quinta-feira, 7 de julho de 2016

Só falta uma final! Ainda falta uma final...

"Já lá estamos
1. Já estamos! Depois da Polónia, nas grandes penalidades, seguiu-se o País de Gales, com uma grande exibição! Agora, venha o Diabo e escolha!
Independentemente da sorte que nos tem acompanhado, Portugal era claramente favorito, frente ao País de Gales, que se estreou neste Europeu e que, por isso, já fez história.
Não querendo menosprezar as várias proezas alcançadas por Bale & C.ª neste Europeu, a verdade é que só Portugal poderia ganhar (e já nem falo nos dois jogadores fundamentais deles, que, sabia-se, não iriam jogar, por acumulação de amarelos). Até porque, como «uma andorinha não faz a primavera», também um grande jogador não faz uma equipa campeã.
Ontem ganhámos porque, para além de termos melhores jogadores, demonstramos ter, também, uma equipa coesa, respeitando sempre o adversário. Sabíamos que nos faltava apenas um jogo, para que pudéssemos estar na final, em Paris, que será - espero - o da concretização do nosso sonho.
Para além disso, numa demonstração de que não há jogadores indispensáveis, ninguém deu pela falta de Pepe (pese embora ter tido uma grande participação neste Europeu), face à grande exibição de Bruno Alves (que eu, na passada segunda-feira, tinha antecipado como podendo ser efectivo neste jogo, com a surpresa e alguma discordância de muita gente).
Foi apenas e tão só um jogo, que acabou como seria suposto acabar. Com a equipa surpresa da prova a terminar onde terminam, por tradição, todas as que assumem essa condição: nas meias-finais. Foi assim, connosco, em 66 e em 84, lembram-se?
Por nós, está na altura de nos assumirmos como uma grande selecção. Parece que nos custa reconhecer o que é óbvio: que Portugal é uma das melhores selecções do Europeu e que está frequentemente nos dez primeiros lugares do ranking da FIFA. Somos um grupo em crescimento, que tem sido capaz de lutar até ao fim, com um grande compromisso colectivo e com uma grande estratégia de comunicação. Finalmente - com essa grande mudança de paradigma - assumamos que faltando, ainda, uma final, falta, apenas, um jogo.
Agora - e porque há justiça no Olimpo do futebol - e para que, juntos, possamos dar «novos mundos ao Mundo», confiemos que estamos a 90 minutos de sermos CAMPEÕES EUROPEUS.

A inveja de uns
2. Portugal tem sido alvo de críticas, muito particularmente da imprensa francesa. Fala-se muito na «sorte» - qual «fado» ou «destino» - que temos tido, por, alegadamente, não jogarmos nada, ou muito pouco, ... e irmos passando! Fala-se, aliás, em injustiça e em milagre.
Já sabemos que a imprensa francesa não gosta da nossa selecção. Mas o respeito pela liberdade de expressão, valor e princípio supremo de qualquer estado de direito democrático, não pode por em causa o respeito por um País, por um Povo.
A imprensa francesa está a travar uma clara guerra psicológica, atacando a seleção portuguesa... talvez por «inveja» - curiosamente, a última palavra de Os Lusíadas.
A muito lusa «inveja» a que se opõe a sempre esquecida «sorte», última palavra de A Portuguesa, na sua versão completa.
De facto, Portugal não é a melhor selecção - até porque aqui ninguém é chauvinista -, mas também não é tão má quanto escrevem. Não temos feito grandes exibições, é certo, mas temos sido eficazes, pragmáticos, com uma equipa sólida e compacta, que não comete muitos erros.
E unida!
Mas independentemente disso, e de opiniões alheias, o importante é ganhar, seja como for, no tempo regulamentar, no prolongamento ou nas grandes penalidades.
Não deixa, contudo, de ser curiosa a inexistência de crítica à selecção francesa, que só agora começa a aparecer, ... sem entusiasmar!
Mas não se acanhem, continuem a provocar e a tentar humilhar ferozmente a selecção portuguesa. Depois perceberão o erro (grave) que cometeram. Lembrem-se de que a final poderá ser um Portugal-França. E lembrem-se que temos a capacidade de alcançar determinadas proezas,sobretudo quando são... Impossíveis!

