"Há muitos anos, o melhor árbitro português de sempre, costumava dizer aos jogadores, nos momentos mais quentes: «Chamem-me o que quiserem mas não façam gestos». Muito do que são as relações entre jogadores e árbitros fica dentro do campo e foi nesta cultura que, por cá, as gerações de uns e de outros foram crescendo.
Por isso, que ninguém fique surpreendido com o que Jorge Sousa disse ao guarda-redes do Sporting B. A única diferença, nesse caso, foi a existência de um microfone indiscreto que trouxe tudo a público. Assim, pela incorrecção, o árbitro do Porto fica três jogos em doca seca, servindo de aviso a todos os outros: a partir de agora nunca se sabe se o país inteiro não está a ouvir o que é dito dentro das quatro linhas.
Jorge Sousa pode queixar-se, é verdade,da natureza casuística da prova que esteve na base da sua condenação. E é precisamente pegando neste argumento que se torna lícito perguntar por que razão não têm, os espectadores e os telespectadores, acesso às conversas entre os árbitros e os seus assistentes (VAR incluído) e também ao que dizem e lhes é dito pelos jogadores? No râguebi, que em matéria de tecnologia e transparência está algumas décadas à frente do futebol, é assim. E a verdade é que no planeta oval as faltas de respeito entre árbitro e jogadores são nulas, vê-se tudo, ouve-se tudo.
Em resumo, neste caso, Jorge Sousa foi, ao mesmo tempo, vilão (não sujeito a um escrutínio que não é universal).
PS - O futebol passou o século XX, como se estivesse no século XIX e agora tem dificuldade em adaptar-se às exigências do século XXI..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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