quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Chapecoense: o "outro lado" de uma catástrofe

" "É real?"; "A sério?"; "Aconteceu?"; "Como?"; "Sem chão"; "Confusão"; "Sensação de irrealidade"; "Pode ser que seja apenas um pesadelo"... Angústia, pesadelos, medo instalado, evitamento, fuga para a frente...
Estes são alguns dos pensamentos, das emoções ou comportamentos que com muita frequência se encontram associados a pessoas que sobrevivem ou testemunham de forma direta (ou indireta) um evento crítico de vida (catástrofes naturais, acidentes, lutos, entre outros).
E isto é, também, uma resposta "saudável" e normal de qualquer um de nós porque, de alguma forma, denota que somos ainda capazes de empatizar com o sofrimento (no caso, humano), seja ele próximo ou alheio.
O chamado "stress traumático" é uma resposta normal a um evento traumático que pode causar emoções de intensidade elevada, às vezes confusas e até paralisantes. Pode até ser responsável por alguns episódios de insónia, irritabilidade, tristeza ou ataques de ansiedade, mas, se persistirem no tempo, devemos procurar ajuda especializada.
Este tipo de fenómeno pode ser amplamente abrangente mesmo até a quem, não o presenciando de forma direta, acabou por aceder a um conjunto de informações (normalmente, visuais) via o usual "bombardeamento" de imagens nos media (felizmente, neste ultimo acidente de avião, a imprensa respeitou um pedido de algum resguardo face à imagem do cenário do acidente).
De facto, as imagens podem ser altamente traumáticas (e sim, há aqui um papel de responsabilidade social que a imprensa deveria chamar a si mais vezes...).
Por exemplo, em Portugal, a excessiva e abusiva projeção da trágica morte de Miklós Fehér resultou, indiretamente, num aumento exponencial de prescrições e solicitações de exames de natureza cardiológica que, nesse mesmo ano, quintiplicou! E este foi apenas um dos muitos efeitos colaterais na população...
De facto, sermos expostos a este tipo de eventos traumáticos (mesmo de forma indireta, via media) pode fazer disparar os nossos níveis de ansiedade, criando stress traumático.
Na realidade, e num ápice, todo o nosso sistema de crenças e certezas cai por terra, deixando-nos com uma sensação de impotência e grande vulnerabilidade num mundo "perigoso" onde não controlamos nada (o que, no que respeita a "não controlarmos nada"... até é verdade, pois apenas o nosso comportamento pode ser "controlado" e, às vezes, é bem dificil!).
Para além destas respostas individuais que, invariavelmente, nos empurram muitas vezes para uma reflexão pontual sobre a nossa vida, sobre o facto de que a devemos aproveitar mais e melhor, ou que devemos mudar "isto ou aquilo"... E pontual porque, passado algum tempo, já pouco recordamos do que prometemos a nós próprios nesse momento.
Assistimos também a um conjunto de movimentos de generosidade globais em prol das vítimas, que, muitas vezes, demonstram uma capacidade de superação sobrehumana, o que acontece quando nos agregamos genuinamente para ajudar alguém.
Senão vejamos: no incidente de 11 de Setembro, uma das empresas visadas com um enorme número de colaboradores atingidos, resolveu doar o produto da sua faturação a favor das famílias das vítimas e, articulando com fornecedores e clientes, num movimento global de entreajuda, em vez da faturação normal de 1 milhão de dólares, atingiram a quantia de 6 milhões, para efeitos de doação.
É um facto: este tipo de "eventos", mesmo que momentaneamente, transforma-nos fazendo-nos questionar como podemos ser "mais e melhor", como podemos "viver mais", "dar-nos mais" (aos cônjuges, à família e aos amigos).
Chegamos mesmo quase a acreditar que essa irá ser a nossa realidade... E depois...
Puff!!!
Lá voltamos (indivíduos, empresas e comunidade em geral) à "vidinha", ao "piloto automático"... Todos nós, sem excepção.
Até à próxima catástrofe...
E se pensássemos um pouco como podemos manter viva esta ideia de "sermos mais vida" (para nós e para os outros) no nosso dia-a-dia e não apenas quando surge uma "bandeira vermelha", que nos recorda da indelével fragilidade humana?
Julgo que a melhor homenagem que pode ser prestada a quem, de forma inesperada, nos deixa e deixa... sem chão... será, sem dúvida, não querendo "mudar o mundo", focarmo-nos em mudar "o nosso mundo", com pequenos e simples atos diários de generosidade connosco e com os outros!"