E a sorte (ou lotaria) de outros
3. Até ontem, Portugal empatou todos os jogos. Ainda assim, atingiu, a esse ritmo - criticável especialmente para os franceses - as meias finais do Europeu. Para tal, bastou gerir cada jogo e ter alguma sorte, de que se fazem os campeões. E quanto aos penalties, será, apenas e só, uma questão de sorte?
Há quem defenda que sim, que se trata, efectivamente, de uma «lotaria». De um caso de sorte ou de azar. Mas não! Trata-se, antes, de grande competência na conversão (e defesa) das mesmas. Aliás, dizia-me, um dia, Humberto Coelho, numa conversa de intervalo de um qualquer jogo, na Luz, que o penalty é um gesto técnico e, como tal, se bem treinado e bem executado, é indefensável. Por vários motivos.
Como escreveu o Professor José Neto, neste jornal, seja pela própria «dinâmica do Futebol e o seu grau de exigência para o sucesso», seja pela necessidade de «obtenção de níveis elevados de rendimento». Sabendo-se, por diversos estudos realizados, que os guarda-redes têm de se antecipar à partida da bola, estes terão de se treinar física (para que estejam em boa forma) e psicologicamente (ao nível da capacidade sensitiva e da concentração, essencialmente) para isso, para além do estudo pormenorizado, nas vésperas de cada jogo, dos possíveis marcadores e da atenta observação dos mesmos, na devida altura.
Já o marcador do penalty, para além de igual capacidade de concentração, tem de ignorar os factores momentâneos de adversidade e criar confiança no êxito e de tudo o que lhe está subjacente. Tudo isso terá de ser muito trabalhado em cada treino.
E Portugal conseguiu-o!
Contra o «fado» e o destino! E até pode ser que venha a ser Campeão Europeu por causa desse mesmo treino específico. Por mim, não me importaria!

Renato Sanches
4. Exemplo desse trabalho, mas essencialmente dessas capacidades de concentração, de frieza e de classe, foi a maneira como Renato Sanches enfrentou e bateu a segunda grande penalidade, frente à Polónia, nos quartos de final.
O miúdo de 18 anos, que tem mostrado à Europa (e ao Mundo) garra e confiança nas suas capacidades e que nunca vacilou perante nada, incutindo maior intensidade ao jogo e assumindo-se como um factor de grande desequilíbrio.
Como tenho vindo sistematicamente a defender... contra o lobby anti-Benfica.
Mas o mais curioso é que há 2 meses discutia-se se devia ser convocado ou não. Muitos defenderam que não. Há 1 mês estava por favor na selecção e, por isso, não devia jogar. Há 15 dias passou a ser uma alternativa semi-válida, mas não poderia, nunca, jogar de início. Hoje, é uma referência incontornável da seleção portuguesa.
Sendo disso reconhecimento a eleição, pela UEFA, pela segunda vez consecutiva, como o melhor jogador em campo. Com o apoio de várias figuras do futebol mundial.
Van Hooijdonk fez-lhe rasgados elogios, defendendo, inclusivamente, a sua titularidade na selecção nacional e comparando-o a Seedorf, um dos ídolos de Renato Sanches, tanto pela maneira de jogar, como pela intensidade que impõe no jogo.
Já Carlo Ancelotti afirmou que Renato Sanches é o melhor jogador do europeu, tratando-se de um fenómeno.
Por isso, não vale a pena desvalorizarem... Porque - já o sabemos - maior que a vossa inveja, só a nossa GRANDEZA!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Desilusão

Não foi uma boa manhã em Amesterdão!

Nélson Évora de fora da Final do Triplo-salto, com uns desoladores 16,27m !!!
O objectivo são os Jogos, daqui a um mês, mas estes sinais não são bons... e no final da prova, ainda me pareceu ver o Nélson a coxear!!!
Creio que é claro que uma qualificação para a Final no Rio, já será uma grande vitória...

