sábado, 23 de setembro de 2017

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"Duas derrotas consecutivas lançaram de imediato uma nuvem de críticas e especulações em torno da nossa equipa principal, algumas partindo dos adversários (por vezes bem disfarçados, como em Gaia), outras de benfiquistas - felizmente habituados a ganhar sempre ou quase sempre.
Sendo o futebol uma roleta de emoções, na hora da derrota facilmente se passa da euforia à depressão, daí à condenação e por vezes ao insulto. Respondendo aos instintos mais básicos, sente-se necessidade de culpar alguém e dispara-se para os alvos mais fáceis (quando não a arbitragem, o treinador, os jogadores ou a direcção). Atropela-se o bom senso, solta-se a crueldade e a ingratidão. A comunicação social, ávida de sangue, dá uma ajuda.
Outro caminho é o da sensatez. O de deixar a análise do que correu mal para quem está do lado de dentro, e portanto em melhores condições para o fazer; sabendo-se que, de fora, todo o ruído será tão inútil quanto prejudicial, constituindo mais uma barreira ao processo de retoma. Estes jogadores, esta equipa técnica e estes dirigentes deram-nos, há apenas quatro meses, o primeiro Tetra-Campeonato em mais de um século de história. Juntaram-lhe a Taça de Portugal, e já nesta temporada também a Supertaça – único troféu oficial até agora atribuído. Parece-me totalmente desconexo apontar dedos a quem tantas alegrias nos proporcionou, só por dois ou três jogos menos conseguidos.
É também de dor que se alimenta a paixão clubista. Sendo fácil apoiar quem vence e participar nas festividades, é quando perde que a equipa mais necessita da nossa ajuda. Não lhe voltemos as costas."

Luís Fialho, in O Benfica

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