quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Somos todos chapecoenses

"A vida, o futebol, as ideias, os clubes podem esperar para todo o sempre quando somos surpreendidos pela morte como nunca.

Jiménez,... Boavista,... VMC's,... incentivos,... vídeoárbitro,... túneis (nas suas mais diversas e feitios),... eram temas possíveis desta página de hoje, no jornal A Bola, que uma tragédia fez adiar.
Porque a vida, o futebol, as ideias, os clubes podem esperar para todo o sempre quando somos surpreendidos pela morte como nunca.
Cresci a ouvir o meu pai contar, vezes sem conta, a tragédia que ceifou a vida de todos os 31 passageiros e dos 4 tripulantes do avião que transportava a equipa do Torino, no desastre aéreo contra a Torre de Superga, em Turim, a 4 de Maio de 1949.
História tanto mais impressionante - para quem, então, nessas histórias de uns anos antes, descobria, como eu, os desafios e os encantos dos jogos com grandes equipas europeias - quando aconteceu envolvendo, de forma muito próxima, o Benfica e a festa de despedida de Francisco Ferreira.
O primeiro desastre aéreo de que eu haveria memória e, infelizmente, não o último!
Como aprendi a gostar de futebol e a ouvir que a final da Taça dos Campeões Europeus de 1968, em Wembley, onde perdemos com o Manchester United representou, de algum modo, a compensação divina pelo desastre sofrido pela equipa inglesa, 10 anos antes, a 6 de Fevereiro de 1958, em Munique, onde faleceram 17 dos 38 passageiros do avião que se dali não conseguiu levantar.
Uma recompensa materializada nos 4-1 finais, com que Best, Stiles, Laws, Charlton & Cia, nos venceram, mas que atingiu o seu ponto máximo naquele golo não marcado no último minuto do tempo regulamentar, por Eusébio, que nos daria o terceiro título de Campeões Europeus...
Porque achamos sempre - já que os outros desastres aéreos desportivos andam longe da nossa realidade mais próxima, como o de 8 de Dezembro de 1987, em que morreram todos os jogadores do Club Allianza Lima (sobreviveu apenas o piloto entre 37 passageiros e 6 tripulantes), ou o de 27 de Abril de 1993, em que o mesmo sucedeu a todos os jogadores da selecção da Zâmbia (vitimando 25 passageiros e 5 tripulantes) - que isso não acontece a equipas de topo!
Muitas vezes, nos voos que nos levam aos jogos de vida ou de morte das competições europeias ou naqueles em que vamos acompanhando deslocações particulares da equipa, nos questionamos sobre essa possibilidade, logo afastada com a ideia que, indo ali quem sabemos ir,... isso não acontecerá.
Ou - simplesmente - para jogar nos Açores ou na Madeira...
Até percebemos que isso... pode acontecer.
A uns, muito poucos (como eu), caindo e sobrevivendo!
A outros, infelizmente, caindo...

Como, agora, com a Associação Chapecoense de Futebol!
E se a notícia, em si, é chocante, por brutal e desumana (embora saibamos ser a morte o que temos de mais certo), eu, que sempre fiz minha a ideia que «um homem não chora», começo a admitir a possibilidade de poder haver... excepções.

