sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Krovinovic, perdão Krakinovic


"Este não engana. Não só tem nome de craque como o é na verdadeira acepção da palavra - ao contrário de outros malandros cujo nome já nos desapontou. Quem não ficou de água na boca quando Karyaka assinou? 'Andrei Karyaka! Os adversários até tremem só de ouvirem o nome!' - imaginei na minha inocência. À partida, seria impensável ver um jogador com tamanho charme nas costas da camisola a perder a titularidade para um colega bem mais modesto no bilhete de identidade, onde constava um nome demasiado simples e humilde para o proprietário ousar ser jogador de futebol: Armando Teixeira, o nosso querido Petit - a quem aproveito para desejar a maior sorte do mundo nesta jornada (apenas e unicamente porque o seu nome veio à baila, juro). 'Karyaka' soava a craque, mas o talento não correspondia à sinfonia do nome.
Krovinovic traz o pack completo. Os pais limitaram-no à profissão de futebolista logo no baptismo. Um André, por exemplo, tem a porta aberta para qualquer área. Tanto pode ser um pacato carteiro nos CTT como um polivalente lateral no maior clube do mundo. E Krovinovic? Ninguém vai de boleia com o 'Krovinovic taxista', do mesmo modo que ninguém repara o carro no 'Krovinovic mecânico'. Krovinovic não teve escolha. Por força do seu nome, estava forçado, à nascença, a ter jeito para a bola. E se teve! Nos pés do jovem croata, ela está sempre a sorrir. Transborda felicidade. É um deleite contemplar a cumplicidade que têm um com o outro. O leitor que me perdoe, mas não resisto em partilhar este desejo pessoal: um dia, espero que o meu filho se encoste no meu colo com o mesmo conforto com que a bola se aconchega nos pés do Krovinovic."

Pedro Soares, in O Benfica

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