"Portugal, visto de fora, deve ser um país curioso. Aliás, há mais de dois mil anos já os romanos diziam que os lusitanos eram um povo estranho, que não se governava nem se deixava governar. O futebol, hoje em dia, é um bom espelho dos contrastes que marcam o País. Por exemplo, apostamos na formação mas há clubes que disputam a I Liga e que não têm, sequer, um campo de treinos; temos a selecção campeã da Europa de futebol e somos o gozo do mundo inteiro por albergarmos aquela que é considerada a equipa mais violenta do mundo; conseguimos criar uma escola de treinadores de referências e somos os recordistas de chicotadas psicológicas ao nível da Europa; organizamos eventos planetários, onde se discute o futebol do futuro, enquanto que os dirigentes dos nossos clubes se comportam como se vivessem no tempo das cavernas.
É neste país de contrastes que surge mais um exemplo de oito e oitenta: no mesmo dia em que houve uma reunião de alto nível para estudar a forma de combater a violência no futebol (43 agressões a árbitros e agressões físicas e verbais nas bancadas...), o que nos remete para uma realidade terceira-mundista, ficou a saber-se que a final da Taça de Portugal contará com videoárbitro a sério, situando-nos, nesse particular, na vanguarda do futebol à escala global.
Foi isso, venha o videoárbitro, que nos coloca na casa do oitenta; mas procuremos fugir, restantes situações (e tantas ainda são), da casa do oito, para onde temos sido desgraçadamente arrastados por mentalidades obtusas, lideranças permissivas e governantes com medo da sombra."
José Manuel Delgado, in A Bola
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