Não pela morte, em si - devastadora, inconformável e irreparável - mas pela onda de solidariedade que mereceu a tragédia.
Se «os campeões não morrem»,... «no dia em que o mundo chorou pela Chapecoense», confesso-me rendido aos sentimentos do futebol.
Desde a mensagem de Luís Filipe Vieira, expressando a solidariedade do Benfica, como «clube de valores, de afectos e de paixão...», passando pela disponibilidade de cedência de jogadores de outros clubes brasileiros e estrangeiros (onde se inclui o Benfica), até ao pedido, assumido por alguns emblemas que, durante três anos, a Chapecoense não possa descer de divisão.
Ou o desejo do Palmeiras, já campeão, ao pedir para jogar o último jogo (contra o Vitória da Baía, o do consagração do título alcançado) com as cores da Chapecoense, numa homenagem que tem já a anuência da respectiva marca de equipamentos, como prova provada que, também no futebol, há sentimentos para além do dinheiro...
E - sendo o futebol apontado como um dos exemplos maior da luta por títulos a qualquer preço - que dizer desse pedido do Atlético Nacional de Medellin, que nunca, nas anteriores 15 edições conquistou a Copa Sul Americana (a Liga Europa da América do Sul) para que o título fosse atribuído à Associação Chapecoense de Futebol, o pequeno clube de Chapecó, Santa Catarina?
E se a linha que separa a vida da morte é tão ténue, que dizer da mera opção de Caio Júnior (que o destino não quis que pudesse ver a «história acontecer»), o treinador com tantas ligações a Portugal, como referiu João Alves, no seu emocionado depoimento, à qual Marcelo Boeck deve a vida, possivelmente depois de ter ficado muito triste por não ser incluído na lista de convocados... para a tragédia?
Ou a prova de que, se as escolhas das equipas que entram em campo podem significar defesas, pontapés, cabeçadas, golos, tristeza, alegria, derrota, empate, vitória,... houve, pelo menos neste caso, uma opção que valeu a vida...
Porque, como diria o próprio Marcelo Boeck,... «os amigos dos meus filhos já não têm pais»!!!
Os pais dos amigos dos filhos do pai que jogava com os pais deles!
Ou a forma mais sentida para nos convocar, a todos para que (parafraseando, embora noutras circunstâncias bem menos difíceis, a declaração de John Kennedy, em Berlim, a 26 de Junho de 1963) possamos, hoje, afirmar... «somos todos Chapecoenses!!!»"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Chapecoense

"A vida marca o início do caminho para a morte. Mas, diante da certeza da morte, a nossa vida constrói-se na incerteza do seu momento.
Anteontem um avião despenhou-se. Transportava, entre os passageiros, jovens que haviam abraçado a vida de futebolistas. De um clube jovem, mediano, remediado: Chapecoense, da cidade de Chapecó no Estado sulista de Santa Catarina. Nesta última viagem para quase todos, os jogadores levavam o orgulho de finalistas e a esperança de poderem ser vencedores da Copa Sul-Americana (correspondente à nossa Liga Europa).
Na vertigem letal, tudo o que antes era alegria, ansiedade, ilusão, vida enfim, foi sumido pelo silêncio da morte. O destino - ou seja lá o que for - acabou com a vida sonhada de muitos e poupou alguns a este fatídico acidente. O guarda-redes Marcelo e outros atletas porque não foram convocados. O filho do treinador Caio Júnior agora falecido, perdeu o avião da morte por se ter esquecido do passaporte. A aeronave foi a mesma que, há dias transportara Messi e a selecção argentina. A fronteira entre ser e deixar de ser é mais pequena do que a passagem de um quase invisível grão de areia na âmbula da ampulheta. Um fio, um acaso, podem juntar-nos ou apartar-nos do local e tempo errados.
Nestas alturas, percebe-se quão relativo e estéril são o azedume, a discussão, o enviesamento, a culpa, a batota à volta do futebol. Percebe-se, mas logo se volta a esta dita normalidade.
Depois do Torino (1949), Manchester United (1958), Zâmbia (1993) e outras equipas dizimadas por desastres aéreos, foi a A. Chapecoense. Haja forças para o reerguer em preito da memória e em nome do futuro."

Bagão Félix, in A Bola

Ingrato

Benfica 1 - 2 Belenenses

Muito ingrato, tal como o nosso treinador afirmou no final...

Começo por reconhecer que o Benfica não tem estado a jogar bem... além da tremenda falta de eficácia em praticamente todos os jogos, temos regularmente desconcentrações posicionais que acabam quase sempre com o nosso guarda-redes a 'levar' com os adversários completamente isolados!!!

O jogo de hoje, foi de um sentido só, em cada 10 remates do Benfica, o Belenenses fazia um ataque (alguns perigosos), mas até 30 segundos do fim, estávamos a vencer...
O Belém empata num pontapé de bicicleta após erro nosso, e quando arriscamos o 5x4 (o treinador assumiu a responsabilidade na procura da vitória...), sofremos um golo de baliza a baliza, sem guarda-redes...!!!

