quinta-feira, 9 de novembro de 2017

VARinha mágica e farinha 33 (VAR fora-de-jogo)

"O que teria dito Domingos se o oponente fosse o Benfica e não tivessem sido assinalados dois 'penalties' contra o Belenenses?

Esta ronda do campeonato foi, VARiavelmente eloquente. Refiro-me à apreciação do VAR, não se sabendo ainda se umas vezes é o vídeo do árbitro que interfere ou se é o árbitro do vídeo que determina. Um insondável VARómetro...
Nas últimas jornadas, o VAR virou VARinha. Primeiro, aVARiado nas Aves, assim permitindo o desenrolar de uma jogada irregular que acabou por terminar no terceiro golo do Benfica (todavia, recordo para os mais distraídos que o Benfica já estava a ganhar).
No FC Porto - Belenenses, juntou-se a fome com a vontade de comer: um VAR mais a arquiVAR do que o comproVAR e um árbitro VARíssimo, perdão Veríssimo, como de costume tão desastrado, quando vaidoso. Dois penálties cristalinos a favor dos azuis do Restelo por marcar, quando o resultado estava em branco. Protagonizados por um tal de Felipe que já no jogo contra o Leixões deveria ter sido expulso e nem um sumaríssimo ou coisa que o valha levou. O homem esquece que o jogo é com uma bola e atira-se ao oponente com impetuosos encostos de ombros, isto é com os braços que tem mais à mão. Tudo tão evidente que só posso imaginar que o VAR estivesse a saliVAR não sei o quê.
No Sporting - SC Braga, inventou-se uma nova forma de desactiVAR o VAR: é que o árbitro principal e o assistente não esperaram meio-segundo para justificar a existência do VAR. Assim o SC Braga marcou um golo limpinho, para o qual o VAR nada poderia fazer por subitamente interrompida a jogada por um apito xistrado. Curioso é que, em tese, o VAR existe para que os árbitros de campo não se precipitem e usem a cabecinha com conta, peso e medida. Curioso é também há uma semana, no Rio Ave, o fora-de-jogo (ainda que curto) do golo de Bas Dost ter passado com VAR. E ainda houve o penálti que dá o empate dos leões na última jogada da partida com o SC Braga. Patetice de Ricardo Horta, contudo precedida de uma falta clara de Doumbia sobre um defesa bracarense. Os mesmos que apontaram o dedo ao árbitro em Aves, são agora os mesmos que se calam perante uma situação que alterou o resultado final (ao contrário do jogo do Benfica).
Enfim, muita tinta já correu sobre o VAR e vai continuar a correr. As coisas aparentemente estão a correr pior do que se suporia no início. Sobretudo com aquela regra tentativvamente objectiva de o VAR só balbuciar quando não há margem para dúvidas. Pois é, mas esta suposta certeza não deixa de ter uma parte subjectiva, como já vimos, sobretudo, em situações de grande penalidade. Ou seja, para anular um penálti marcado pelo árbitro, o VAR tem de estar plenamente seguro da sua posição. Basta 1% de insegurança e nada muda (vide o golo claramente forçado do Sporting ao V. Setúbal no final dos 90m.). E para dizer ao árbitro para marcar um penálti por ele não assinalado, o VAR tem de estar 100% seguro (vide os lances do FCP - Belenenses). Entre as duas situações, vale tudo, isto é, manda o árbitro, com o VAR a não estorVAR.
Uma curiosidade: havia um sportinguista fardado, com o número 33 (como a farinha) que estava do lado contrário aos bancos e exactamente atrás do juiz de linha que subiu a bandeirinha na jogada do golo mal anulado ao SC Braga. A fazer o quê?