Mudar para modo Maradona

"Talvez o Lisandro possa entrar? E o Zivkovic, que é feito dele? Não sei, são só ideias. Com o Nápoles, vamos em modo Maradona, pode ser?

Luisão escorrega à entrada da área e Ghazaryan, o arménio do Marítimo, embrulha um golito logo aos cinco minutos. Um acidente... Não é preciso começarmos já a saltar em cima dos chapéus de coco, amigos. Calma, está tudo bem. Aliás, se cometo a indelicadeza de referir o falhanço do veterano faraó é só para sublinhar isso. Porque a má sorte do nosso central sintetiza bem o jogo inteiro, esta nossa primeira derrota. Nem foi bem um jogo, foi mais um azar desmedido em forma de futebol. Luisão escorregou literalmente e a equipa escorregou metaforicamente. Mas não passou disso. Só um escorregão...
Foi pena, claro, que tivemos uma mão-cheia de quases. Bolas à barra; bolas assobiando junto aos postes da baliza dos ilhéus mas do lado de fora; bolas a roçar num mindinho da luva do compridíssimo guardião maritimista; bolas prontas para beijar as redes que, no último momento, se encolhiam, tímidas, platónicas, deslizando para canto, desistindo da alegria. Foi pena, sim, mas, depois daquele começo meio sonâmbulo, até demos uns toques bonitos como é hábito. Parecíamos tomados de bom espírito, dispostos a riscar o "má" de "má sorte". Pelo menos, foi assim que eu interpretei o golo de Nelsinho: dança de corpo; velocidade para dentro; remate tão feliz que faz nascer uma bola de felicidade; desvio acidental, perfeito, de um Gonçalo Guedes a fugir no sentido contrário; plim, golo. É verdade, foi uma pena. Tanta alegria desperdiçada, não é, caros amigos?
Não há de ser nada, temos de seguir em frente. Mas, atenção - aqui, onde ninguém nos ouve, deixem-me dizer só uma coisinha mínima. Se queremos golear o Nápoles na terça-feira, temos de sair já-já-já da Turquia mental em que estamos refastelados como odaliscas matissianas. Neste percalço madeirense, também houve algo de "síndrome da segunda parte". Na primeira demos 6-0, e na segunda facilitámos... Não, temos de arregaçar as mangas e voltarmos a nós próprios. Pode ser? Para terminar, deixe-me dizer-lhe, míster, que gostei muito das suas declarações no final. Era fácil cair em cima da incompetência do árbitro e sacudir a água fria do capote, mas o Glorioso tem de estar acima disso. Bravo. Para dentro é que talvez seja bom mandar uns sinais, não? Talvez o Lisandro possa entrar? E o Zivkovic, que é feito dele? Não sei, são só ideias. Com o Nápoles, vamos em modo Maradona, pode ser?"

