"Na conferência de imprensa após a eliminação com o Rio Ave, Rui Vitória dizia, com razão, que as crónicas do dia seguinte seriam centradas no resultado, mas se fosse analisada a exibição as conclusões seriam diferentes. Podemos, de facto, pôr de lado os resultados do Benfica e analisar alguns aspectos do futebol jogado e da sua evolução. Há maus e bons sinais.
Por esta altura, o Benfica disputou 26 jogos e tem um fraco pecúlio: 14 vitórias, quatro empates e oito derrotas. O que explica estes resultados parece ser, agora, unânime: saída de jogadores chave que não tiveram substitutos à altura (curiosamente, o Monaco, que também sofreu uma sangria no plantel, foi outra equipa que, este ano, piorou muito na Champions). O que fez com que problemas que, no passado, eram disfarçados com a qualidade individual de vários jogadores se tornassem mais visíveis.
Neste contexto, Rui Vitória teve o bom senso de promover uma alteração no sistema de jogo. O Benfica, de forma a controlar o jogo em posse, precisava de desenvolver uma variação do sistema, que não dependesse apenas de transições ofensivas e de uma vertigem atacante e que não colocasse em Pizzi toda a responsabilidade de organizar as saídas para o ataque. Com um meio-campo a três e com a entrada de Krovinovic, o Benfica passou a ser uma formação mais equilibrada.
Desde o jogo em Guimarães que, no campeonato, o Benfica tem mostrado melhorias no seu jogar. Claro está que subsiste um problema que vem do início da época: a equipa piora ao longo do jogo e, frequentemente, entra bem nas partidas para terminar mal ou a sofrer (sintomaticamente, o Benfica perdeu ou empatou cinco partidas em que esteve a ganhar – CSKA; Boavista; Braga; Marítimo e Rio Ave – e sofreu noutras tantas para manter a vantagem conquistada).
Poderá haver duas razões para que isto aconteça: uma de ordem física, outra táctica. Com o passar dos minutos o trabalho invisível de Fejsa vai sendo menos eficaz e a capacidade de os alas pressionarem diminui. Numa equipa que combina alguns pesos pluma com jogadores já no ocaso da carreira é um problema. Importa, também, salientar que é preciso procurar muito para encontrar um jogo em que alterações tácticas e/ou substituições no decorrer dos encontros não tenham piorado a equipa.
Há, contudo, melhorias nas últimas cinco partidas do campeonato. O Benfica tem dado sinais de que controla melhor o jogo e tem um ataque mais organizado. A chave tem sido um Krovinovic capaz de se mostrar, dar soluções aos colegas na primeira fase de construção e de ganhar metros com passes verticais a romper os equilíbrios defensivos dos adversários. Falta, agora, trabalhar (muito!) defensivamente o novo sistema e esperar que se forme uma sociedade entre Pizzi e o croata, que permita mais variações no decorrer dos jogos. Claro está, é preciso também que, em Janeiro, se compensem os equívocos de planeamento no defeso."
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