quinta-feira, 9 de março de 2017

A vitória de 18 mil sportinguistas e de... 6 milhões de benfiquistas

"Até lá, todos os falhanços serão compreensíveis face à promessa (pequenina) de ser campeão neste mandato (1 em 8).

Quase unanimidade
No dia seguinte às eleições, encontrei, em Francisco Proença de Carvalho, o resumo perfeito de tudo o que pensávamos!
«Coisa rara, mas acontece: benfiquistas e sportinguistas estão de acordo. Ambos acordam este domingo com a convicção de que o Sporting está no rumo certo».
Todos, não... como na aldeia de Asterix, que teima em pôr em causa a pax romana na Gália de então.
Todos, não... porque há sempre incompreendidos, liderados, neste caso, por Pedro Madeira Rodrigues, que tiveram razão antes do tempo (que é o mesmo que não ter razão).
Eu sei que a expectativa que a alternativa gerava era fraca!
Então, se comparada ao super adepto que confunde e - pelo que vi anunciado - vai confundir ainda mais a sua vida com o clube de que é presidente...
Não o fez e não vai fazer nada de relevante, a não ser cumprir o que, uma vez, afirmou: lá ficar, pelo menos, 20 anos!
Como diria o Embaixador Fernando Fafe - recentemente falecido a quem presto a minha homenagem na vertente que aqui interessa, a de fervoroso academista e que, apesar de ser um homem de cultura, não tinha vergonha de gostar de futebol -, ... «da ideia que uma pessoa faz de si, posso antecipar a sua resposta a uma situação»!

Um estado de graça que se esgotou em menos de 24 horas
Pois ele acha-se um verdadeiro predestinado e por isso atropela, desrespeita, desconsidera e insulta tudo e todos!
Nele tudo é encenação, tudo é teatro, tudo parece ensaiado, ... nada parece espontâneo!
Até os impulsos parecem preparados.
E foi esse improviso que começou a matar uma legitimidade, reforçada nas urnas, especialmente por aqueles números!
E o que fez quem ganhou dessa maneira?
Começou, logo ali, a delapidar o seu capital.
Com um insulto sem qualquer justificação (a não ser ele pensar mesmo aquilo).
Para depois prometer o que havia prometido no início dos 4 anos que ali terminavam... como se eles não tivessem existido.
Prometendo o céu como se não fosse ele o responsável pelo inferno do que tinha acabado.
Como se estivesse acabado de chegar e pudesse fazer do passado - do seu passado - uma coisa que não lhe dissesse respeito.
Com a conivência de quem o elegeu, mas com quem ele não se confunde.
Percebe-se - naquele discurso, como em todos os outros - que se considera acima deles, como um predestinado do universo verde branco, mas não um deles.
E isso é evidente em cada frase, em cada afirmação, em cada declaração em que se coloca - a ele - de um lado e os sócios de outro.
É a distância que cultiva, como se ela lhe garantisse o carisma que a natureza não lhe ofereceu!
Porque, sendo sócio, é mais do que um sócio!
Por isso se sente incomodado com jornalistas e... comentadores, porque a liberdade de expressão... só o banaliza.
Um predestinado que no resultado do jogo de domingo, viu esfumar-se outra parte substancial da sua legitimidade.
Que ainda tentou remediar... ao pedir desculpa pelo 1-1 de que ele - semi Deus reeleito - não teria tido qualquer responsabilidade.
Desculpa que viu logo destruída quando destinatário dessa culpabilização (ainda não tinham decorrido 18 horas de anúncio da vitória) se apressou a dizer que o empate era fruto da... inexistência de uma estrutura.
Que ele, agora reeleito, deveria ter construído nos últimos anos.
Para bom entendedor...
E assim começaram 4 anos... como tinham acabado os 4 anteriores: sem ganhar e sem que alguém fosse responsável!

Do sonho do resultado aos pesadelos de JJ  e PMR
Apesar de ter delapidado esse capital com o insulto e o resultado, tentou ganhar, para si, todo o tempo que pudesse!
Fazendo do tempo um aliado, ao prometer ser campeão... em 4 anos.
Tem, por isso, esses mesmos 4 anos para poder falhar!
Apenas precisando de ir à frente ou ter hipóteses de ser campeão na época de... 2020/2021, quando houver eleições.
Até lá, todos os falhanços serão compreensíveis, face à promessa (pequenina) de ser campeão neste mandato (1 em 8)!
Só que vai ter adversários de peso!
Os que jogam contra a equipa dele e... outros dois!
Um que quer ser despedido por ele... e o outro que o quer despedir!
Um é o treinador que lhe vai infernizar a vida sempre que não ganhar... porque, não tendo, nunca, a culpa de nada de mau, deixará quem o contratou sozinho sempre que isso for necessário.
Ele só ganha, porque quem empata ou perde são os jogadores ou a estrutura, ou seja,... o presidente.
O outro é quem se tem arvorado - com ou sem razão, com ou sem legitimidade, com ou sem proveito - em ser o salvador do clube!
E o agora eleito terá de, em cada momento, tentar não ser, na sua cadeira, um qualquer ocupante de um lugar que está reservado a quem se acha com legitimidade para o ocupar.
E não sei sequer a quem terá sido mais conveniente saber-se de uma gravação onde o pretendente explicava como corrigir os desvarios da gestão do clube com um investimento de... 30 milhões de euros.
Se ao actual presidente se ao outro candidato.
A quem conviria divulgar uma conversa daquelas, a poucos dias das eleições quando se sabia que a vitória já não fugia a quem não fugiu?
A quem senão a quem, indo ganhar, poderia desmascarar o ex-inimigo que agora se fazia passar por amigo?
O agora amigo que - parece-me, pelo que vejo - quer o lugar dele, mas não quer ir a eleições... imitando José Roquete (como se a História, depois de ser uma tragédia, se pudesse repetir sem ser uma farsa, como diria Karl Marx).
Isto promete, como prometeu ver a fila interminável de quem, o odiando, optou por o apoiar.
Assim, não ficam de fora do main stream da coisa e se quiserem, como me parece que querem, tentar o golpe palaciano, será mais fácil afastar alguém com 6 anos sem nada a ganhar, do que alguém recém chegado para iniciar tudo se novo!
Mas há uma coisa que todos sabem!
Este que agora voltou a ganhar que se acha um semi Deus, mas que os predestimados nunca deixarão que seja um deles, tem que cair por dentro.
Porque... em eleições, mesmo perdendo no campo, nunca mais o tiram de lá.
Como diria João Gabriel, no dia seguinte... citando Philip Dick (autor das obras de base de Blade Runner ou Minority Report) - «realidade é aquilo que, quando paramos de sonhar e prometer, continua a existir».
E a realidade - por aqueles lados - confunde-se com o preto dos calções e não com o verde das camisolas!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

1 comentário:

  1. Gente que é capaz de fazer que a pior escumalha da sociedade os siga cegamente. Basta ver os comentários alucinados que proliferam pelos fóruns desportivos. Gente dessa é a pior ralé da humanidade. E é contra os dois juntos (um velho e o outro ainda agora chegado) e todo o ódio que vai sendo por eles semeado que a nação benfiquista tem de lutar. Difícil. Muito difícil manter nossa grandeza de espírito perante tanta ignomínia. Benfica Sempre.

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