O Hélio Gomes, nos 1500m também falhou a qualificação. Já se sabia que seria muito complicado... o Hélio a este nível não tem a 'ponta final' desejada, assim tentou puxar pelo andamento... mas não deixou ninguém para trás... e acabou ultrapassado... o tempo acaba por ser insignificante!

Para a história

"Os cépticos, e não os há apenas lá por fora, têm vindo a exigir sempre que aos bons resultados se juntem exibições de luxo, esquecendo que cada jogo tem a sua circunstância e por isso deve ser preparado metodicamente e com todo o realismo.

Aqueles que olhavam Fernando Santos de soslaio e se mantinham cépticos quanto ao comportamento da selecção portuguesa no Campeonato da Europa, foram convidados ontem à noite em Lyon, depois da vitória sobre o País de Gales, por Ricardo Quaresma a ir a Paris no próximo domingo quando, no final do jogo, desabafou sem papas na língua, como aliás é seu jeito.
A vitória portuguesa, que lhe garantiu o passaporte para o desafio de consagração na cidade luz, não pode ser entendida como obra do acaso.
O seleccionador nacional foi sempre peremptório ao afirmar convictamente que o seu foco apontava para 10 de Julho e que, por isso, apenas tinha em mente regressar a Lisboa no dia seguinte.
Os cépticos, e não os há apenas lá por fora, têm vindo a exigir sempre que aos bons resultados se juntem exibições de luxo, esquecendo que cada jogo tem a sua circunstância e por isso deve ser preparado metodicamente e com todo o realismo, sem esquecer que do outro lado está sempre uma equipa que também não justificou por acaso a sua presença no Euro.
E foi assim que Fernando Santos conseguiu juntar um grupo fabuloso, no qual todos têm aceitado colocar em primeiro plano a equipa em detrimento da ambição pessoal de cada um.
Olhando para o passado recente não encontramos outro seleccionador português que tenha sido capaz de atingir este desiderato.
Por tudo quanto foi conseguido até aqui no Campeonato da Europa, os portugueses estão naturalmente em festa. Uma festa que não conhece fronteiras, mas tem arraiais de grande dimensão em França, bastando ver a emoção com que ali tem sido seguida a carreira da nossa selecção.
Agora, até domingo à noite, o sonho continua.
França ou Alemanha, venha quem vier, vão ser comparsas dos bons momentos que esperamos viver nesse dia, e sejam o culminar de uma festa que quase todos os portugueses têm vivido intensamente."

Só mais um!

"Portugal passou o Europeu inteiro a preparar-se para jogar a final contra um colosso como a França ou a Alemanha

Afinal, Fernando Santos tinha razão: só volta para casa no dia 11. Cá entre nós, quando o disse pela primeira vez, provavelmente era o único acreditar que Portugal podia mesmo chegar à final deste Europeu. Agora que todos sabemos que ele tinha razão, é impossível ignorar o friozinho na barriga que se sente quando o ouvimos dizer com a mesma confiança, no final do jogo de ontem, que "as finais não se jogam, ganham-se". Portugal vai a Paris disputar a segunda final da história do futebol português frente a um de dois gigantes: a França, organizadora do campeonato, que joga em casa e a quem a Selecção Nacional não vence há 40 anos; ou a Alemanha, campeã do mundo em título, responsável pelo atropelamento do Brasil e genericamente intratável. Dois colossos. O que até pode ser uma boa notícia. Afinal, tal como a Grécia nos provou para lá de qualquer dúvida razoável, ninguém tropeça em montanhas. Depois, todos sabíamos que mais cedo ou mais tarde seria necessário jogar com equipas deste calibre. Aliás, é impossível não sentir que Portugal passou o Europeu inteiro a preparar-se e a preparar os adeptos portugueses para esta final. É verdade que, num mesmo patamar de desenvolvimento, é normal que os países com dez milhões de pessoas produzam selecções mais fracas do que os países com 70 ou 80 milhões. Trata-se de uma questão de potencial de recrutamento puro e simples. Para ganhar equipas do tamanho da França ou a Alemanha, não chega ter talento: é preciso ter-se consciência das próprias limitações e ser-se esperto. E há poucas equipas mais conscientes e espertas do que esta, que Fernando Santos desenhou."

