sexta-feira, 4 de novembro de 2016

De Rui Vitória ao circo Benfica-Sporting

"A contabilidade passa por Fernando Santos, o ReporTV e a comunicação dos clubes

POSITIVO
5 pontos: Rui Vitória
Figura sem fantasmas, de discurso por vezes enfadonho mas dono de um percurso notável. São 14 anos como treinador e nem um dia no desemprego, num percurso iniciado poucos dias após a perda dos pais, em trágico acidente de viação. Chega a esta fase com cinco e sete pontos de vantagem sobre FC Porto e Sporting, por mérito seu e demérito dos adversários. 15 jogos, apenas 2 empates e 1 derrota. Sem Gaitán nem Renato Sanches. Por agora sem Jonas nem Rafa. E no clássico, como será sem Fejsa?

4 pontos: Fernando Santos
Nunca escondi o cepticismo em relação às possibilidades de Portugal no Euro 2016. O tempo e Fernando Santos provaram-me que estava errada. Assinou uma página histórica, daquelas que nenhuma circunstância rasgará, e acaba de entrar no top ten de treinadores do ano. Pelo meio surgiram três nomeados para a Bola de Ouro, com Ronaldo como principal favorito, e Renato Sanches como Golden Boy. «Não podemos ficar por aí», reage o seleccionador. Assim seja.

3 pontos: ReporTV
Passei a reservar este patamar para o bom jornalismo que se vai fazendo por cá. Sim, ele ainda se faz. Por entre a chuva de críticas, as nuvens cinzentas que pairam graças ao imediatismo, às redes sociais, ao efeito castrador dos departamentos de comunicação, surgem raios de sol como o ReporTV. É de longe o melhor produto televisivo sobre desporto em Portugal. Tem assinatura do incomparável Jaime Cravo e toca-nos. Toca-nos pela beleza, pela profundidade, pela genialidade. Obrigado, Jaime. 


NEGATIVO
2 pontos: Comunicação dos clubes
Começa nos grandes, que trocam conteúdos de qualidade por estratagemas obscuros nas redes sociais. Ficam os dirigentes na sombra, imunes a castigo, aparecem os prodígios do Facebook, dos comunicados e dos boletins. Mas a crítica não se cinge aos grandes. Os outros querem tomá-los como exemplo. Negam entrevistas ou querem condicioná-las, criticam jornalistas pela falta de exposição, atacam-nos publicamente como aconteceu de forma vergonhosa com o Sr. Director de Comunicação do Arouca. Se Arouca, Tondela, Moreirense, etc. não têm mais espaço, de quem é a culpa? É a história do ovo e da galinha.

1 ponto: Circo Benfica-Sporting
É Nélson Évora para um lado, Rui Silva para o outro. Pelo meio sai mais um para atravessar a Segunda Circular. Mais dois, três, cinco até! É um circo, um triste espetáculo onde me interrogo se está apenas em causa o valor dos atletas ou se torna essencial a sua proveniência. Deixo a sugestão: troquem as secções de atletismo de uma assentada, em bloco. Fica resolvido e poupam-nos o sorriso amarelo. Eis a nova moda após a contabilidade oca de modalidades, onde basta pagar um pequeno subsídio ao craque do berlinde para vestir as cores e ampliar o reportório do clube. Mau, demasiado mau."


 PS: Dos jornalistas desportivos profissionais exige-se no mínimo conhecimento sobre os assuntos... e já agora, alguma clareza sobre as situações que às vezes passam ao lado das primeiras páginas.
Sobre o tal Circo Benfica-Sporting, não fazia mal nenhum esclarecer que nem tudo é igual... Uma coisa, é um Clube contratar um atleta livre, sem contrato, que o seu ex-Clube demonstrou não querer renovar... Outra coisa, completamente diferente, é contratar um atleta, que tem um contrato com outro Clube, e que deseja cumprir e/ou até renovar...
Até pode parecer que estamos a falar da mesma coisa, mas são patamares éticos completamente diferentes... Mas como é habitual em Portugal, misturam-se alhos com bugalhos e fica tudo na mesma...!!!

