terça-feira, 12 de setembro de 2017

Voando sobre um ninho de cucos

"À direcção da Liga falta força e ao Governo falta coragem. Os pirómanos do futebol agem à vontade e vem aí um futuro de terra queimada.

Reconheço que não é fácil ser prior na freguesia do futebol português, mas quem aceitou o cargo constituiu-se na obrigação de exercer uma magistratura mais efectiva, que diga ao que vem e aquilo que quer. E também devo dizer que Pedro Proença não é, nem por sombras, o culpado pelo ninho de cucos em que estão transformadas as relações entre os clubes; porém, pelas funções que desempenha, a ele e à Liga deve exigir-se outro tipo de intervenção. Não é razoável que o presidente da Liga de Clubes, entidade que deve zelar pelo desenvolvimento da indústria, se mostre tão contido perante os atentados a que praticamente todos os dias temos assistido. Como é possível pensar em progressos se os principais patrões da indústria passam a vida a denegri-la? Nada do que tem acontecido é aceitável e não é na rivalidade que se encontra explicação para tanta falta de tino. Os rivais devem medir forças dentro das quatro linhas e depois, nas matérias de interesse comum, precisam de marchar em ordem unida pelos melhores resultados. O que tem sucedido é de profunda irracionalidade, numa vertigem autofágica que será, num futuro próximo, muito lamentada por quem tiver de colar os cacos. Mas há mais quem não tenha estado à altura da situação. Refugiando-se no argumento da independência do movimento associativo, o Governo foge dos problemas do futebol como o diabo da cruz, esquecendo-se das responsabilidade que são suas a partir do momento em que concede um estatuto de utilidade pública desportiva. Esta complacência do poder político face aos donos da bola, embora seja pública e notória no tempo presente e com este executivo, está longe de ser exclusivo da Geringonça, antes faz parte de uma tradição enraizada há muito e que tem permitido que se vislumbre, em muitas circunstâncias, um Estado dentro do Estado.
É neste caldo de submissão (da Liga porque não tem força para ir contra os principais clubes e do Governo porque lhe falta coragem) que a situação não dá mostras de acalmia. As posições estão radicalizadas e perante algumas certezas - só um será campeão e só o segundo irá à pré-eliminatória da Champions - será de esperar que o ambiente passe do irrespirável ao irresponsável, com um perigo de ruptura social iminente. Estão à espera de quê? De uma tragédia?
(...)

Ser ou não ser (chouriço), eis a falsa questão...
«Podíamos ter saído daqui com outro resultado, não fosse um grande chouriço que apareceu e foi esse chouriço que definiu o jogo»
Vítor Oliveira, treinador do Portimonense
A questão é, quanto muito, académica, mas não deixa de ser interessante. Vítor Oliveira referiu-se ao golo de André Almeida como um chouriço, mas o polivalente jogador do Benfica assumiu intenção no remate que deu o triunfo às águias. Sendo impossível contrariar André (só ele é que sabe o quis fazer!), é também impossível não perceber o ponto de vista de Vítor Oliveira.

Finalistas
Portugal, a disputar a terceira divisão europeia de râguebi, ocupa a 25.ª posição no ranking mundial; estes dados traduzem o actual estatuto dos Lobos. Por isso, tendo em conta este panorama, a proeza da selecção de sub-20 finalista com o Japão, ontem em Montevideu (debaixo de chuva diluviana e jogando num mar de lama, o que levou o jogo a ser suspenso quando os nipónicos, aos 63 minutos, iam vencendo por 14-3), no Mundial B, assume uma dimensão ainda maior. Os Lobitos colocaram Portugal no top ten do escalão, mostrando como é possível lutar com os melhores até uma determinada fase. Depois é que é pior, faltam condições, falta competição e a opção pelo amadorismo acaba por prevalecer. Para já, ficam os parabéns e o registo da belíssima página do râguebi nacional, escrita pela selecção de sub-20 no Uruguai, na mesma cidade de boa memória onde os Lobos carimbaram o passaporte para o Mundial de 2007.

Contador sabe como se diz adeus às armas...
A vitória na Vuelta sorriu ao vencedor do Tour mas a grande figura, pelas emoções que soltou, foi Alberto Contador, conquistador do Angliru, que disse adeus ao ciclismo saindo em ombros. Contador tem lugar entre os grandes de Espanha, junto a Bahamontes, Ocaña, Delgado, Pereiro e Indurain, vencedores da Grand Boucle."

José Manuel Delgado, in A Bola

1 comentário:

  1. Este "jornalista" é dos que ganham o Euro-milhões depois de conhecerem os números sorteados. Até opina que o Rui Vitória nem fazer substituições sabe...Não sei que camisola ele enverga , mas uma camisa de forças não lhe ficava mal.

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