Não há futebol sem Liga dos Campeões

"Puristas e neoliberais têm motivos para a considerar imprescindível. Benfica e FC Porto jogam bem mais do que os 5,5 milhões do prémio

Para um clube português, a Champions é sempre a escada que leva ao segundo andar, seja qual for a perspetiva. Nós, na Imprensa, talvez façamos parecer vezes de mais que a Liga dos Campeões se confina aos prémios, isto é, uma receita imediata com um peso desproporcional em bolsos como os de Benfica, Sporting e FC Porto, mas neoliberais e puristas partilham o mesmo barco nesta matéria. Duas equipas meio imberbes, como são a benfiquista e a portista, nunca cumprirão todo o potencial sem que os Gonçalos Guedes, Andrés Silvas ou Ruis Pedros enfrentem com regularidade o melhor futebol do mundo e se habituem a ver-se nesse estatuto. E os preços nunca baterão no teto se os jogadores não forem promovidos, e examinados, nas arenas frequentadas por quem gasta dinheiro a sério. Ou se não entrarem no circuito dos sussurros e rumores de mercado que influenciam os mais interessantes dos gastadores: os ignorantes que emprenham pelos ouvidos. Entre os oitavos de final da Champions e a fase de grupos há uma diferença grande de visibilidade e ruído. Nos oitavos, o universo reduz-se a 16 equipas, oito jogos por ronda, para além de já ter ficado estabelecido o mérito desportivo. O sentido de urgência aumenta; o espaço para erros reduz-se; o tempo para decidir desaparece; os olhares inquisidores multiplicam-se, vindos de todo o mundo. Jogar os oitavos da Liga dos Campeões, para um miúdo de 18 ou vinte anos, é como passar por Harvard ou Oxford. Hoje e amanhã, Benfica e FC Porto jogam, talvez, as três próximas épocas."

Tudo em jogo

"Inclusive o mercado

Cruzo as duas declarações, a de Rui Vitória e a do empresário de Gelson Martins, e vejo nelas ao mesmo tempo uma coerência e uma provisoriedade. O treinador do Benfica prevê que, mais cedo ou mais tarde (eventualmente cedo), algumas das suas jovens estrelas deem o salto. O agente garante que, aconteça o que acontecer, Gelson não sai do Sporting em janeiro.Hoje, por jogar o dérbi, ambas são verdade. O Sporting persegue o líder e o Benfica, mesmo com lesões (e até uma derrota), mantém-se na frente. Mas é impossível não deixar a validação daquelas declarações para domingo.Se o Benfica ganhar, e aberto novo fosso de cinco pontos entre os dois, é provável que Gelson se torne menos invendável. A experiência de Carrillo não correu mal. Já se forem os leões a prevalecer, começa a ficar demasiada coisa em causa para os encarnados - a possibilidade de alienarem jogadores-chave, pelo menos em janeiro, deixa de existir.Queiramo-lo ou não: a própria abordagem ao mercado depende do jogo do próximo fim de semana. Este ano, ainda não houve nenhum desta magnitude.

A velha rota
Um dia há de funcionar
É sempre a sombra de Eusébio que paira nestes momentos, não é? Quando um grande português vai buscar um jovem jogador aos PALOP? Ou será já também (um pouco) a de Mantorras? Seja como for, Gelson Dala e Ary Papel são os mais recentes jogadores do Sporting. Talvez lhes convenha terem a noção, para saberem como posicionar-se, de quantos "novos Eusébios" recebemos nos últimos 20 ou 30 anos. E de quantos se confirmaram."

Rui Pedro e outros sete nomes: será que o país aprendeu a lição?

"A necessidade deu-lhes a oportunidade. A alguns deles falta a continuidade.

