quinta-feira, 7 de julho de 2016

Digam lá que foi sorte...

"Derrubado o quase, quase... Portugal volta a ser finalista do Europeu de futebol Falta o óptimo - não sacrificado a jogar na posição dificílimo perante Alemanha, campeã mundial, ou França, em casa desta -, já é excelente.
Não posso ser acusado de demagógica entrada à pressa no navio do sucesso: a nossa Selecção mereceu cumprir o firme objectivo que o seu líder técnico sempre traçou. E é, em 1.º lugar, por a forte liderança de Fernando Santos nunca ter abanado que Portugal conseguiu a tão ambicionada disputa de glória na grande gala da final em Paris.
Mereceu porque, tendo começado mal (a muito fraca exibição ocorreu na estreia, perante a Islândia... que veio a despachar a Inglaterra), foi subindo rendimento em cada um dos outros 5 jogos (sim, a final será o 7.º).
Mereceu porque falta de crença e de ganas nunca teve. E esse clarão vindo de inabalável espírito de equipa é sempre fundamental.
Mereceu porque pura sorte teve apenas no golo da Islândia a fechar confronto com Áustria, relegando-nos para bendito 3.º lugar no grupo...
Mereceu porque equipa prejudicada em erros de arbitragem foi a nossa. Ontem, 3.º penalty não assinalado. E este, como os anteriores, poderia bem mais cedo significar embalagem para triunfo. Mereceu, acima de tudo, pela firmeza de estratégia, contra ventos e marés... Fernando Santos soube sempre o que queria, no início e ao longo de cada jogo. Estudou meticulosamente cada adversário e, sem perder o fio à meada, foi mudando o que entendeu mudar, no onze inicial e em posteriores alterações. Selecção pragmática, realista? Sim. E então? Temos a abundância de qualidade existente na Alemanha, na França, na Espanha, na Bélgica... que o nosso adversário de ontem mandou para casa com 3-1?
Mereceu, enfim, por ter sido claramente superior ao País de Gales no tudo por tudo de meia-final. 
Também eu gostaria - como levo semanas a frisar - de ver os nossos médios entrarem muito mais na grande-área contrária, para Ronaldo e Nani não ficarem tão isolados contra 5 e 6 barrando-lhes zona de remate. E gostaria de ver Ronaldo não sacrificado a jogar na posição do ponta-de-lança... que não temos. Mas Ronaldo e Nani, 3 golos cada um, mais Quaresma e Renato, foram resolvendo esse problemão de acertar na baliza. E, senhor Ronaldo, ilustre capitão, aquela cabeçada rasgou o caminho, seguindo-se assistência para o golo de Nani.
Digam lá que foi sorte... E Portugal conquistou o direito a estar na final... onde só outra Selecção estará e todas queriam estar.

Precisam! Todos os nossos três gigantes muitíssimo precisam de ser o próximo campeão nacional. Absoluta necessidade! O que vai tornar a longa corrida ainda mais gira! Desejando-se que não excessivamente picante...
Mesmo o Benfica tricampeão precisa do tetra. Porque lhe vincaria hegemonia como não há memória? Sim, mas também, quiçá sobretudo, porque seria categórico êxito do novo projecto político-desportivo-financeiro que Luís Filipe Viera arriscou lançar há um ano.
Sporting ainda mais necessitado de ser o próximo campeão. Sob pena de entrar em perigoso descontrolo de derrapagem a total ambição quase diariamente afirmada por Bruno de Carvalho e a enorme aposta por ele feita ao contratar Jorge Jesus.Ficando este também em causa. E, decerto, com pouca vontade de se lançar em terceira tentativa.
FC Porto necessitadíssimo do próximo título. Quatro anos consecutivos em absoluto jejum seria terrível golpe na era Pinto da Costa, longuíssima, por regra tão vitoriosa, criando nos adeptos tão elevado nível de exigência. Acresce que o líder, ainda indiscutível, habituou toda a gente a não falhar na escolha de treinador e a dar-lhe fortíssimo apoio da estrutura. Esta desatou a abanar, claramente. Esteve mal com Paulo Fonseca; ter-se-á dividido, e sido passada para trás!, nos anos do quase imperador Lopetegui; e, evidente, não ressurgiu no curto, dificílimo, mandato de José Peseiro. Está na hora de a estrutura portista definir o que vale: volta a ser poderosa, pelo menos firme, ou confirma divisões e... inevitável marcha para declínio. E Nuno Espírito Santo, jovem treinador aceite pelos adeptos, sim, mas sem grande entusiasmo (esperavam nome muito mais sonante), vai ter teste de fogo!
O problema dos nossos gigantes é sempre o mesmo, mas, nesta temporada, surge agudizado: só um pode ser campeão... O que, desta feita, criará enormes mossas nos outros! Pelo menos, num deles... (óbvio: Benfica, porque tricampeão, é o que tem algum suporte para aguentar o desaire)."

Santos Neves, in A Bola

1 comentário:

  1. A sorte foi o 3º lugar no grupo!
    A partir daí não houve Alemanhas, Espanhas, Franças, Inglaterras e Bélgicas.

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