Estranho

"(...)
Primeiro a jogar esta semana, também o Benfica conseguiu chegar ao objectivo de vencer pela segunda vez o Dínamo de Kiev, impressionando mais pela maturidade com que geriu os vários momentos do jogo do que pelo brilho com que ligou apenas meia dúzia de jogadas.
Com média de idades igualmente baixa (23,8 anos) em fez dos jogadores da equipa (porque neste caso é Luisão, com os seus 35, que altera tudo...), onde o Benfica está a surpreender a Europa é no talento e na capacidade que mostra na defesa, onde, ao contrário de Sporting e FC Porto, apresenta um guarda-redes muito jovem (Ederson tem 23 anos) e nada mais nada menos do que mais três jogadores abaixo dessa idade: Nélson Semedo e Lindelof têm 22, e Grimaldo tem 21.
Acredito que não haja na Liga dos Campeões muitas equipas com três jogadores tão jovens nos quatro da defesa, a juntar a um guarda-redes invulgarmente tão novo também, capazes de estranhamente, dar já tanta qualidade à equipa. É espantoso!

Se acrescentarmos a esse quatro os nomes de Gonçalo Guedes e Cervi (já agora, com 19 e 22 anos...) e ainda o de Mitrolgou, sobem então para sete os jogadores que nasceram para a titularidade no Benfica já no reinado de Rui Vitória, o que torna impossível não atribuir ao treinador campeão no mínimo o mérito de os conseguir ligar emocional e tacticamente ao tal fortíssimo compromisso de equipa que o Benfica vai exibindo praticamente desde o início da época e que o tem levado a ultrapassar dificuldades competitivas e a maior onda de lesões simultâneas de que há memória na Luz...
E por falar nisso, duas notas finais: o surpreendente regresso em grande de Luisão - como não o ver como verdadeiro líder quando em seis jogos oficiais com ele a equipa sofreu apenas um golo, e de penalty, do 1.º Dezembro? E a surpreendente longa ausência de Jonas, na minha opinião ainda muito mal explicada (ou nada explicada) por quem permitiu que ele regressasse no jogo com o Nacional (89 minutos em campo, a 27 de Agosto) para imediatamente a seguir voltar... a hibernar.
É, no mínimo, estranho.
No mínimo."

João Bonzinho, in A Bola

Os idiotas

"Nas ruas mais escuras do futebol português, longe das câmaras de televisão e dos debates a três que nos enchem os ouvidos, há uma realidade que assusta e que continua bem presente. Árbitros agredidos em jogos de amadores e de miúdos, insultos racistas e tudo o mais que achamos impossível de acontecer numa sociedade moderna em 2016.
No fim de semana passado, houve árbitros agredidos por jogadores nos distritais de Bragança e Vila Real e um futebolista alvo de insultos racistas num jogo do Paredes pelos próprios adeptos (grande atitude do presidente do clube, Manuel Cardoso) . No fundo, foi como se tivéssemos recuado mais de 2.500 anos na civilização e estivéssemos a ver espectáculos de violência gratuita e humilhação como havia no tempo da Roma Antiga.
Voltemos ao início. Tudo isto passa ao lado das câmaras de TV e dos debates a três, mas tem tudo a ver com isso. Chegámos ao ponto em que tanta gente com espaço mediático (e hoje em dia, toda a gente tem espaço mediático) acha que pode insultar e faltar ao respeito e passar impune. Logo, todos os idiotas de cada canto deste país acham que podem fazer o mesmo. Neste caso, os maus exemplos vêm de cima."

No caminho certo

"Sempre defendi que não se deve apostar na formação por decreto, muito menos por necessidade, no sentido em que as dificuldades financeiras se constituam enquanto força motriz. No entanto, são várias as suas vantagens e, agora que temos um treinador que encontra nela oportunidades ao invés de eventuais ameaças, estas tornam-se evidentes.
Na vertente financeira, pela diminuição da massa salarial, redução dos custos de aquisição de atletas, incluindo amortizações, e incremento das mais-valias, decido aos baixos valores líquidos contabilísticos dos passes, nas vendas. Consequentemente, também na vertente económica:
O decréscimo dos custos operacionais e a desaceleração das necessidades de tesouraria permitem canalizar os meios disponíveis para outros tipos de investimento, o que potencia a melhoria de qualidade do trabalho desenvolvido no clube. Há ainda uma questão de 'marketing':
A aposta na formação eleva a capacidade de recrutamento de novos talentos, uma vez que estes percebem que terão mais oportunidades para singrarem a nível profissional. Ademais, há a questão identitária, em que se pressupõe, com elevado grau de acerto, que os atletas formados no clube o sentem e têm bem assimilados os valores clubísticos. E a emocional, esta reservada aos adeptos, que acompanhavam a evolução dos atletas desde cedo e sentem por isso, maior proximidade com quem os representa no relvado. Mas ganhar é fundamental. Como tal, Luisão, Jonas, Júlio César, Jardel e outros jogadores experientes e indiscutivelmente competentes são imprescindíveis pois garantem qualidade imediata e sustentam o crescimento dos jovens valores. O Benfica está no caminho certo!"