Rui Pedro, André Silva e Diogo Jota. Gelson Martins e Rúben Semedo. Nélson Semedo, Gonçalo Guedes e André Horta.
Nomes que sobressaem em três meses de temporada, e apenas porque a necessidade gerou a oportunidade.
Oito jovens que sublinham a qualidade da formação em Portugal e o espaço que tem surgido nos grandes nos últimos meses. Haverá muitos mais na calha nos próximos tempos, se continuarem a lembrar-se deles. Como devem.
Se a qualidade da formação não é de hoje, o que mudou terá sido a mentalidade – a mudança é sempre mais lenta, como nos ensinou a História. Rui Vitória, Jorge Jesus e Nuno Espírito Santo têm aberto a porta e, sobretudo, dado espaço ao erro e ao amadurecimento com que nenhum deles nasce. 
Gelson é hoje em dia o jogador que mais desequilíbrios provoca na Liga e, apesar do reforço da sua posição no fim do mercado com nomes como Markovic e Joel Campbell, nunca deixou que Jesus tivesse dúvidas. O mesmo aconteceu com Rúben Semedo e a renovada concorrência.
Na Luz, Gonçalo Guedes não vem só desta temporada, mas, depois de um apagão, aproveitou os problemas de Jonas para ganhar força física e intensidade, tornando-se um jogador ligeiramente diferente do que muitos projetaram. Nélson Semedo recuperou os índices do início da última época, e é atualmente um dos laterais que mais entusiasmam. André Horta foi aposta segura de Vitória até à primeira lesão e apresentou créditos.
André Silva começou a sustentar-se no FC Porto na final da Taça de Portugal e, apesar de um ou outro momento menos bom, continua a ser fundamental na equipa de Nuno. Foi com Jota no onze que os dragões melhoraram no ataque, e Rui Pedro, ainda com idade de júnior, já valeu três pontos fundamentais, porque o reforço Depoitre continua sem convencer.
Belenenses e Vitória de Guimarães foram clubes que adotaram uma filosofia de aposta no jogador nacional, alguns por empréstimo, outros formados internamente. A crise obrigou-os a isso, e são exemplos de sucesso desportivo. Bons exemplos a seguir.
Todos os jovens acima precisaram ou precisam de continuidade. A qualidade está toda lá, e muitas vezes bem superior a muitas contratações de valor duvidoso.
A pergunta que deixo é: se o jovem jogador português tem provado qualidade, não só na Liga como lá por fora e ainda nas seleções jovens – de que os sub-21 são o exemplo mais marcante – por que é que estes números continuam a ser tão baixos?
Vivemos um tempo de ouro do futebol português, depois da conquista do Euro 2016 e com Fernando Santos e Cristiano Ronaldo a estarem, com inteira justiça, muito perto de ganhar os prémios do ano da FIFA.
O país pode ter aprendido a lição ou tudo isto ser apenas circunstancial. Acredito que esteja pelo menos a começar a aprender. O futebol português tem também a sua (boa) oportunidade."

