quarta-feira, 24 de maio de 2017

Mantorras

"Lendo este título, certamente o leitor estará a pensar por que razão o fiz, mencionando Pedro Mantorras. Aparentemente não há nenhum motivo que, nos últimos dias, tenha havido à sua volta para que assim comece este texto.
Mantorras foi um jogador tão bom, quando infeliz, na sua carreira. As suas lesões impediram-no de ser um jogador de classe excepcional. No tempo em que foi atletas encarnado, ajudou muito a equipa e merece ser sempre saudado como uma referência e recordado, entre outras épocas, pelos golos decisivos naquela em que se sagrou campeão com Trapattoni.
Mas há outra razão para o recordar agora. è que nunca esqueci a circunstância de, na última jornada da época de 2009/10 em que o Benfica foi campeão frente ao Rio Ave, o treinador não lhe ter dado a oportunidade de jogar um minuto que fosse para ser campeão efectivo. Não sei se houve algum circunstancialismo que a isso tenha levado, mas senti a tristeza dele não jogar e nunca olvidei esse injusto facto.
No sábado, porém, fiquei contente e comovido. Rui Vitória quis que três jovens (no dealbar das suas carreiras) e Paulo Lopes (no crepúsculo da sua) pudessem ter sido campeões jogando. Assim motivou Pedro Pereira, Hermes e Kalaica e deu um justo prémio de carreira ao guarda-redes e grande benfiquista. Ele que também já havia passado no bicampeonato 2014/15 pela frustração de não ter jogado um minuto sequer, pela infelicidade de, antes de entrar, Salvio se ter seriamente magoado.
Embora com o risco do resultado, Rui Vitória pôs a família do balneário à frente. Apreciei. É à tetracampeão. E foi, também, uma forma indirecta de honrar Mantorras."

Bagão Félix, in A Bola

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