para o próximo desafio, pedindo - como já aconteceu - o «36.º».
Isto é o Benfica.
Mas não me canso de repetir (e de lembrar a quem tem, hoje, responsabilidade nisso): a estratégia que deveríamos adoptar perante a tentativa de desestabilização e de 'chicoespertice' alheia... tem de ser a de 'olho por olho, dente por dente'.
Porque ela é a única linguagem que os nossos adversários entendem.
Criou-se a imagem que o Benfica era beneficiado e todos os outros clubes prejudicados.
E há quem esteja a deixar-se embalar pelos cantos da sereia.
Por isso, a nossa revolta e protesto terão de ser a da expressão desse nosso inconformismo e dessa nossa disposição para combater a mentira dos outros, para que, por tantas vezes repetida sem oposição nem desmentido, passe a ser verdade.
Porque não concordo com a ideia da nossa superioridade assentar no silêncio.
Qual é a estratégia do Benfica perante a teoria do nosso benefício?
Qual é a estratégia do Benfica perante quem, embora jogando com as mesmas regras, recorre à batota?
Perante quem quer - com essa estratégia de invocação do benefício do Benfica - corromper quem decide?
Perante quem, achando que ainda vive nos tempos de impunidade, nos provoca em cada declaração, em cada entrevista, em cada 'graçola'?
Será que a nossa estratégia é não ter estratégia?
E, por isso, ignorar pacificamente a violência verbal, fazendo de conta que nada de passa, quando nos provocam e nos prejudicam?
Será este nosso silêncio a nossa melhor arma?
Pois, para mim - volta a repeti-lo - nada mais errado!
No jogo com o Boavista, por exemplo, na Luz (3-3), estivemos a perder 3-0, com 3 golos irregulares!!!
Alguém falou sobre essas irregularidades?
Situações como essas precisam de ser denunciadas, sobretudo por quem tem responsabilidade, que coincide, essencialmente, com quem tem legitimidade institucional.
Bem sei que há quem não fale por elevação!
Mas alguém com legitimidade tem que falar!
Porque, como diz o povo - e o Benfica é o povo - ... «quem cala consente»!
Para que não nos confundam com quem prefere, nas palavras de Cìcero, «a paz mais injusta à mais justa das guerras».
Porque, com outra postura, contrária a essa, que não a da conflitualidade em resposta à conflitualidade dos outros, seremos - como diria (e bem) Rui Vitória na época passada - «comidos de cebolada».
«Olho por olho, dente por dente», ... lembrem-se!
E quem avisa..."

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Vitória...

Benfica 92 - 59 Sampaense
27-12, 23-23, 22-16, 20-8

Obrigação cumprida... vamos defrontar o vencedor do Galitos-Ovarense nas Meias-finais da Taça Hugo dos Santos, no Sábado.

A nota de preocupação, são as lesões do Raivio e do Lonkovic. Neste tipo de competições, a profundidade do plantel é importante, e neste caso temos menos dois...!!!

Grandes, médios e pequenos

"O futebol alimenta-se muito da imprevisibilidade. Ou para nosso gáudio, ou para nos amachucar. Esta é uma característica que mais o distancia de outros desportos colectivos, onde a surpresa é nem menos frequente. E é, também, um dos factores que distinguem as competições inglesas, onde a anormalidade de um resultado viria normalidade em cada fim-de-semana.
Em Portugal, sempre houve uma muito vincada e excessiva hierarquização dos comentadores. Daí a divisão entre 'grandes' e 'pequenos', aqui a acolá sacudida por um intruso,que alguns rotulam de 'médio' ou 'aspirante a grande'. Na história do futebol português, o Belenenses foi o único clube que já passou pelas três situações. Já o Benfica, uma vez campeão, nunca garantiu o estatuto de 'grande'. Nos 'médios', o Braga está à frente, seguido do Vitória de Guimarães. Restam o outro Vitória (de Setúbal) e a Académica, uma vezes médios, outras, pequenos.
Este ano, não nos faltam resultados de todo improváveis. Nenhum 'grande' na final da Taça da Liga, vergados pelo Moreirense (duas vezes) e Vitória. Na Taça de Portugal só o Benfica resiste depois do Desp. Chaves ter mandado pela borda fora FCP e SCP. No campeonato, basta lembrarmo-nos da primeira parte do Rio Ave contra os leões (3-0), da primeira meia hora do Boavista na Luz (0-3) ou do Tondela que resistiu ao Porto.
Excesso de confiança, falta de estimulo, emulação dos oponentes, aproximação dos treinos, aperfeiçoamento das tácticas, sorte, tudo tem o seu contributo para isto. Algo parece estar a mudar.
P.S. «Adeptos do Benfica atacaram autocarro». Adeptos? Do Benfica? Nem pensar..."

