"O tão esperado sorteio da Champions já cria emoções mesmo antes de se jogar. É o sinal da melhor competição do planeta!
O mais ingrato é mesmo o grupo do FC Porto de entre todos os que ontem foram sorteados pela UEFA, no sempre conveniente e apropriado cenário do Mónaco, com vista à competição da fase mais dura e competitiva da Liga dos Campeões. Pode o grupo do FC Porto não ser - como não é - o grupo mais difícil, evidentemente, mas tem todo o ar, na verdade, de ser o mais ingrato. Será, porventura, a maneira mais crua de olhar para ele.
Ter por parceiros as equipas do Mónaco, Besiktas e Leipzig é muito enganador. Se teoricamente parece um grupo mais acessível, ao mesmo tempo sugere poder tornar-se terrivelmente equilibrado. E tramado. E do ponto de vista do impacto, sempre com muito menos glória. Seguir em frente, cheira a normal; falhar a qualificação parecerá fracasso.
Olhemos para o caso do Sporting. Grupo dificílimo, com dois adversários do lote das mais fortes equipas da Europa, como são claramente Barcelona e Juventus. Se o Sporting passar num grupo destes (e pode e deve sonhar consegui-lo)... glória, glória, aleluia! Se não passar, ninguém poderá, no seu perfeito juízo, exigir explicações.
No caso do FC Porto, não, no caso do FC Porto a expectativa é a de ver a equipa de Sérgio Conceição seguir para os oitavos de final, porque tirando o surpreendente Mónaco do nosso Leonardo Jardim, o FC Porto tem de ser naturalmente mais forte do que Besiktas e Leipzig. O problema, porém, é mesmo o... naturalmente. Mas qual naturalmente?!
No grupo do FC Porto, tanto se pode ser primeiro como quarto. É um perigo. E é muito difícil fazer contas.
O Besiktas, por exemplo, do ex-portista Quaresma e, agora, também do antigo portista Pepe, é uma equipa muito imprevisível, como aliás o são a generalidade das equipas do futebol turco. Tão depressa jogam oito como oitenta. Lembram-se, faz um ano em Novembro, como o Besiktas se viu a perder em casa com o Benfica por 3-0, e na segunda parte chegou a 3-3?! Pois é exactamente sobre isso que falo.
É ainda importante lembrar o inferno que é jogar na Turquia, onde o fanatismo dos adeptos facilmente contagia a equipa da casa e a leva a superar-se, inúmeras vezes, muito para lá do talento e capacidade que tem. É normal uma equipa turca jogar em casa o dobro do que realmente vale. E percebe-se porquê.
O Leipzig não tem história, não tem peso, não tem nomes sonantes. Há meia dúzia de anos andava pela quinta divisão alemã, ou coisa que o valha, e portanto parece ter tudo para não ser considerado um adversário de respeito. Mas é. Porque ninguém chega a vice-campeão alemão por acaso. E foi o que o Leipzig conseguiu logo no ano de estreia na Bundesliga.
Falta o Mónaco; estará mais fraco do que na época passada? No papel, sim, estará. Perdeu Mendy, Bakayoko e Bernardo Silva e não pode, por isso, estar mais forte. E não se sabe ainda se ficará ou não com o prodigioso Mbappé, talvez o mais desejado dos europeus.
Mas se está ou não o Mónaco mais fraco, logo se verá. Pelo sim, pelo não, o melhor é não fiar.
E, portanto, pode realmente o FC Porto considerar-se no mais ingrato dos grupos. Aspira no prémio laranja mais pode também tocar-lhe o prémio limão. Com a agravante, repito, de um eventual sucesso nunca ser visto como um grande sucesso, e um eventual desaire poder ser enorme desilução!
Quanto ao Benfica, o sorteio não foi bom mas podia ter sido pior. O Manchester United que José Mourinho está, de novo, a transformar aos poucos numa grande equipa de futebol, parece destinado a ganhar o grupo, estando muito provavelmente o Benfica destinado a poder lutar apenas pelo 2.º lugar. Mas o futebol, admitindo previsões, não admite certezas. E os benfiquistas não esquecerão que, em 2006, o Benfica de Ronald Koeman deixou pelo caminho um grande Manchester United de sir Alex Ferguson, então com Cristiano Ronaldo e companhia. Acontece de vez em quando? Talvez. Mas acontece.
É por isso que pode e deve o Sporting sonhar, mesmo tendo de enfrentar esses tubarões de Espanha e Itália. O problema pode é ser outro: querer o Sporting dar tudo por tudo na Champions e poder isso sair-lhe caro na Liga portuguesa, como, em parte, sucedeu na época passada, depois da frustração de Madrid.
Jesus sabe o que isso significa. E saberá, certamente, pôr cada coisa no seu lugar. Para não perder tudo.
Não haverá muitas maneiras de olhar para o caso que acaba de condenar o árbitro Jorge Sousa a um inédito castigo de três jogos de suspensão, por ter sido considerado «incorrecto e menos educado», como manda o regulamento, o modo como Jorge Sousa se dirigiu ao guarda-redes da equipa B do Sporting, o jovem sérvio Vladimir Stojkovic, sobrinho de um antigo guarda-redes que serviu a equipa principal dos leões na primeira década deste século.
Jorge Sousa, realmente, excedeu-se pelo que nos mostram as imagens televisivas do jogo que opôs o Sporting B ao Real Sport Clube, na jornada do último fim de semana da Segunda Liga.
Jorge Sousa não se excedeu pela linguagem; excedeu-se pela forma agressiva como se dirigiu ao jovem leão. É verdade que não sabemos o que disse Stojkovic ao árbitro. Mas seja o que for que lhe tenha dito deveria Jorge Sousa ter tido o cuidado de reagir de outro modo.
Podia até ter usado a mesma linguagem se tivesse tido atitude menos agressiva.
O que Jorge Sousa fez foi abrir a porta a diferentes interpretações; ficou demasiado exposto à crítica e à censura; permitiu a indignação, por se tratar do árbitro, que é o juiz, e tem por isso mais responsabilidade pedagógica no jogo e mais obrigação de seguir conduta de comportamento.
Mas daí a castigá-lo com 3 jogos de suspensão devia ter ido, na minha opinião, mais distância do que a que acabou por ver-se. Porque abre precedente e faz jurisprudência. Ou seja, a partir de agora, como já pediu, e bem a Comissão de Arbitragem, deve equiparar-se as penas a todos os casos semelhantes de má conduta, comportamento incorrecto e não educado e linguagem imprópria. Santos deus, onde isto nos levará...
E já agora, repararam na rapidez que se castigou o árbitro? Jorge Sousa portou-se mal no sábado e na terça já tinha a corda ao pescoço. Extraordinário.
Não me lembro, no futebol português, de alguém ter sido castigado tão depressa. Foi por ser árbitro?
Haja vergonha.
PS: Cristiano Ronaldo ganhou mais uma fantástica distinção. Só podia. Voltou a ser o maior!"
João Bonzinho, in A Bola
PS: O Bonzinho já não se lembra do castigo ao Rui Vitória o ano passado, após a Meia-final da Taça da Liga...!!!
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