«Se é uma equipa trabalhada por mim tem de ser a melhor. A diferença está no treinador.»
As palavras não precisam de ser identificadas, todos sabem de que boca vieram e, mesmo que não tivessem sido mediáticas o suficiente, dificilmente alguém não acertaria no autor. Provavelmente, em Portugal, só ele o diria.
Jorge Jesus é um treinador fantástico. As suas equipas são sempre muito competitivas e têm um cunho próprio.
Jorge Jesus tem, quando fala de bola, uma profundidade como poucos. O conteúdo é bom, e enriquecedor para quem o ouve.
Jorge Jesus tem, ao mesmo tempo, um lado que não controla e que tem invariável impacto nos grupos com que trabalha. Acontece muitas vezes quando ganha, outras quando perde.
Se estas declarações proferidas antes da humilhação com o Rio Ave e logo após a derrota em Madrid marcam a temporada do leão, simbolizando o início do seu descalabro, a última sobre Palhinha confirma o escasso valor que o jogador do Sporting – em geral, não especificamente o médio-defensivo – tem para o treinador.
E não é só Jesus, já que a entrada do presidente Bruno Carvalho no balneário em Chaves afina pelo mesmo diapasão. Tal como as exigências posteriores de atitude e entrega, reforçadas num comunicado em que o responsável dividia as culpas entre si e o técnico.
A verdade é que se «Palhinha levou o guião errado» para o jogo é porque alguém lho passou. Naturalmente seria Jesus a fazê-lo, dado que é ele quem monta a equipa e a estratégia.
«Apresentámos aqui uma equipa muito jovem, com seis jogadores da formação. Aliás, dez da formação em 18 convocados. Isso também se paga. Mas estamos a dar um passo atrás para dar dois à frente.»
Também as declarações do treinador pós-clássico poderão fazer transparecer a discordância com a mudança de rumo da política desportiva, feita agora à base da formação, com os regressos de jogadores como Podence, Geraldes, entre outros.
A grande diferença de Jesus da Luz para Alvalade é que agora não tem qualquer filtro. E, mesmo assim, no clube anterior, ao falar de um possível substituto de Matic no Seixal atirou que os jovens jogadores do Benfica «tinham de nascer dez vezes» para poderem aspirar a tal. O que também motivou uma reação dos mesmos nas redes sociais.
No Sporting, não tem qualquer filtro, repita-se. Se no ano passado poderá ter sido ele a unir o adversário com uma declaração despropositada – embora baseada em falsa premissa –, na presente época, a de todas as apostas, terá perdido o controlo do rumo da equipa, com mais uma frase em falso.
Agora, nas palavras sobre Palhinha e a formação, Jesus parece levantar dúvidas sobre a futura estratégia desportiva do clube e a sua posição na mesma.
Mais do que controlar os jogadores nas redes sociais, dividindo-se em negações de contas e na exacerbação de mensagens positivas, estacando consequências de declarações de Jesus e do próprio momento que a equipa atravessa, o clube deveria focar-se na origem do problema.
Não é de hoje que a comunicação ganha jogos, muitas vezes campeonatos. E o inverso também é verdade. O Sporting poderá estar a descobri-lo da pior maneira."
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