Bagão Félix, in A Bola

A Lei 5 é a lei do árbitro. E é um presente envenenado

"Eis então a Lei 5, a que que se dedica, em exclusivo, ao juiz de campo, ao dono da autoridade no terreno de jogo, ao homem do apito: o árbitro.
Uma das afirmações mais importantes desta regra refere-se às decisões que os árbitros tomam em campo:
Segundo a lei, elas devem ser tomadas o melhor possível, de acordo não só com as Leis mas também com o “espírito do jogo”, sendo que o árbitro dispõe de poderes discricionários para tomar as medidas adequadas, dentro do quadro das leis.
No fundo, é um presente envenenado, que entrega ao árbitro a liberdade para decidir a forma como interpreta e aplica a lei.
É precisamente essa subjectividade que, tantas vezes, está na base de muitas das críticas a que estão sujeitos. É que, sendo as leis tantas vezes vagas, é quem as aplica em campo que tem a responsabilidade de dar, no caso concreto, a melhor solução. E isso é tantas vezes falível como, no mínimo, questionável.
Agora vamos ao sumo daquilo que há de mais importante nesta regra:
O árbitro não pode revogar uma decisão incorrecta se só reparar nela após o jogo ter recomeçado. Ou seja, se um árbitro só recebeu indicação que um golo foi ilegal (ex: fora de jogo do marcador) depois da partida já ter reatado no meio campo, não pode fazer nada (apenas mencionar os fatos no relatório). Isto aplica-se também a decisões erradas detectadas após terminada a 1.ª parte ou o jogo.
Agora vamos ver olhar para alguns dos poderes / deveres mais genéricos que a lei concede ao árbitro. Ele deve:
a) Velar pela aplicação das leis;
b) Controlar o jogo, com a sua equipa;
c) Assegurar a função de cronometrista, anotar incidentes e fazer relatório pós-jogo para as entidades competentes;
d) Supervisionar / indicar recomeços de jogo (tais como pontapés de saída, livres, de canto, de baliza, etc).
É também na Lei 5 que o árbitro encontra suporte legal para a aplicação da lei da vantagem: ele deve deixar seguir o jogo quando a equipa que sofreu a infracção beneficie da não interrupção do jogo, tal como o deve interromper de imediato (ou nos segundos seguintes) se a vantagem prevista não se concretizar.
Depois, há a questão dos poderes disciplinares. Ele deve, entre outros:
Punir a falta mais grave caso ocorra mais do que uma ao mesmo tempo;
Agir disciplinarmente contra o jogador que tenha cometido falta passível de advertência (amarelo) ou expulsão (vermelho);
Expulsar os elementos técnicos que tenham comportamentos irresponsáveis;
Intervir sempre que alertado por colegas de equipa para incidentes que não tenha visto.
Quanto à gestão de jogadores lesionados, a lei autoriza o árbitro a deixar o jogo prosseguir (mas apenas até à interrupção seguinte) se entender que a lesão é leve, mas por outro lado impõe que o interrompa de imediato se achar que a lesão é grave.
Mais. Qualquer jogador a sangrar deve abandonar o terreno e só pode regressar com autorização do árbitro, depois de devidamente tratado.
Caso entre a maca em campo (saibam que há situações de excepção em que isso não é obrigatório), o jogador magoado pode sair deitado nela ou optar por caminhar pelo seu próprio pé. Caso se recuse a abandonar o terreno nessas condições, será advertido por comportamento anti-desportivo.
Se, porventura, o lesionado tinha que ver o cartão amarelo ou vermelho, este deve ser exibido antes dele sair do terreno de jogo (mesmo que deitado na maca).
E quando há interferências do exterior?
Aí o árbitro tem poderes para suspender o jogo temporária ou definitivamente (se entender que há razão externa plausível).
Exemplos: falha na iluminação artificial, agressão a um elemento da equipa de arbitragem que seja impeditiva, duas bolas em campo, entrada de um animal no terreno, etc.

Equipamento
Tal como os jogadores, o árbitro tem bem definido na lei o equipamento a utilizar. E não nos referimos especificamente à sua indumentária habitual.
Para além dessa, ele tem que levar consigo outros acessórios: pelo menos, um apito e um relógio, além de cartões (amarelo e vermelho) e bloco de notas.
Pode ainda utilizar equipamentos de comunicação (para falar com a restante equipa) e qualquer sistema de monitorização de desempenho (relógio tipo "polar", etc).

Sinais
Mas o apito não é a única forma de comunicação que os árbitros dispõem. A linguagem corporal é igualmente fundamental para transmitir para o exterior muitas das suas decisões.
Aliás, ela é igualmente poderosa na forma como pode credibilizar (ou não) a autoridade do árbitro em campo. Para isso, é importante que ela seja exercida a preceito, com sensatez e discrição.
Os braços, por exemplo, servem para passar um conjunto de sinais pré-definidos, que indicam às equipas / ao público qual a decisão que o árbitro tomou, em dado momento.
Por exemplo, o árbitro estende um ou dois braços para a frente quando pretende aplicar a lei da vantagem ou levanta um braço na vertical para indicar que um pontapé livre é indirecto.
Entre estes, muitos outros (os que apontam para a marca de pontapé de penálti, os que indicam o pontapé de canto, o de reinício da partida, etc).
Os árbitros são responsáveis por eventuais consequências da suas decisões?
A Lei 5, numa decisão que pode levantar outras dúvidas num contexto extra-desportivo, refere que nenhum árbitro é responsável por qualquer lesão ou prejuízos causados a pessoas ou instituições que resultem de muitas das decisões que tome (por acção ou omissão) em campo.
Exemplos dessa premissa: permitir que um jogo continue em condições climatéricas desfavoráveis, parar (ou não) uma partida, permitir ou não o transporte de jogadores lesionados para fora do terreno de jogo ou até qualquer outra decisão tomada em conformidade com as Leis de Jogo e com os regulamentos da competição em causa.
Mais havia por dizer, mas estas foram - grosso modo - as linhas principais desta lei. A ideia é que se perceba a legitimidade de quem toma as decisões em campo. As mais fáceis, as mais controversas e as assim, assim.
Voltaremos para a semana com a Lei 6.
Porque os Árbitros Assistentes também desempenham papel fundamental num jogo de futebol."