quinta-feira, 27 de abril de 2017

'Derby': a lição dos artistas!


"Contra diabólicos ventos, 'gritaram': o futebol somos nós! Adrien e Pizzi num brilhante hino! Claques: legais (devem ser) ou não, quem expulsa bestas?!


Aplauso, muito, muito intenso, a todos os futebolistas de Sporting e Benfica no derby. Bateram-se com garra, deram o litro para vencer confronto sentido como especialíssimo (por razões diferentes, mas tão fortes!). E nunca, rigorosamente nunca, em hora e meia acesamente disputada, pisaram o risco de mau comportamento ético; absoluta recusa de qualquer tipo de violência - a estúpida e, muito pior, pérfida violência a quem andavam a ser chamados por estuporados adeptos e, gravíssimo!, por dirigentes.
Que estupenda lição foi dada por todos os futebolistas (27) de Sporting e Benfica neste confronto em que se empolgaram com bravura e permanente mútuo respeito. Mais uma vez, ficou transparente: o melhor - muitíssimo bom, amiúde fantástico - do futebol são os jogadores. Contra diabólicos ventos de tantos irresponsáveis que vão semeando ódios, indiferentes (?!) aos barris de pólvora que projectam para o grande palco onde os artistas galhardamente resistem conseguindo manter extraordinário espectáculo e, direi que roçando milagre, poderosa indústria.
Depois dos jogadores, os treinadores (por regra, com demasiadas excepções). Preparam as equipas, sofrem imenso, têm a cabeça sempre pertinho de cadafalso (esta lusitana I Liga deve ter batido recorde mundial: só 5 de 18 equipas não mudaram líder técnico!; e várias já vão no terceiro!, fantástica obra de dirigentes híper volúveis...). No emocionalmente escaldante derby, aplauso para Jorge Jesus e Rui Vitória. Verdade: por causa de fortes quezílias na época anterior, não conseguiram cumprimentar-se... (um dia o farão). Mas nem uma acha para a fogueira atiraram nos dias anteriores e no pós-jogo. Impecáveis.
E os dirigentes? Façam enormíssimo favor ao futebol e à sanidade mental de quem adora futebol: calem-se! Dirijam, clube e SAD, entendam-se para solucionarem os macro-problemas do nosso futebol (não apenas, nem sobretudo, a arbitragem - onde, reza longuíssima historia, sempre ferozmente se engalfinham a ver quem manda mais do que quem!), e deem todo o palco mais mediático a jogadores e treinadores. A desvergonha dos vossos insultos já passou todos os mais amplos limites! Por aí, calem-se! Até porque, sim, indiscutível, é a vossa miserável troca de piropos o que muitíssimo mais incendeia, até à alarvidade criminosa!, horroroso fanatismo de adeptos. E calem os vossos directores de dita comunicação! Óbvio: tudo isto está a léguas de se aplicar apenas a quem agora dirige Sporting e Benfica...
Ah!, as claques ditas organizadas. Fervilhante tema do momento: as legalmente reconhecidas vs. as que não são. Parece-me óbvio: todas devem estar legalizadas. Única forma de os clubes poderem ter alguma mão nelas (mas, evidente, não têm!; porque os dirigentes, receando-as, não querem ter!...). Teoria: mais fácil expulsar adeptos - expulsar de sócio, ou)e vetar entrada no estádio - de claque legal do que de ilegal. Porém, Pertinentíssima pergunta: quando é que um clube português assim foi drástico com elementos da sua claque, por muito reconhecidamente legal que ela seja?
Tão fácil alijar responsabilidade, passando a bola para o Estado, polícia, lei, tribunais... Também verdade: o Estado (governo, deputados) muito poucos se mexe nesta matéria, sempre tem tendência para devolver a bola... Lei mais severa? Sim! Mas sobretudo aplica-la. O juiz que condenou jogador do Canelas, agressor de árbitro, inclusive com proibição de entrada nos estádios, deu muito bom exemplo. E lembrem-se de como a Inglaterra resolver o gravíssimo problema dos hooligans: polícia prendeu-os, clubes expulsaram-nos, tribunaus condenaram-nos. Mais: obrigatória apresentação na polícia à hora dos jogos; e do país não saiam quando equipa de clube ou Selecção jogavam no estrangeiro. Drasticamente expurgados.

Adrien e Pizzi. Os dois melhores no derby. Médio contra médio, diretíssimo e renhidíssimo despique. Deu enorme prazer vê-los defrontaram-se com permanente intensidade (ambos assumido que a sua equipa muito deles dependia) e... nunca beliscado fair-play. Chocaram ror de vezes, levantaram-se, amiúde se cumprimentaram e... toca a jogar, acabando num Abraço, Adrien vs. Pizzi, Pizzi vs. Adrien, hino ao futebol!"

Santos Neves, in A Bola

PS: Está para 'nascer' o jornaleiro português, com coragem para 'separar' a postura e as declarações do Presidente do Benfica (e director de comunicação), em relação aos outros dois 'compadres'!!!!

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