João Tomaz, in O Benfica

Um Presidente único

"Luís Filipe Vieira foi eleito Presidente pela quinta vez sucessiva com uma votação inequívoca.
Atendendo à condição de candidato único (já verificada no sufrágio de 2006), a eleição para o quadriénio de 2016/2020 atingiu uma expressão quantitativa muito superior ao que se previa e viria a ser considerada impressionante, mesmo por observadores independentes, exteriores ao Sport Lisboa e Benfica, nas diversas tribunas da Rádio, da imprensa e da TV.
Tendo sido votada pelos milhares de Sócios que honrosamente podemos caracterizar com maior dedicação ao Glorioso Clube, esta reeleição de Luís Vieira após os seus primeiros quatro mandatos parece ter representado bastante mais do que a tradicional manifestação periódica dos valores democráticos profundamente enraizados no Clube desde a sua fundação, sempre que os associados são chamados a pronunciar-se pelo voto.
A espectacular afluência às eleições de 2016 constitui a inequívoca ratificação do universo Benfiquista relativamente ao caminho percorrido pelo candidato que permanecera no mais elevado vértice da imensa estrutura do Benfica durante os últimos 13 anos, em todos os planos da sua acção - conceptual e funcional; da obra construída; das realizações e dos títulos em todas as modalidades e disciplinas; e da seriedade e generosidade pessoal com que desde sempre assumiu as suas funções. Mas esta prova de absoluta confiança que acaba de ser prestada a Luís Filipe Vieira pela consciência colectiva do Sport Lisboa e Benfica aponta sobretudo para o grande Futuro do Clube.
No nosso já longínquo 1.º Congresso, realizado em Maio de 1988 sob o tema da 'Mística Benfiquista', o professor de História José Hermano Saraiva afirmava que 'o Benfica tinha nascido pobre, popular e português'.
O que ele não teve, então, ensejo de antecipar foi a dimensão que, trinta anos mais tarde, já hoje podemos configurar para o Benfica do primeiro quartel do séc. XXI, sob direcção de um Presidente único como Luís Filipe Vieira: o Benfica unido é poderoso, português e universal."

José Nuno Martins, in O Benfica

Unidos

"O elevado número de sócios que acorreu ao acto eleitoral da semana passada demonstra que estamos firmes e unidos rumo às metas que temos por diante.
A democracia no Benfica antecedeu, em largas décadas, a do próprio país. E essa tradição democrática ficou uma vez mais vincada na forma organizada e livre como decorreram as eleições. É verdade que só houve uma lista, mas o facto de a mesma ser apoiada de modo tão veemente – inclusive por sócios que num passado recente se apresentaram a sufrágio com outros projectos – reforça o nosso clube, relegitima os órgãos sociais, e cria condições para que nos próximos anos continuemos a caminhada que nos trouxe até aqui, e que nos vai certamente levar ainda mais longe. 
Vivemos um grande momento. Temos um Benfica ao nível dos melhores de sempre. Temos um líder inequívoco e incontestado, que já é o presidente mais realizador e ganhador em 112 anos de história. Dispomos de um excelente treinador, de um plantel de luxo, e seguimos destacados na frente do campeonato. Respiramos saúde, estabilidade, competência e confiança. Somos fortíssimos em todas as modalidades. Sabemos, porém, que não podemos parar, e que o triunfalismo é, neste momento, um perigoso adversário.
Sabemos igualmente o quanto tudo isto incomoda os nossos rivais, pelo que, daqui em diante, as tentativas de desestabilização vão recrudescer. É sempre assim. Estamos habituados. Noutras temporadas arranjaram estoris, túneis, colinhos e vouchers. Alguma coisa inventarão desta vez para nos tentar perturbar, e desviar da rota das vitórias. Se nos mantivermos unidos, não vão conseguir."

Luís Fialho, in O Benfica