Muito se pode dizer, mas este resultado, na véspera do derby, não é nada bom! É verdade que no Futsal, tudo isto irá acabar num play-off, mas o Benfica tem que melhorar!

Como também já é habitual no Futsal em Portugal, os jogos grandes começam a ser preparados 'antes': nos primeiros segundos do jogo, o Bebé foi expulso (próximo jogo é com o Sporting). A bola bate no corpo do Bebé e depois ressalta para o braço... Até podiamos supor que o árbitro não soubesse as regras, mas curiosamente no 2.º tempo, praticamente no mesmo local, um defesa do Belenenses também jogou a bola com o braço de forma não deliberada... e o árbitro nada marcou!!! Afinal, ele sabia as regras!!!
Eu até diria, que tivemos sorte, ser só o Bebé, a ser expulso...!!!

Sem o Bebé, sem o Elisandro, sem o Franklin e ainda sem o Jefersson... a rotação fica curta, ainda por cima contra um adversário que joga praticamente todos os minutos em 5x4!!! Não vai ser fácil...

E já agora, reafirmo, como é óbvio, a minha confiança total no Joel... isto quando não se ganha sempre no Benfica, é complicado, mas felizmente existem pessoas com responsabilidade a tomar as decisões!!!

A grandeza de ficar calado

"Silêncio absoluto. Nem um sussurro. Parece que até as moscas poisaram. Toda a natureza também. Silêncio assim só os mortos fazem. E no entanto, há mais de 50 mil pessoas ali. São 50 mil corações a bater, mas que não se ouvem.
Em Chapecó, Brasil, sim, a batida cardíaca é sonora. Não se ouve aqui. Mas «ouve-se» em gestos. Lágrimas e soluços, pelas imagens que chegam.
Morreram muitos. Famílias foram ceifadas. Morreram futebolistas. E técnicos. E dirigentes. E a tripulação. E jornalistas.
Sobre estes, não consigo acrescentar mais nada ao que disse Galvão Bueno (ao meio no vídeo).

As palmas. Na hora da morte, sempre as entendi como elogio ao que de bom se fez vivo. Aplaudir Amália por uma última vez, por exemplo. Fazia sentido por quem foi. Não há maior homenagem a um artista do que um público em palmas. Acho que na Globo foi a maneira de dizerem: «Obrigado por tudo o que nos deram.» A vida, infelizmente, estava incluída.
Mas há o outro lado. E creio que todos eles, os que ali aplaudiram, tiveram um momento de recolha. De silêncio, portanto.
Silêncio, que é coisa grandiosa. Porque nele só há reflexão. E o pensamento é a maior das qualidades humanas. Transmiti-lo, já depende.
«Tragédia é esse jornal nacional da Globo».
Apenas um de muitos comentários que obrigaram quem publicou o vídeo acima a retirar o direito à opinião. E eu defendo o direito à opinião como nada. Mas aquilo opinião não é. É desrespeito.
Morre gente todos os dias. Morreram muitos na segunda-feira em Medellín. Os americanos dizem-no muitas vezes: «Nada é certo a não ser a morte e os impostos.»
E a estupidez humana.
A grandeza de ficar calado vai muito para além do silêncio coletivo dos tais 50 mil...

 ... e deviamos tentar ser grandes todos os dias.
Num estádio, entre uma multidão, ou atrás de um teclado, sozinho, mesmo que ninguém veja a nossa grandeza."

Nicolia show !!!

Candelária 1 - 7 Benfica
(1-2)

Pois é, agora imaginem que o Nicolia tinha uma alta percentagem de eficácia nos Livres Directos?!!! Hoje o astro argentino marcou 4 golos, e fez 2 assistências para golo... mas ainda teve tempo de desperdiçar 2 Livres Directos!!!!
Sendo que o João Rodrigues, também falhou um penalty!!!

E nos jogos complicados, as 'bolas paradas' são decisivas, e nós estamos a desperdiçar demasiado!