Por que razão avaliamos tanto o discurso dos treinadores

"A liderança do treinador é um dos temas mais fascinantes do desporto, num ambiente geralmente competitivo onde o trabalho individual e coletivo estão interligados. E a liderança de uma equipa, pela complexidade e ambiguidade em que é exercida, continua a originar novas formas de a discutir, seja num gabinete de uma equipa profissional seja num café!
A verdade é que um treinador tem inúmeros desafios e em quase todos eles precisa de ter uma capacidade eficiente de exercer a sua liderança perante a sua equipa técnica ou os seus atletas, sabendo que o seu comportamento e a sua experiência são determinantes para o seu sucesso e o ambiente que cria através do seu relacionamento tem uma especial influência na entrega por parte do atleta.
Ao praticar a liderança o treinador socorre-se e envolve-se nas ações, tenta usar a parte motivacional e perceber a mente de cada atleta que faz parte da equipa. E é através da sua comunicação que alinha as suas ideias e as suas ações, para inspirar os atletas em prol dos objetivos. A narrativa por parte de um treinador para a sua equipa é composta geralmente por três elementos: a história do treinador, a história do «nós» e a história para ou sobre o contexto. E é na narrativa do treinador que compreendemos os seus valores, o que ele quer passar à equipa e como ele gere e potencia os desafios com aquela mescla de palavras e frases em várias direções.
Nas últimas semanas discute-se muito se as abordagens do treinador do FC Porto são benéficas. Será um bom ou mau comunicador Jorge Jesus? Por que Peseiro se sente mais confortável a comunicar no Sp. de Braga do que no Dragão? Ou se aquele discurso de Rui Vitória a seguir aos Barreiros foi para desdramatizar ou foi genuíno.
Alex Ferguson afirmava que para se ser campeão é necessário inspirar as pessoas a serem melhores, dar-lhes melhores competências técnicas, torná-las vencedoras e conseguir que eles entendam que estás a lutar por elas. E isto consegue-se através de um discurso que nem tem de ser inspirador, mas tem de cativar um a um. Se não for assim, até se podem vencer jogos, mas não se vencem campeonatos.
Numa observação sobre o clima na equipa nacional neozelandesa de rugby, abordou-se a questão essencial para o treinador que é conseguir construir uma ideia de si enquanto treinador e líder. E sem existir a capacidade de verbalizar essa mesma ideia concreta e o mais real possível para equipa, de pouco valem os conhecimentos. O treinador Mike Krzyzewski, o enorme Coach K, afirma algo como: «Tu tens de ser tu próprio. Isto é algo que tu tens de falar às tuas equipas, de ser e usar a tua personalidade e os teus valores para atingir a equipa.»
Tudo se altera em pouco tempo. E até podemos pensar que conseguimos acompanhar as mudanças, mas a nossa narrativa sofre sempre que tentamos ser algo que não somos. Lá bem no fundo, os atletas estão sempre à escuta, até podem não perceber o exercício x ou y, mas captam todos estes momentos de grande ou má performance comunicacional. E quando a bola não rola, também nós nos cafés ou nas redes sociais avaliamos isso."

Cadomblé do Vata

"1. Pelo segundo ano consecutivo, apuramo-nos para os oitavos de final da Champions... só foi pena não termos perdido 4 jogos pela margem mínima para ser uma fase de grupos de alto prestigio.
2. O pessoal goza com o espanhol do Jorge Jesus, mas quem parece não ser fluente em castelhano é o Rui Vitória... mister, na língua de Cervantes, "Eduardo Sálvio" não quer dizer "Titular Obrigatório". 
3. Ontem perdemos porque estivemos 45 minutos a pensar no Nápoles e 45 minutos a pensar no Sporting... só espero que no domingo não estejamos 45 minutos concentrados no Sporting e 45 minutos com a cabeça no Real Massamá.
4. Temos que assumir de uma vez por todas que é complicado jogar com 2 avançados tão móveis como Guedes e Jiménez... a relação que têm com a área é a que um universitário tem com a casa dos pais... só lá vai esporadicamente para comer e deixar a roupa a lavar.
5. O apuramento do SLB, valeu ao Besiktas a despedida da Champions e a perda de largos milhões de euros... não tarda temos o Talisca a pedir dinheiro aos amigos outra vez."

Vermelhão: qualificação com derrota !!!

