"1. 'Era uma vez o espaço' foi uma série que animou manhãs domingueiras infindáveis na década de 80, quando o mundo para qualquer criança já era a cores mas em poucos canais. A canção do genérico, interpretada por Paulo de Carvalho, dizia que lá em cima havia planícies sem fim, estrelas que pareciam correr, um céu de cetim, uma sinfonia de estrelas, uma casa em portas nem janelas, era só estender o braço para se tocar no espaço. Não sei se Cristiano Ronaldo alguma vez ouviu esta música. Sei é que, por múltiplas razões associadas a um miúdo de um bairro pobre da Madeira que hoje está confortavelmente sentado no altar dos heróis, me lembro dela cada vez que CR7 ganha mais um prémio, como aconteceu na segunda-feira, quando a 'France Football' lhe entregou a quarta Bola de Ouro.
2. 'Penalties', cartolinas, 'very-lights', beijinhos, abraços, cadeiras e moedas. Estes foram alguns dos ingredientes que caíram no prato dos espectadores de futebol após o derby de domingo. Retirando a questão das grandes penalidades, que é intrínseco ao que decorreu dentro das quatro linhas, tudo o resto pode entrar no campo do acessório. O essencial da receita ficou de fora da discussão e dos intermináveis debates sobre tudo e quase coisa nenhuma: o espectáculo gourmet protagonizado pelos 28 jogadores que estiveram em campo no domingo. A continuar por este caminho, no qual a qualidade do produto-futebol é sempre relegado para segundo plano, o futuro pode não ser brilhante. Há uma música dos Azeitonas na qual, numa das estrofes finais, é dito que nos desenhos animados nunca, mas quase nunca, acaba mal. Mas, pelos menos até ver, é só nos desenhos animados. Na vida real é diferente.
A não ser que seja CR7 o protagonista do enredo."
Hugo Forte, in A Bola
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