Tentação hegemónica

"A Europa e o futebol

1. O director executivo do torneio tem razão: consiga a polícia francesa manter a violência sob controlo até domingo e o Euro 2016 terá sido um sucesso. Mas, do ponto de vista do calendário, houve mais sorte do que juízo. Em abstracto, uma prova continental com 24 equipas constitui uma insanidade: é demasiado longa e coloca em confronto equipas demasiado desequilibradas. Em concreto, não foi o que aconteceu, por causa das carreiras da Islândia, do País de Gales e mesmo da Irlanda do Norte e da Albânia. Não sei se se repetirá tal coisa, porém. E o intuito foi economicista, não de abertura ao desenvolvimento do futebol em países cujas selecções há tão poucos anos eram a chacota da Europa. Portanto, o melhor, antes de se decidir o que fazer em 2024, é ver como corre 2020. Até porque 2020 traz outra loucura: uma prova repartida por 13 países, com jogos de Baku a Glasgow e de Bilbau a São Petersburgo. Arrisca, a UEFA: do ponto de vista do funcionamento como do da segurança e até do do equilíbrio de condições, essencial à justiça de qualquer competição. Mas, pronto, estamos no tempo de fazer caixa. E de continuar a conquistar espaço ao Mundial, coisa a que o ocaso do Brasil e a derrota da Argentina na Copa América só vieram ajudar.

2. Equipas de atletismo suspensas e equipas de futebol que não conseguem reunir jogadores, golfistas que preferem ficar em casa e laboratórios antidoping desacreditados. Alertas de ex-desportistas e até de polícias em relação aos riscos de segurança. Um vírus que assusta quem ainda queira ter filhos - e agora até uma superbactéria nas praias cariocas. O Rio"16 não podia debater-se com mais obstáculos. Talvez seja uma grande prova. Mas chega a dar ideia de que todo o divertimento deste verão acaba domingo."

E eis-nos na grande final

"Fernando Santos tinha razão quando disse que só regressaria a Lisboa no dia 11 de Julho. Um homem de fé religiosa, com muita fezada desportiva.
O seleccionador nacional, conservador nos processos e prudente nas escolhas, levou a água ao (seu e nosso) moinho. Não que tenhamos deslumbrado num Euro em que, aliás, ninguém deslumbrou. Na minha opinião, o seleccionador teve o enorme mérito de fazer dos jogadores uma equipa e não uma mera soma de onze atletas. Transmitiu ideias que, em tese, poderiam não ter sido suficientes, mas são sempre necessárias: a solidariedade, o companheirismo, a vontade e a coesão. Revelou ser um mestre na gestão de pessoas e fê-lo sempre inculcando motivação, ambição e sentido de utopia. Utopia que está a 90 minutos de poder ser realidade. Bem oposto do que havíamos visto em anteriores competições, eivadas de pequenos e médio casos com jogadores, que minaram a ideia de conjunto. 
Tivemos sorte nos sorteios e em alguns jogos? Sim, não há como negá-lo. Mas Fernando Santos e os jogadores souberam procurá-la. E juntaram à dita ventura, trabalho e esperança.
Final, com a França ou com a Alemanha, só hoje à noite o saberemos. De uma coisa estamos certos: salvaguardadas as devidas distâncias, estamos na mesma posição da Grécia na final do Euro 2004: 
não somos favoritos, mas poderemos ser campeões europeus. Parafraseando, com a devida vénia, uma frase de Dalai-Lima, «agnósticos só no fim do jogo». É um orgulho para Portugal e, sobretudo, para os nossos compatriotas em França. Só por eles valeu a pena ter chegado à final de domingo e sonhar."

