"É provável que três golos irregulares, em pouco mais de dez minutos, constituam recorde na história da arbitragem.
Errar é próprio do homem. Eu acrescentaria que ceder, quando se é avassaladoramente pressionado, ameaçado e intimidado, também faz parte do incontável conjunto das fraquezas humanas. Temia-se, por isso, que a gritaria dos últimos tempos tivesse consequências. Ei-las: em duas jornadas, dois pontos oferecidos ao Sporting, um ponto regalado ao FC Porto, dois pontos subtraídos ao Benfica. Era isto, e não tanto a Taça da Liga, que eles queriam.
Mas o que mais me agastou no sábado passado foi voltar a ver uma equipa a tentar jogar, e a outra a… não deixar que se jogasse.
Não falo de tácticas. Aceito um 10-0-0 como a mesma legitimidade de um qualquer 4-3-3. É futebol, e até nem foi o caso do Boavista durante a primeira parte.
Falo, sim, de uma chico-espertice saloia - tão tipicamente lusitana -, que no nosso campeonato se traduz em constantes simulações, quebras de ritmo, provocações a adversários e ao público, teatralidade nas substituições, comum à maioria das equipas que nos visitam, e que conta sempre com a complacência dos juízes.
O lugar desta gente era, obviamente, na segunda divisão. Mas o corporativismo dos agentes futebolísticos do país impede aquilo que, a meu ver, resolveria o problema: uma Liga com oito clubes, que agregasse os melhores jogadores, treinadores e árbitros, bem como, redobradas audiências e patrocínios. Muitos ficariam sem emprego, mas nós adeptos, que directa ou indirectamente lhes pagamos a todos, ficávamos com espectáculos de maior dignidade."
Luís Fialho, in O Benfica
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