sexta-feira, 22 de julho de 2016

As bases estão lançadas

"Ainda faltam três jogos de pré-época e muitas das peças essenciais do plantel nem sequer jogaram, mas já se percebe a qualidade existente e até onde faria falta um ou outro retoque. As bases do Benfica de 2016/2017 estão lançadas e agora é preciso afinar. Domingo na Áustria e quarta na Eusébio Cup teremos adversários de valor e só as dificuldades podem ser verdadeiros testes.
Ao contrário de alguns sportinguistas e vários programas de televisivos, as pesadas derrotas do Sporting não revelam nenhuma fraqueza leonina, antes sim a qualidade dos seus adversários. Se a pré-época fosse para fazer jogos a golear, jogava-se contra o Tourizense e o Cabeça Gorda. Quem opta por adversários melhores pode não ganhar, mas sai melhor preparado.
A este respeito diga-se que os ingleses de Carvalhal me pareceram uma boa equipa, bem orientada e com excelentes possibilidades de subida, quando comparados com o Derby County a quem vencemos no torneio do Algarve. Esta fase da época deve pôr a nú todas as dificuldades e fragilidades dos plantéis e jogadores, sob pena dos treinadores não conseguirem corrigir. Temos vasta experiência de grandes temporadas com pouco resultados nos jogos treino iniciais e do seu inverso.
Este Benfica mostra qualidade individual, mas é óbvio que Lindelof, Jiménez e Jonas na equipa darão uma noção mais próxima daquilo que vai ser a época. Há dúvidas que já são certezas: Grimaldo lutará pela titularidade; Zivkovic mesmo muito novo, acrescenta qualidade; Cervi mostrou bons detalhes e Fejsa é definitivamente um jogador fabuloso, além disso foi sempre campeão. O clube de Fejsa (foi assim sempre) ganha, e isso é talismã precioso.
Eu já renovei o meu Red Pass, com o ânimo de sempre. Adepto que se preze sofre e protesta, ralha e vocifera, mas não hesita no apoio."

Sílvio Cervan, in A Bola

Mais um treino...

Tal como já tinha acontecido no CFC com o Cova da Piedade, o Benfica efectuou hoje em Inglaterra um treino de conjunto, à porta fechada, com uma equipa do 3.º escalão Inglês, o Port Vale.
5-0 foi o resultado final, com golos de Benitez, Carcela, Fonte e Jonas(2).
O Benfica começou assim:
Zoblin; Semedo, Lisandro, Kalaica e Reinildo; Samaris, Teixeira, Benitez, Carrillo; Jovic, Fonte.

Formar e ganhar

"Celebrar a conquista da selecção e evidenciar o contributo, enquanto formador, para a mesma, é legítimo. Torna-se, no entanto, ridículo querer fazer suas proezas alheias, típico de quem pouco ou nada ganhar. Os clubes alimentam-se de vitórias, levando a que a míngua das desportivas seja colmatada com as morais, na maior parte dos casos demagogicamente. É o caso do Sporting e o seu regozijo, a roçar o triunfalismo, pela presença, entre os 23 campeões europeus em França, de dez atletas formados por si.
O que é diligentemente escamoteado em Alvalade, além de só Quaresma, 'apaixonado' pelo FC Porto, ter sido campeão pelo Sporting, é o facto de o mais novo desses jogadores ter 24 anos de idade e rarearem cada vez mais os internacionais em escalões etários anteriores.
No caso do Benfica, Danilo com 24, é o mais velho, seguindo-se André Gomes, com 22, e Renato Sanches, 18. Se a estes dados forem acrescentados os das convocatórias das várias selecções jovens, torna-se evidente que a bandeira da formação deixou de ser exclusiva dos 'leões', para não afirmar mesmo que o direito a hasteá-la transitou integralmente para a Luz. E com um mérito indiscutível: 'Apesar' dos miúdos, o Benfica é tricampeão nacional.
Sem bola, mas com discos, martelos, varas, saltos e corridas, o Benfica, apesar de desfalcado, venceu, pela sexta temporada consecutiva, o Campeonato Nacional de Atletismo (formando e ganhando).
À semelhança do Futebol e Hóquei em Patins, o Benfica cumpriu o seu desígnio: ganhar! No Basquetebol, Andebol, Futsal e Voleibol, não obstante os vários troféus e a presença na final dos respectivos campeonatos, faltaram as faixas de campeão. Há que melhorar!"

João Tomaz, in O Benfica

Evidências

"Para lá do saboroso triunfo português, o Europeu de França deixou ainda duas evidências difíceis de contrariar. Em primeiro lugar a de que o Futebol tem uma larga componente de aleatoriedade, tantas vezes negada pelos analistas (têm de ganhar a vida...), mas que define campeões. Há ciência na preparação dos atletas, na organização das equipas, e no estudo dos adversários, mas, entre conjuntos equilibrados, é muitas vezes a fortuna que decide. Por mais que nos seja agradável teorizar acerca da superior capacidade dos jogadores nacionais, a verdade é que se aquela bola, aos 91 minutos, se tem aconchegado um ou dois centímetros mais para dentro, estaríamos agora a lamentar nova desilusão portuguesa. Isto é válido para a final, para os penáltis com a Polónia, mas também para o Alemanha-França, para a fase de grupos, para a final da Champions, e para quase todas as grandes decisões futebolísitcas.
Outra evidência é a de que jogar bonito, jogar ao ataque, e empolgar plateias, não interessa nada. Para os puristas do jogo belo isto pode ser um drama. Mas, de entre as várias formas de ganhar finais, o realismo e a contenção parecem ser as preferidas das principais equipas do futebol internacional. É uma tendência que se nota desde 1982, mas talvez nunca como neste Europeu ela tenha estado tão patente.
Aliás, o desporto vive actualmente com um grave problema de falta de espectacularidade, que a médio prazo o poderá matar. Nota-se no Futebol, no Ciclismo, na Fórmula 1, no Ténis, e na generalidade das modalidades, onde o dinheiro abunda na mesma proporção em que o risco e a coragem escasseiam."

Luís Fialho, in O Benfica

Luisão

"Capitão do Benfica representa um desafio enorme para Rui Vitória

O Benfica perdeu um jogo de pré-época com uma equipa do segundo escalão inglês e a primeira coisa a saltar à vista foi a presença de Luisão. Não tanto pelo porte, mas pela facilidade com que se percebe agora não se lhe ter sentido a longa ausência na época passada. E o decorrer da partida com o aguerrido Sheffield Wednesday de Carlos Carvalhal continuou a fazer do capitão benfiquista um corpo estranho à equipa. O facto de o adversário ter um treinador português, sabendo quais os pontos fracos a explorar, e dando indicações nesse sentido, também foi uma traiçãozinha nesta altura.
Ao longo de 12 anos, Luisão tornou-se uma figura do Benfica. É um líder, uma autoridade no balneário e no final da época passada, quando ficou apto e sem espaço no onze, teve um comportamento digno. Só que ontem quem o viu jogar não se lembrou do Luisão de outros tempos, mas sim do acerto da defesa sem ele, o que não deixa de ser uma crueldade para quem foi tão importante ao longo de tantos anos. Um jogador com o passado do brasileiro merece respeito, mas na alta competição não se joga por currículo ou caridade. Rui Vitória tem pela frente um desafio enorme. Resolve-o com facilidade se conseguir repor-lhe o rendimento de outrora."