Bagão Félix, in A Bola

Ele só volta mesmo dia 11!

"Portugal chega à segunda final da sua história. Fernando Santos cumpre desejo. Ronaldo igualou Platini: 9 golos em Europeus

Pronto, já está: Portugal está na segunda final da história do futebol sénior. Meio mundo riu quando Fernando Santos, depois de garantir a presença na fase final, disse que, a partir de então, queria ganhar o Campeonato da Europa. A outra metade do Mundo deixou apenas o seleccionador trabalhar. A seguir, apareceram os jogadores a assinar por baixo: sim, queremos ser campeões. Depois foram os médicos. E os assessores. E os técnicos de equipamentos. E os fisioterapeutas. E o presidente. E os vices. E o motorista. E assim por diante. «Só volto dia 11», anunciava Fernando Santos.
Quando Portugal chegou a França, há mais de um mês, a esperança era grande. Depois, pouco a pouco, foi esmorecendo. Não se jogava bem, não se marcavam golos. A selecção ia seguindo em frente, dizia-se, à custa de sorte. De vacas. De amuletos. De pés quentes. De fé. Mas também de Ronaldo. E Nani. E Quaresma. E Pepe. E Renato. E Patrício. E Raphael. E todos os outros. E Fernando Santos, claro, não mudava o discurso: «Só volto dia 11.»
Surgiram cada vez mais críticas. João Mário não era o João Mário do Sporting. Cédric cruzava mal. Moutinho não era o Moutinho do FC Porto. William falhava demasiados passes. Ronaldo não era o Ronaldo do Real Madrid. Rafa não saía do banco. Nani não era o Nani do Manchester. Só Pepe era o Pepe do Real Madrid. Fernando Santos não alterava uma linha do discurso: «Só volto dia 11.»
Passou a fase de grupos, passaram os oitavos, os quartos e chegou-se à meia-final: Gales. Os críticos, como diria La Palisse, criticavam: só jogámos com Islândia, Áustria, Hungria, Croácia e Polónia, agora com Gales. E punham o dedo numa alegada ferida: Portugal pode chegar à final sem se cruzar com Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha ou França. Fernando Santos mudou, então, ligeiramente, o discurso: «Posso ser calimero, patinho feio, tudo aquilo que vocês quiserem, mas só volto dia 11.»
E ontem, depois de terminado o jogo com Gales, depois de ter abraçado os heróis do jogo, de Patrício a Ronaldo, de Cédric a Raphael, de Bruno Alves a Fonte, de Danilo a João Mário, de Adrien a Renato ou Nani, de Moutinho, a Quaresma ou André Gomes, subiu dois degraus das bancadas do estádio de Lyon e abraçou os filhos, Cátia e Pedro. E segredou-lhes: «Digam à vossa mãe que só regresso dia 11.» Espera-se que com o título de campeão da Europa no bolso. Seja a final com a Alemanha ou com a França.

Ronaldo igual a Platini
Com aquele fantástico golo de cabeça, Ronaldo igualou Michel Platini no topo da lista dos goleadores em fases finais de Campeonatos da Europa, com 9 golos. O francês fê-lo em cinco jogos do Euro-1984, o português no total de 20 jogos de 2004 (6), 2008 (3), 2012 (5) e 2016 (6). E entrara na história mal o jogo com Gales se iniciou. Tornara-se no primeiro a estar em três meias-finais de Campeonatos da Europa.
Para quem gosta de curiosidades estatísticas, aqui ficam mais algumas:
1. só o brasileiro Pelé (Mundial-1958) e o italiano Bergomi (Mundial-1982) chegaram mais novos do que Renato Sanches a uma meia-final de uma grande prova;
2. Rui Patrício (9) ultrapassa Ricardo (8) como guarda-redes português com mais jogos em fases finais de Europeus;
3. Foi a primeira vez neste Europeu que Portugal teve dois golos de vantagem;
4. 83 % dos golos de Ronaldo em fases finais de grandes torneios de seleções aconteceram nas segundas partes:
5. Ronaldo voltou a marcar um golo numa meia-final de um Europeu: 2004 e 2016. Só outros três jogadores o tinham feito: os russos Ponedelnik e Ivanov (ambos em 1960 e 1964) e o jugoslavo Dzajic (1968 e 1976).
E também Ronaldo só volta para casa dia 11."