Europa e Selecção
Mais uma jornada europeia. Desta vez melhor para Portugal. Excelente o Vitória, valente o Sporting de Braga. O FC Porto ganhou e consolidou a aspiração a passar à fase seguinte, mas a resultado é algo enganador. O Sporting é, também esta época, o campeão europeu do quase. Quase ganhava ao Real Madrid e ao Dortmund no ano passado, quase ganhava ao Barcelona e à Juventus este ano. Um quase que não deu para ganhar ao SC Braga. Questão física? Cansaço mental? Já o Benfica continuou a sua penosa campanha europeia. Não me serve de consolação dizer que «jogámos benzinho» em Manchester e que o árbitro foi muito mau (um abalroamento sobre Pizzi na área inglesa e o primeiro penálti contra o Benfica inventado). Não gosto de resultados morais e muito menos de elogios de comiseração de Mourinho.
A propósito, porque é que há árbitros para quem a mesmíssima falta é assinalada se fora da grande área e não o é se dentro dela? Por exemplo, voltando aos penáltis destes últimos dias, o lituano que arbitrou em Manchester não marcaria a falta sobre o Pizzi se fosse a meio-campo? Ou se, no Dragão, Felipe tivesse abalroado os jogadores do Belenenses no círculo central? Claro que sim. Há árbitros que assinalam faltinhas de trazer por casa de forem fora da área. Mas dentro desta (e não para todos) só quase por requerimento...
Entretanto, vamos ter nova paragem de campeonato. Um jogo da Taça e mais dois joguinhos da Selecção contra as excitantes selecções saudita e americana. Uma ocasião para mais uns internacionais de momento. Registo, também, um ponto que é recorrente: basta um jogador passar a jogar num dos grandes ou, a nestes, passar a titular, para imediatamente ser seleccionado. Desta vez, foi José Sá, titular há... duas semanas. Nos três grandes estas internacionalizações-cometa são abundantes. Uma espécie de Farinha 33 que transforma estes craques.

Treinadores e adeptos
Neste momento, os três grandes são treinados por três treinadores portugueses (dado que, felizmente, já deixou de ser novidade) com ligações afectivas aos clubes que treinam. Rui Vitória, benfiquista no SLB; Sérgio Conceição, portista no FCP e Jorge Jesus, sportinguista no SCP. Aliás, já no ano passado, assim era, por Nuno Espírito Santo era o portista treinador dos portistas.
Acontece que estes três actuais técnicos, quando do lado oposto ao seu clube do coração, foram sempre profissionais de grande dignidade e discernimento. Quem não se lembra de Jorge Jesus no Benfica, mesmo contra o seu clube de eleição? E de Sérgio Conceição no V. Guimarães a contrariar o que lhe ia no coração de portista? Ou Rui Vitória a vencer o (seu) Benfica numa final da Taça de Portugal?
Confesso que os admiro por isso. Ou melhor dito, porque imaginando-me numa das suas posições, não me julgaria capaz de jogar (ou treinar) contra o meu Benfica. Bem sei que é a voz de um adepto que apenas enfrenta, por hipótese académica, tal situação. Seja como for, é bonito ver técnicos briosa e completamente profissionais. Ainda há coisas boas neste mundo do futebol incendiário.
Há um treinador que, porém, não seguirá tanto a regra, percebendo-se claramente nas declarações que não se consegue desligar dos seus amores clubistas. Falo de Domingos Paciência, um bom técnico, mas que tem olhos diferentes (ou cegos) para analisar jogadas quando defronta o FC Porto ou os rivais. Ainda não esqueci o que ele disse quando o Benfica venceu o campeonato 2010/11 numa luta acesa com o SC Braga, situação que creio nunca repetiria se o concorrente tivesse sido o FCP. Lembro-me, treinador da Académica, a dizer que não viu irregularidades claras que prejudicaram os estudantes contra o FCP. E agora no passado sábado, não viu, nem quis ver dois penáltis não marcados que prejudicaram o seu actual clube, Belenenses. «Não vi o lance! Já existe o VAR, se tivesse de agir, creio que teria agido...» Que bonomia e que santa compreensão! O que, nas mesmas circunstâncias, teria dito se o oponente fosse o Benfica?

Contraluz
- Palavra: Contemporizar
É assim que alguns dizem em vez de temporizar. É que contemporizar significa comprazer, condescender, transigir. Já temporizar quer dizer alongar, deter, retardar, atrasar, demorar. Ora quando jogador temporiza a bola ou o movimento estará a deter (a bola) ou a retardar (o passe) e não a comprazer-se ou a ser condescendente. Mas pronto, acabo por contemporizar este meu comentário, mesmo que sem temporizá-lo.
- Acção: Vestir (ou tentar vestir) um casaco ou parka aos jogadores que são substituídos
Passe-se nos jogos de equipas importantes (cá e lá). Não sei se o colaborador no banco de suplentes encarregado (será o 33?) dessa enorme tarefa faz mais alguma. Não sei se é por razões de prevenção de doença respiratória, ou coisa que o valha. Só sei que é uma modernice em forma de redoma para uns tantos intocáveis. Que, não raro, logo tiram o manto protector.
- Emoção: O apoio dos benfiquistas em Old Trafford
Comoventes aqueles minutos que se seguiram ao fim do jogo. Muitos provindos de países onde trabalham, exprimindo o seu indefectível amor ao clube. Mereciam mais..."

Bagão Félix, in A Bola

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