Benfica 1 - 2 Nápoles


Em primeiro lugar destacar a qualificação, pelo 2.º ano consecutivo, com um grupo equilibrado e competitivo. Onde as duas melhores equipas acabaram por passar. Mesmo com os 4 pontos desperdiçados nos confrontos com o Beskitas, o Benfica acabou por merecer a qualificação... Foi pena, aquela última meia hora em Istambul, porque com uma vitória nesse jogo, o Benfica teria obtido a qualificação, e este último jogo, teria tido outro contexto, possibilitando a preparação do derby do próximo domingo...
O Dínamo acabou por fazer a sua obrigação (!!!), os Turcos depois de tanta 'vaca', acabaram por finalmente terem um pouquinho de 'azar': recordo o golo desperdiçado pelo Guedes na Luz, que daria o 2-0, antes do golo do Talisca; recordo o penalty desperdiçado pelo Nápoles no San Paolo e o golo da vitória do Besiktas nos minutos finais, em fora-de-jogo...; e recordo aquele meia-hora final do Benfica em Istambul... depois do Mitro falhar o 0-4 !!!
Em relação à derrota de hoje, confesso, fiquei muito irritado!!! Não porque perdemos (em desporto tudo pode acontecer), mas pela forma como não 'preparámos' o jogo!!! A filosofia predominante em Itália, passa pela adaptação da estratégia ao adversário. Em Portugal, nos 'grandes' nem por isso... Pois, o Benfica, com Rui Vitória, mas também com o antecessor, tem esta estranha tendência suicida, de não 'mudar' nada no nosso esquema!!!!
Eu sou daqueles que defende o 'nosso' 442, acho que em mais de 90% dos jogos que o Benfica disputa por época, o 442 é de longe o melhor Modelo, mas depois existem os restantes 10%... E nós continuamos a não fazer qualquer tentativa de adaptar-nos às circunstâncias!!!
Não é novidade nenhuma, é uma história recorrente: sempre que o Benfica, defronta uma equipa de grau de dificuldade elevado, que joga em 433, temos sempre, sempre, sempre muitas dificuldades!!! Mais ainda quando defrontamos adversários fisicamente mais fortes no corpo-a-corpo... perdendo assim quase todos os duelos individuais!!!!
Hoje, além da 'natural' inferioridade numérica no meio-campo, ainda houve dois 'pormaiores' que 'mataram' qualquer possibilidade do Benfica 'disputar' de igual para igual, esta jogo:
- a 'quase' marcação individual do Fejsa ao Hamsik: os italianos perceberam, o Eslovaco, em 'construção' recuava praticamente para defesa-esquerdo, e o Fejsa ia atrás dele... abrindo um enorme buraco no centro...
- após os primeiros minutos, o Salvio recuou... começou a fazer parte da 'linha defensiva do Benfica', ficámos a jogar com praticamente 5 defesas em linha!!!!
Com estas duas variações, a nossa linha de meio-campo, desapareceu... Os Napolitanos, ficaram com 'estrada' aberta para fazerem os passes para as costas da nossa defesa...!!!
Aquilo que me deixou ainda mais irritado, é que isto era visível... e durante os 90 minutos, nada foi alterado, nem sequer tentado!!!!
Pior ainda, é que esta estratégia anti-Benfica, de fazer superioridade numérica no nosso lado direito da defesa, tem sido usada repetidamente nos últimos confrontos com os Corruptos e aconteceu recentemente na tal última meia-hora de Istambul...
Rui Vitória, já cometeu outras decisões erradas, mas normalmente, tem uma boa capacidade de auto-crítica, e nos jogos seguintes rectifica... Mas sobre esta situação, ainda não encontrou antídoto!!!
E hoje, mesmo se não tivesse sido 'treinado' (mas deveria ter sido analisado, porque nós sabíamos que o Nápoles vinha jogar assim), a opção óbvia, sem fazer substituições, seria colocar o Guedes a defender na direita, e jogar num 451...
Podia até não resultar, mas pelo menos tínhamos tentado alguma coisa...
E vamos ver se Domingo, não vamos enfrentar um esquema idêntico!!!
A crónica já vai longa!!! Apesar de todas as nossas 'falhas', temos que reconhecer que este Nápoles, tem uma excelente equipa, muita qualidade individual (Hamsik, Alan, Albiol... muito bons na 1.ª fase de construção - apesar do erro do Central no final). O curioso é que esta equipa do Nápoles (orçamento estratosférico comparado com a realidade portuguesa), depois da vitória em ao Benfica na 1.ª volta, entrou em crise!!! E esteve uma série de jogos sem ganhar... e a jogar mal!!! Mas nas últimas semanas, voltou a subir de forma... e a vitória sobre o Inter na última sexta-feira confirmou essa subida...!!!