Rogério Azevedo, in A Bola

Digam lá que foi sorte...

"Derrubado o quase, quase... Portugal volta a ser finalista do Europeu de futebol Falta o óptimo - não sacrificado a jogar na posição dificílimo perante Alemanha, campeã mundial, ou França, em casa desta -, já é excelente.
Não posso ser acusado de demagógica entrada à pressa no navio do sucesso: a nossa Selecção mereceu cumprir o firme objectivo que o seu líder técnico sempre traçou. E é, em 1.º lugar, por a forte liderança de Fernando Santos nunca ter abanado que Portugal conseguiu a tão ambicionada disputa de glória na grande gala da final em Paris.
Mereceu porque, tendo começado mal (a muito fraca exibição ocorreu na estreia, perante a Islândia... que veio a despachar a Inglaterra), foi subindo rendimento em cada um dos outros 5 jogos (sim, a final será o 7.º).
Mereceu porque falta de crença e de ganas nunca teve. E esse clarão vindo de inabalável espírito de equipa é sempre fundamental.
Mereceu porque pura sorte teve apenas no golo da Islândia a fechar confronto com Áustria, relegando-nos para bendito 3.º lugar no grupo...
Mereceu porque equipa prejudicada em erros de arbitragem foi a nossa. Ontem, 3.º penalty não assinalado. E este, como os anteriores, poderia bem mais cedo significar embalagem para triunfo. Mereceu, acima de tudo, pela firmeza de estratégia, contra ventos e marés... Fernando Santos soube sempre o que queria, no início e ao longo de cada jogo. Estudou meticulosamente cada adversário e, sem perder o fio à meada, foi mudando o que entendeu mudar, no onze inicial e em posteriores alterações. Selecção pragmática, realista? Sim. E então? Temos a abundância de qualidade existente na Alemanha, na França, na Espanha, na Bélgica... que o nosso adversário de ontem mandou para casa com 3-1?
Mereceu, enfim, por ter sido claramente superior ao País de Gales no tudo por tudo de meia-final. 
Também eu gostaria - como levo semanas a frisar - de ver os nossos médios entrarem muito mais na grande-área contrária, para Ronaldo e Nani não ficarem tão isolados contra 5 e 6 barrando-lhes zona de remate. E gostaria de ver Ronaldo não sacrificado a jogar na posição do ponta-de-lança... que não temos. Mas Ronaldo e Nani, 3 golos cada um, mais Quaresma e Renato, foram resolvendo esse problemão de acertar na baliza. E, senhor Ronaldo, ilustre capitão, aquela cabeçada rasgou o caminho, seguindo-se assistência para o golo de Nani.
Digam lá que foi sorte... E Portugal conquistou o direito a estar na final... onde só outra Selecção estará e todas queriam estar.

