quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A rapidez de Pizzi entre extremos

"O jogo com o Feirense como ponto de partida para o debate sobre o papel do camisola 21 do Benfica

A ausência do lesionado André Horta levou Rui Vitória a recrutar Pizzi para a posição 8, uma vez mais, mas as dificuldades que o Benfica sentiu frente ao Feirense, sobretudo na primeira parte, reforçaram a sensação de que Pizzi é mais influente como falso ala.
Em causa não está propriamente o rendimento de Pizzi no corredor central, raras vezes insatisfatório, até porque um jogador com as suas características merece estar no centro das operações. Talvez a questão não esteja no lugar onde Pizzi rende mais, mas na posição em que a equipa mais precisa dele. Talvez. Ou então a resposta está a meio caminho.
É que Pizzi é o jogador do Benfica com melhor capacidade no passe, e por isso encaixa facilmente na posição 8. A pedir a bola junto aos centrais, a assumir o comando do jogo, a marcar o ritmo, a definir o caminho para a área contrária. Mas assim a jogar de frente para o bloco defensivo do adversário, e não lá dentro.
E este Benfica precisa de Pizzi «escondido» mais à frente. Sobretudo nesta altura em que não tem Jonas, o melhor jogador da equipa a explorar o espaço entre linhas, a decidir em pouco tempo e com pouco espaço. E com Guedes, o substituto, mais talhado para cair nas alas ou para procurar movimentos de rutura na linha defensiva contrária.
Com a largura assegurada por Semedo e Grimaldo, opções sólidas na construção de jogo, o Benfica está habituado a ter os extremos a criar linhas de passe em zonas interiores. Mas essa é uma missão em que Salvio não se sente confortável, como flanqueador puro que é, e que este Carrillo em “reanimação” não tem conseguido desempenhar. Cervi sabe fazê-lo, mas está ainda a adaptar-se a outros desafios do futebol europeu. