"O português que, tal como Fidípides, foi vitima da corrida de maratona. Este, porém, não chegaria a gritar 'Vencemos!'
Reza a lenda que, no ano 490 a.C. após a vitória grega sobre os persas na Batalha de Maratona, o soldado grego Fidípides foi incumbido de correr até Atenas para dar a boa nova. Ao chegar, apenas terá tido fôlego para gritar 'Vencemos!' e, exausto, caiu morto. Séculos depois, a corrida de maratona vitimaria um português. Este, porém, não chegaria a gritar 'Vencemos!'.
No verão de 1912, Portugal fez-se representar pela primeira vez nos Jogos Olímpicos. Rumo a Estocolmo, na Suécia, onde teve lugar a V Olimpíada Internacional, navegaram seis atletas lusos 'destinados a fazer brilhar lá fora o nome português'. Entre eles, Francisco Lázaro, antigo atleta do Benfica, que antes de embarcar declarou: 'Ou ganho ou morro!'.
Francisco Lázaro (1988-1912) havia vencido a maratona nacional no mês anterior, com 'uma das melhores marcas mundiais conhecidas'. Era a grande esperança portuguesa para as Olimpíadas, tanto que, na cerimónia inaugural dos Jogos, lhe coube à honra de empunhar o estandarte de Portugal.
A prova de maratona foi agendada para a manhã do dia 14 de Julho. Estava um 'calor asfixiante'. Alguns dos médicos do evento sugeriram que se adiasse a prova para o final do dia. Em vão, 'o tiro de partida foi às 13.48 horas'. Devido ao calor, muitos dos inscritos não responderam à chamada e, dos 71 que começaram a corrida, só 43 a terminaram. O atleta português não ganhou, mas fez o seu nome e o da sua pátria correr o mundo.
Francisco 'tinha partido atrasado do pelotão da cabeça, mas, pouco a pouco, foi ganhando terreno'. Já havia alcançado os lugares cimeiros quando, próximo do quilómetro 30, 'caíra (..) esgotado'. A corrida que, na Antiguidade, se revelou fatal para Fidípides, voltava a fazer vítimas: Francisco viria a falecer na madrugada seguinte.
Ainda hoje se especula sobre a causa da sua morte. Sebo? Emborcação? Estricnina? Na certidão de óbito dirá apenas 'meningite causada pela insolação'. Não interessa. A causa não anula o facto de ter sido o primeiro atleta a morrer nos Jogos Olímpicos. Se, em vida, foi popular 'como jamais algum desportista português conseguiria até então', o seu infortúnio garantiu-lhe a glória eterna.
No Museu Benfica - Cosme Damião, na área 4 - Momentos únicos, pode assistir a um vídeo com imagens únicas de Francisco Lázaro durante a prova, em Estocolmo."
Mafalda Esturrenho, in O Benfica
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