Precisam! Todos os nossos três gigantes muitíssimo precisam de ser o próximo campeão nacional. Absoluta necessidade! O que vai tornar a longa corrida ainda mais gira! Desejando-se que não excessivamente picante...
Mesmo o Benfica tricampeão precisa do tetra. Porque lhe vincaria hegemonia como não há memória? Sim, mas também, quiçá sobretudo, porque seria categórico êxito do novo projecto político-desportivo-financeiro que Luís Filipe Viera arriscou lançar há um ano.
Sporting ainda mais necessitado de ser o próximo campeão. Sob pena de entrar em perigoso descontrolo de derrapagem a total ambição quase diariamente afirmada por Bruno de Carvalho e a enorme aposta por ele feita ao contratar Jorge Jesus.Ficando este também em causa. E, decerto, com pouca vontade de se lançar em terceira tentativa.
FC Porto necessitadíssimo do próximo título. Quatro anos consecutivos em absoluto jejum seria terrível golpe na era Pinto da Costa, longuíssima, por regra tão vitoriosa, criando nos adeptos tão elevado nível de exigência. Acresce que o líder, ainda indiscutível, habituou toda a gente a não falhar na escolha de treinador e a dar-lhe fortíssimo apoio da estrutura. Esta desatou a abanar, claramente. Esteve mal com Paulo Fonseca; ter-se-á dividido, e sido passada para trás!, nos anos do quase imperador Lopetegui; e, evidente, não ressurgiu no curto, dificílimo, mandato de José Peseiro. Está na hora de a estrutura portista definir o que vale: volta a ser poderosa, pelo menos firme, ou confirma divisões e... inevitável marcha para declínio. E Nuno Espírito Santo, jovem treinador aceite pelos adeptos, sim, mas sem grande entusiasmo (esperavam nome muito mais sonante), vai ter teste de fogo!
O problema dos nossos gigantes é sempre o mesmo, mas, nesta temporada, surge agudizado: só um pode ser campeão... O que, desta feita, criará enormes mossas nos outros! Pelo menos, num deles... (óbvio: Benfica, porque tricampeão, é o que tem algum suporte para aguentar o desaire)."

Santos Neves, in A Bola

Na final com méritos

"Como era esperado, houve, no primeiro tempo, muito equilíbrio e pouquíssimos lances de ataque. O time que perdia a bola recuava e fechava os espaços com oito jogadores. País de Gales com três zagueiros, dois alas e três no meio-campo, enquanto Portugal com duas linhas de quatro. Raramente acontecia um contra-ataque. Cristiano Ronaldo e Bale, isolados, apareceram pouco.
Logo no início do 2.° tempo, Cristiano Ronaldo, em uma cabeçada espectacular, como é habitual fez o primeiro gol após cobrança de escanteio. Minutos depois, ele finalizou de fora da área, e Nani desviou para fazer o segundo. País de Gales trocou um dos três zagueiros por um atacante, mas continuou dependendo demais dos dribles e finalizações de Bale de fora da área. Portugal mostrou novamente um óptimo sistema defensivo. No contra-ataque, teve duas ótimas chances para fazer o terceiro.
Hoje, Alemanha e França decidem a outra vaga na final. A Alemanha, contra a Itália pela primeira vez na Eurocopa, jogou com três zagueiros. Como os dois alas têm pouco talento ofensivo, o ataque ficou enfraquecido. A Alemanha não terá o excelente zagueiro Hummels, Khedira nem Mario Gómez. Além disso, Gündogan e Reus, contundidos, não foram para a Eurocopa. Lahm e Klose, jogadores importantes no último Mundial, não estão mais na seleção. Schweinsteiger deve jogar no lugar de Khedira, mas está longe da forma ideal, por causa de seguidas contusões. Mesmo enfraquecida, a Alemanha, pela tradição, eficiência e qualidade, tem quase as mesmas chances da França.
A França, ao contrário, vive um ótimo momento, com o crescimento técnico de alguns jogadores que actuaram na Copa, como Griezmann, Pogba e Giroud, além do surgimento de excelentes jogadores, especialmente Payet, um dos destaques da Eurocopa. Contra a Islândia, o técnico trocou Kanté, o volante mais marcador, pelo meia Sissoko e recuou Pogba. Hoje, Didier Deschamps deve estar em dúvida se mantém essa formação.
Contra França ou Alemanha Portugal não é favorito, mas não será surpresa se conquistar o primeiro título da Eurocopa de sua história.

Positivo
A cabeçada espectacular de Cristiano Ronaldo, no primeiro gol, e, novamente, o ótimo sistema defensivo de Portugal, com duas linhas de quatro, não deram chance ao País de Gales.

Negativo
É pouquíssimo provável, por causa da segurança reforçada, mas continua o medo, pelo que tem acontecido no Mundo, que haja alguma tentativa de terrorismo no fim da Eurocopa."

Benfiqu(smo (CLVII)

Antiga Sede da Avenida Gomes Pereira...