sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Os dois lados do nosso futebol


"Campeões europeus. Títulos conquistados em escalões jovens. Boa representação nos Jogos Olímpicos. Futebol feminino em ascensão. 8.º lugar no ranking mundial de selecções e 6.º no de clubes da UEFA. O Benfica 8.º na classificação europeia e o Porto em 12.º. Cristiano Ronaldo. Outros grandes e promissores jogadores. Árbitros reconhecidos internacionalmente. Maior volume de retorno financeiro por transferências de atletas. E muito mais.
O futebol português - se o comparamos à luz da nossa dimensão demográfica e da nossa riqueza per capita - está numa posição relevante face a outras actividades económicas do País.
Este é o lado bom e esperançoso do nosso futebol. Pede meças a outros países e orgulha-nos. Mas, há sempre um mas. Um mas de incompetência, de cretinice, de ganância, de deslealdade, de cupidez, de mentira, de incoerência absoluta, de paixão transformada em ódio.
Um mas de desculpas, de omissões, de mentirolas, de jactância, de irresponsabilidade, de falta de nível, senão mesmo de carácter e de integridade.
Os media e canais de televisão tabloidizados regozijam-se e regurgitam com tanta miséria moral. Repetem, até à náusea, situações perversas, como se as estivessem a promover e incitar. Pessoas respeitáveis há que até entram nesse jogo sem se sentirem envergonhadas ou incomodadas.
A corrosão do lado bom de futebol português é de um primarismo que, espero (ainda que com muito pessimismo) não contagie os jovens e crianças que vêem diante dos olhos, dia após dia, esta feira franca de aleivosias e de maus exemplos. Deveria até haver o sinalzinho no canto do ecrã para prevenir os progenitores."

Bagão Félix, in A Bola

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