segunda-feira, 8 de maio de 2017

Jonas falou e (...) ouviu-o: “Vá, corram, o tetra é já ali à frente”

"Ederson
Não obstante as muitas soluções ofensivas da equipa, pertenceu a Ederson um dos remates mais perigosos da primeira parte, um pontapé de baliza dirigido ao poste mais distante de Cássio que reafirma o papel vanguardista do Benfica nos lances de bola parada. Teve uma excelente saída aos 60 minutos numa fase do jogo em que o Rio Ave acreditava e incomodou q.b. num lance dramático aos 86’ quando Gonçalo Paciência resolveu imitar o pai e dar aos benfiquistas mais um motivo para sorrir este domingo.

Nélson Semedo
Um jogo inteiro a ganhar segundas bolas, a combinar diabolicamente com os colegas Rafa, Jiménez e Cervi, essencialmente a carregar no ataque de todas as maneiras e feitios. Poderia pensar-se que isso o impediria de cortar as vazas a Heldon uma boa dúzia de vezes, mas não. Tudo indica que fará o seu último jogo pelo Benfica em casa daqui a uma semana. Assim sendo, vamos ali para um canto chorar.  
Luisão
Que nem Diana Ross e Lionel Richie em Endless Love. Uma semana de treino específico com Nélson Semedo, com especial foco naquele teste de confiança em que nos deixamos cair para trás e alguém nos segura nos seus braços. Assim foi. Nélson Semedo deixou-se cair as vezes que quis, oferecendo várias vezes o seu flanco ao capitão, que esteve sempre lá de corpo inteiro, pronto para o agarrar naquele amor muito específico de uma dobra bem realizada.

Lindelof
Um passe errado aos 16’ acusou aquela vontade excessiva de fazer tudo muito bem feitinho, e ainda bem que assim foi. Pegou nos nervos e trabalhou em perfeita harmonia com Guedes, avançado do Rio Ave o único tipo em campo com ar de instrutor de yoga. Deu para alinhar os chakras enquanto afastava o mau olhado e a bola.

Grimaldo
Poderíamos falar dos variadíssimos lances em que demonstrou ser um dos melhores em campo, quer na largura que dá ao seu flanco, quer na amplitude dos seus movimentos ofensivos, mas nenhum de vocês visitou esta página para ler termos como amplitude ou largura. Mesmo que nada disso tivesse acontecido, o pontapé de bicicleta in extremis a impedir um passe para as suas costas aos 93 minutos, naquela vizinhança de um minuto fatídico para nós, com a bola a cair algures junto a Roderick, foi de tal beleza poética que, naquele instante, a única coisa que nos saiu foi um Vamos C!#$%&#. 

Fejsa
Calma. Não é por termos 5 pontos de vantagem e o maior talismã do futebol europeu que já somos campeões nacionais. As palavras são do próprio Fejsa e foram ditas aos seus colegas no final de um jogo em que o sérvio exibiu plenamente todos os seus atributos. E há tanta graciosidade neste nosso gigantone. Às vezes, parece uma escavadora guiada por Baryshnikov. Noutros lances, só vemos uma muralha a deter ingénuos transgressores ou o rolo compressor a dizimar adversários. Mas, instantes depois, é dos seus pés que sai mais um passe a romper o meio campo adversário, tudo isto enquanto Pizzi é reanimado noutra zona do relvado.

Pizzi
Mais 90 minutos incansáveis à procura do melhor caminho para chegar ao chegar ao Marquês de Pombal. Tem penteado de motorista da Uber mas a esperteza de um taxista e lá foi atalhando por onde precisava para fazer a bola chegar a colegas desmarcados. A par disso, obrigou os adversários a darem uma volta pela Ericeira para irem do Aeroporto (Cássio) até Marvila (Ederson). Está quase a levar o quinto amarelo. Aguentem só mais um bocadinho.

Rafa
Excelente regresso à titularidade. Começou o jogo devolvendo esperança e fé na humanidade a todos os amantes de futebol jogado pelo flanco direito. Não parou quieto um segundo, mas pareceu-nos quase sempre melhor a flectir vindo da ala. Não tão forte nas suas incursões directas pelo centro, onde pareceu quase sempre pequeno demais para os defesas do Rio Ave. Rafa, amigo: se quiseres seguir esta nossa indicação táctica, o que tens de fazer é descer pela Castilho, com o Ritz à tua direita, e cortar à esquerda rumo à rotunda onde serás recebido por um mar de gente. Isso ou perdemos os próximos dois jogos e eu nunca mais saio de casa. Enfim. Tu percebeste a ideia.

Cervi
Um dos melhores jogos desde que chegou ao Benfica. Foi o pequeno faz-tudo desta equipa. Tem o espírito que o fará um dia chegar a CEO de cenas. Ninguém dá nada por ele nem ele quer saber. Limita-se a trabalhar, sabendo que os frutos serão colhidos em breve. É Franco quem chega primeiro ao local de trabalho, quem sai depois dos colegas, é Franco quem faz várias tarefas para as quais não foi contratado, quem substitui os colegas nas suas férias. Por agora é só o empregado do mês, mas, se continuar assim, um dia destes vai mandar nisto tudo.

Jonas
Os muitos lances denotativos de um QI superior a 170 ao longo de todo jogo. Certo. O lance desenhado por Salvio e iniciado com um corte seu na área benfiquista. O remate colocado de Jiménez com o sangue frio que tantas alegrias vai dar ao Guangzhou Evergrange. Tudo certo, tudo incrível. Mas falemos do passe de Jonas a colocar a bola no espaço vazio para Salvio recolher, como quem diz “vá, corram, o tetra é já ali à frente”. Não foram apenas Salvio e Jiménez desmarcados em direcção à baliza. Éramos todos nós a correr em direcção ao Marquês. Certo, ainda não ganhámos. Mas foi golo. E foi lindo. Especialmente o passe que escancarou uma avenida para o tetra.

Jiménez
Ele bem pedia mais minutos, como se tivesse algo importante que nos queria dizer com os pés. Exibição muito produtiva. Desgastou o adversários em constantes deambulações ofensivas. Correu mais nos primeiros 10 minutos do que Mitroglou durante a época inteira, e tem mais técnica do que as últimas três gerações da família de Mitroglou juntas, mas a verdade é que marca menos golos. A superioridade numérica que ajuda a criar fora da área converteu-se frequentemente numa frente de ataque composta por Jonas e Rafa. Tudo isto seriam críticas construtivas e oportunas, não tivesse o homem marcado um golo que nos coloca a dois pontinhos do título. Quando for assim, digam e nós calamo-nos.

Salvio
Talhado para os grandes momentos, excepto quando se lesiona. A primeira intervenção no jogo foi um daqueles slaloms incompreensíveis junto à linha lateral, em que Salvio parece esquecer-se que o campo tem linhas que delimitam a acção dos jogadores. A segunda intervenção foi um corte preciosíssimo na área benfiquista. A terceira intervenção no jogo foi uma belíssima recepção de bola. A quarta foi um sprint rumo à área do Rio Ave. A quinta foi o passe para Jiménez que daria a vitória ao Benfica. A quinta? Foi só o maior Mic Drop desta época.

Samaris
E está tudo a pensar no mesmo, não é isso! Tem calma andreas! Não lhe dês um soco!

Filipe Augusto
Quem? Eu sei lá."

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