Outro pormenor inquietante, são os golos desperdiçados pelo Benfica: em Istambul, na Madeira e hoje, falhámos golos muito golos... e mais: nos primeiros 20 minutos da 2.ª parte, numa altura onde o resultado ainda está em aberto (nos 3 jogos), falhamos golos escandalosamente, e praticamente na resposta, sofremos um golo...!!!
Hoje, foi aquele passe picado do Pizzi, que o Rafa e Jiménez chegaram milimetricamente atrasados!!!

Não vou fazer as habituais análises individuais. Porque quando existe este encaixe estratégico tão desigual, as performances individuais são 'irrelevantes'!!! É fácil, dizer que os jogadores não correram, que os jogadores não foram profissionais, que os jogadores são maus, que os jogadores estão cansados... tudo isso pode ser dito, ou insinuado, mas para mim, a partir do momento que as 'peças' foram tão mal colocadas no 'tabuleiro', o jogo ficou decidido...
Um exemplo perfeito desta má gestão de recursos, foi o Fejsa: terminou o jogo completamente 'roto', tal como o Luisão... com melhor organização, tudo seria diferente!!!
Mesmo assim, uma nota para o golo embalado pelo 'Eu amo o Benfica'... e com um bocadinho mais de discernimento, até podia ter dado para empatar!!!

O único aspecto, onde Rui Vitória tem 'desculpa' é no nosso processo ofensivo!!! Sem Grimaldo, tudo fica mais difícil... Os nossos adversários sabem disso!!! O André Almeida cumpre defensivamente, é praticamente dado de 'barato'... permitindo ao esquema defensivo dos nossos adversários concentrar todas as suas unidades, no nosso flanco direito... E com o tal 'povoamento' em excesso em cima do Semedo e do Salvio, depois tornar-se difícil fazer os desequilíbrios ofensivos!!!

De todos os cenários possíveis para esta noite, aquele que me assustava mais era a queda na Liga Europa... sendo assim, nem tudo foi mau!!!!!!
Amanhã saberemos quais serão os nossos possíveis adversários!!! No Pote 2, vão ficar equipas muito fortes, portanto ter ficado em 2.º não é assim tão penalizador... Pessoalmente, preferia jogar com uma equipa do nosso 'campeonato' nos Oitavos, e depois nos Quartos, ter outro 'Bayern'... Mas até Fevereiro, muito coisa vai mudar... a começar pela disponibilidade física do nosso plantel!!!

PS: Estivemos 'quase' a conseguir ter um minuto silêncio de grande dignidade no Estádio da Luz, mas os parvos das palmas lá tiveram que aparecer!!!

Vitória, com viagem marcada...!!!

Benfica 2 - 0 Nápoles


Qualificação garantida, num jogo onde desperdiçamos muitos golos... o 0-0 ao intervalo, era mentiroso e muito perigoso... com equipas Italianas nunca se sabe!!!
Com os 'reforços' tudo ficou mais fácil, mas recordo que ganhámos em Nápoles, sem o Dias, sem o Buta, sem o Joãozinho e mesmo sem o Zé Gomes (que hoje também não jogou...)!
4 anos, 4 qualificações para a eliminatória seguinte, na Youth League... pode parecer pouco importante, mas são 'resultados' destes que ajudar a dar prestígio à nossa formação, dão experiência aos nossos jogadores, permitem-lhes o crescimento competitivo e indirectamente, acabam por valorizar os nossos jovens...
Terminámos em 2.º lugar do grupo, assim vamos ser obrigados a disputar uma eliminatória extra. O jogo será fora do Seixal, e será disputado a 7 ou 8 de Fevereiro. Dos possíveis adversários só dois nomes 'assustam'!!! Mas com os jogos a serem disputados ainda no Inverno, temos aqui várias possibilidades 'geladas':
Ajax (hol)
Altınordu (tur)
Maccabi Haifa (isr)
Midtjylland (din)
Roma (ita)
Rosenborg (nor)
Salzburg (aus)
Viitorul (rom)