sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Benfica, Sporting, FC Porto, Seleção: o que fica do ano que passou

"O ano acabou de começar agorinha mesmo, enquanto estava ali a beber aquela taça de champanhe, pelo que ainda está fresco: tão fresco como o ano velho que já lá vai. Ora por isso ainda pode ser tempo de balanços. Parece-me aliás uma altura perfeitamente razoável para fazer um balanço que não prometo que seja melhor ou pior do que os outros: mas é o meu balanço e gosto muito dele por isso. Vamos lá, antes que se perca a oportunidade? Vamos lá, então.

Positivo Benfica:
A capacidade de se reconstruir em torno da prata da casa. Admirável trabalho de Rui Vitória, aliás. Cortou com boa parte da herança de Jorge Jesus e reestruturou a equipa com miúdos como Renato Sanches, Nelson Semedo, Lindelof, Gonçalo Guedes, André Horta, mais Grimaldo, Cervi, Pizzi, enfim. Pelo caminho foi campeão. Chapeau.

Negativo  Benfica:
Não é fácil apontar pecados a uma equipa que venceu a Liga, a Taça da Liga, a Supertaça, chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões e repetiu depois disso a presença os oitavos. Talvez a tendência para as lesões, o que não abona muito a favor do Benfica Lab. É pouco? É sim senhor, é um negativo pequenino. Mas o ano do Benfica foi admirável.

Positivo Sporting:
A recuperação do entusiasmo. Os adeptos voltaram a sonhar, voltaram a encher-se de ilusão, voltaram a sorrir e a chorar, a festejar e a magoar-se. Voltaram enfim e sentir o clube, e esse foi o primeiro passo para resgatar a grandeza do clube. Sucessivas casas superiores a 40 mil espectadores são a prova de que o Sporting ainda tem muito para dar.

Negativo Sporting:
O clima de constante guerrilha. A inclinação para o queixume, para o ataque gratuito, para a suspeição foi um valente tiro nos pés: nos dois pés, aliás, distraiu o clube do essencial e encheu de força o Benfica, que se uniu e fortaleceu a cada ataque vindo de Alvalade. Que o Sporting insista neste equívoco, não é estranho: é puro masoquismo.

Positivo FC Porto:
André Silva, Diogo Jota e Rui Pedro vieram juntar-se a Ruben Neves, José Sá, Sérgio Oliveira, André André. O FC Porto redescobriu o jogador português, mas fez mais do que isso: redescobriu o jogador português com sotaque do norte, sangue nas veias e Porto no coração. Foi à custa de jogadores assim que o clube deu a curva no destino há trinta anos.

Negativo FC Porto:
A saída de Antero Henrique não significou apenas a perda de um elemento valioso: significou acima de tudo a destruição de uma estrutura que esteve por detrás dos maiores sucessos do clube. Uma estrutura que foi elogiada pela UEFA, que foi cobiçada pelos grandes europeus e que construiu um modelo de sucesso. Difícil de entender, portanto.

Positivo Futebol Nacional:
Paris, claro. Portugal no topo do mundo, a bandeira linda e imparável, o peito cheio de orgulho deste sentimento lusitano. Em França cumpriu-se Portugal, e só isso já seria suficiente para tornar este ano de 2016 inesquecível. Só aquele grito, só aquele punho cerrado, só aquele sorriso já valeu pelo ano todo. Fomos heróis. Fomos portugueses.

Negativo Futebol Nacional:
Doze chicotadas psicológicas, doze exemplos de amadorismo. Já é tempo dos dirigentes assumirem responsabilidades pelo insucesso do treinador que escolheram: sim, que eles estão a falhar tanto ou mais que os treinadores. Se por cada treinador despedido houvesse um dirigente que se demitisse, o futebol seria um lugar bem mais maduro e ponderado. 

Positivo Futebol Internacional:
Cristiano Ronaldo, pois claro. Campeão europeu de clubes, campeão europeu de selecções, campeão mundial de clubes, mais uma Bola de Ouro e provavelmente mais um FIFA World Player. A capacidade de Ronaldo rivalizar com um Deus do futebol como Messi, e com o talento insensato do argentino, só merece uma reacção: um aplauso sentido. 

Negativo Futebol Internacional:
O Manchester United acabou o ano com seis vitórias seguidas, mas nem assim conseguiu entrar nos lugares europeus. Depois de gastar 185 milhões de euros em jogadores, aos quais se juntam 150 milhões do ano anterior, é certo que o Man. United se tornou um caso bicudo: um excelente exemplo do que é uma péssima gestão. Um clube sem norte.mo."

1 comentário:

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