"O recente trajecto da equipa do Hull City, com uma clara melhoria de performance e evidente somatório de vitórias (a última das quais sobre o "gigante" Liverpool), sob o (novo) comando de Marco Silva, fez com que, de repente, me recordasse de um dos heróis da Marvel, muito conhecido em Portugal na década de 80 (transformado em filme, em 2008, pela Marvel Studios): o "incrível Hulk".
Na realidade, e dado o trajeto deste treinador, é como se Marco desempenhasse o papel do "Bruce Banner", alter-ego do Hulk, personalidade discreta mas uma mente brilhante na sua área de investigação e Hulk fosse, neste "cenário", a expressão da Força e Estabilidade que este treinador consegue imprimir às suas equipas (afinal, aquilo que começa a surgir como o seu Dna).
Analisando o trajecto deste treinador (e as reflexões aqui apresentadas, reportam-se meramente a isto mesmo - a informação que circula na opinião pública), uma coisa ressoa: à semelhança do que é esperado de um atleta de alto rendimento, por outras palavras, que seja a expressão máxima da equação "Talento + Trabalho = Performance", também aqui podemos observar certamente, essa mesma equação.
Na realidade, e os relatos que chegam à imprensa, por parte dos atletas do Hull, têm evidenciado isso, a capacidade (e vontade!) de trabalho é "gigante", sendo frequentemente reconhecido como "meticuloso e metódico", com grande enfoque na quantificação e controle da performance dos seus atletas.
A sua natural propensão para aceitar "causas perdidas" ou clubes em "dificuldade", funcionará, naturalmente como factor de motivação extra (para ele e para os seus atletas), funcionando como "aquela pitada de sal" que ira deixar o "prato" (entenda-se, o cenário/setting) na perfeição.
Se os relatos que circulam traduzirem 50% que seja da realidade, teremos, necessariamente, os condimentos certos para uma taxa de sucesso elevada... até porque, os atletas, tradicionalmente, respondem muito bem, a este estilo de liderança.
Marco é apontado, neste momento, como alguém que traduz o carácter mais científico do futebol moderno - um futebol que assenta em dados específicos de rendimento, dados estes que, por si só, e quando bem empregues, resultam num "combustível" fantástico para promover a motivação da equipa e, como efeito secundário, securizar e consolidar a confiança que os atletas começam a dirigir a uma dada equipa técnica porque, na realidade, o que se activa na cabeça do atleta é que, mediante a comprovação objectiva com dados de rendimento recolhidos regularmente, "se eu alinhar com o processo o meu desempenho aumenta, a minha equipa ganha... então é porque o processo está bem desenhado" - logo, o líder passa a ser alvo de reconhecimento e credibilidade.
É de suspeitar, contudo, que apesar de certamente o seu sucesso derivar, em grande escala, da sua metodologia específica de trabalho, possivelmente outras variáveis estarão, de forma mais ou menos sistematizada, a serem activadas.
Refiro-me pois, a um conjunto de Soft Skills (para mim, Critical Skills), que serão, certamente, a âncora do seu processo de liderança e o elemento facilitador (ou condutor) na forma como gere o seu plantel.
A liderança que exibe partilha, com o que podemos encontrar na literatura científica da respectiva área, uma característica diferenciadora:
- compromisso emocional com uma "causa", crença consolidada na sua capacidade de mudança (entenda-se, ser capaz de retirar o melhor de cada elemento do plantel) e, acima de tudo, uma enorme capacidade em "envolver-se" e fazer com que os outros se "envolvam"...
Tudo isto, de uma forma bastante discreta e low profile... como se de "Bruce Banner" se tratasse.
Estaremos, possivelmente, perante a consolidação de mais um "talento" português que, para além de consolidar ainda mais aquilo que podemos chamar a "escola de treinadores portugueses", e deixando toda e qualquer "cor clubística" de lado, nos inspira a todos nós a ser "mais e melhor", aplicando aquela que julgo ser a "regra d'ouro":
Paixão, Talento e Trabalho*.
*Sendo que, nem sempre é esta a "ordem correta", cabendo a cada um de nós, perceber como as vai "cozinhar", no seu quotidiano."
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