quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Mercado, missas, padres, apitos...

"Se este plantel do Benfica não 'der' para o penta, aposto que não faltará quem aponte as culpas às opções tomadas neste conturbado defeso.

Mercado fechado, Liga dos Campeões à porta. Primeira oportunidade para aferir o 'andamento' europeu do nosso tetracampeão. Na época passada não foi nada famoso (desastres com Nápoles e Dortmund, absurda reviravolta - 3-0 para 3-3 - consentida com o Besiktas...), embora tenha sido cumprido o objectivo mínimo de passagem aos oitavos. O Benfica recebe o Portimonense na sexta e os russos do CSKA Moscovo na terça-feira - uma equipa chata mas longe de ser tubarão. O grupo do Benfica tem um favorito ligeiro (Man. United) e Rui Vitória sabe bem da importância de não perder pontos em casa com os rivais mais acessíveis. A pressão da Luz à cunha (notável a fidelidade dos adeptos) pode mais uma vez dar asas aos encarnados. Quanto ao mercado. Tirando o tiro mais que certeiro no potente e aparentemente insaciável Seferovic (bingo!), a coisa não foi famosa; quer dizer: na tesouraria foi excelente - saldo positivo de 115 milhões, verba que será certamente reflectida no próximo relatório e contas (secção: abate da dívida), porque isto de viver muito acima das possibilidades tem os dias contado. Luís Filipe Vieira não contratou à altura dos jogadores que sairão e, a meu ver, arriscou muito ao não investir num guarda-redes experiente como rede de segurança para Júlio César e um médio feito para suprir as baixas de Fejsa (continuo sem perceber o empréstimo de André Horta ao Braga). De resto, o lateral Douglas foi terceira ou quarta escolha e Gabigol, por muito promissor que seja, é o quarto na hierarquia dos avançados. Rui Vitória ficou com um plantel de 30 jogadores (!) mas acho que é preciso ser mais cego que o Vasco Santos no visionamento de pisões para achar que o tetracampeão não está mais fraco do que na época passada. Isso não quer dizer, porém, que este plantel não chegue para as encomendas domésticas, nomeadamente o ataque ao penta. Provavelmente chega. Mas se não chegar (o Benfica não compete sozinho, convém lembrar!) aposto que não faltará quem aponte as culpas à opções tomadas neste conturbado defeso. Que ainda trouxe episódios de alguma forma perturbantes, como os milhões chineses alegadamente recusados por Mitroglou, a mirabolante odisseia do miúdo Luquinhas (por favor: expliquem-nos... como se fossemos todos burros) e a saída de Nuno Gomes da formação. Dá para perceber que nem tudo está a funcionar às mil maravilhas na estrutura.

Mudando de assunto. Há coisas de uma comicidade irresistível no despique verbal entre FC Porto e Benfica por causa dos e-mails, padres, missas, juventude operária, notas, heterónimos e outros cómicos, bruxarias da Guiné e demais manigâncias. Atenção que não estou a desvalorizar a eventual gravidade do caso (por alguma razão a PJ está a investigá-lo), apenas a chamar a atenção para o seu inegável lado burlesco. Por um lado, imaginar que o Benfica se abalançou a criar o seu sistema utilizando gente que terá adquirido preciso know how... ao serviço do grande rival. Coisa nada recomendável num futebol de dimensão paroquiana como o nosso, em que toda a gente se conhece e toda a gente conhece os podres de toda a gente: um futebol em que os chicos espertos se topam à distância e as comadres se zangam, trocam confidências e, ops!, indiscrições com enorme facilidade (como nós jornalistas bem sabemos); num futebol assim, acaso terá o Benfica pensado que tudo o que fizesse (fosse o que fosse) em prol do novo sistema podia passar despercebido aos catedráticos da matéria? É de uma ingenuidade quase pré-infantil!
Por outro lado, também é de chorar a rir ver o tom solene e gravoso utilizado pelo director de comunicação do FC Porto - aqui e ali aparentando choque, incredibilidade!!! - quando acusa o Benfica das malfeitorias que toda a gente instintivamente reconhece por serem uma espécie de versão escrita das missas originais - essas que se encontram verbalizadas na internet, à disposição de toda a gente, crentes e não crentes.
(...)"

André Pipa, in A Bola

3 comentários:

  1. "... a mirabolante odisseia do miúdo Luquinhas..."

    De que é que este lagartóide imbecil (passe o pleonasmo) está a escrevinhar?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O Luquinhas teve emprestado à equipa B pelo Vilafranquense; o Benfica aparentemente comprou; depois vendeu ao Aves; e o Aves acabou por emprestar o jogador ao Vilafranquense!
      Isto em poucas semanas!

      Não sei se tudo se passou assim, mas seguindo as notícias, parece que sim...

      Abraços

      Eliminar

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!