sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vídeo-jogos

"Se a aplicação de vídeo-tecnologias no Mundial de Clubes era um teste para aferir a eficácia das mesmas, há que dizer que tal redundou num absoluto fracasso.
Poderia destacar dois momentos: um árbitro parar o jogo e correr para a linha lateral para confirmar um lance nos ecrãs, e um golo festejado, depois retido na dúvida, e finalmente re-festejado como válido. Eis duas situações caricatas, que mostram, enfim, aquilo que, quem pensasse um pouco no assunto, já há muito tempo havia concluído: esta ideia corta ritmo ao Futebol, retirando-lhe espontaneidade e beleza, dando-lhe pouca coisa em troca.
Há quem argumente com a redução do erro. Há quem apresente exemplos de modalidades como o Râguebi, o Basquetebol ou o Ténis.
Pois quando assisto a uma partida de uma liga estrangeira, a última coisa com que me preocupo é com a arbitragem. Pelo contrário, o que pretendo - e pago para ver - é um espectáculo corrido, sem paragens, nem cortes.
Já nas modalidades referidas, as pausas fazem parte da respectiva identidade. Não é comparável a fluência de um jogo de Futebol a um de Râguebi (com tanto tempo parado como a jogar-se), a um de Basquetebol (com mais tempo parado do que a jogar-se, também por via dos estupidamente excessivos tempos técnicos), ou a um de Ténis (disputado lance a lance). Talvez por isso o Futebol seja mais popular do que qualquer dessas modalidades.
Já chegam as faltas, as substituições e o intervalo. Por mim, enquanto adepto, dispenso mais pausas. Até porque, como se viu na própria final da competição mencionada, nada disto porá fim ao erro, ou às discussões em torno dele."

Luís Fialho, in O Benfica

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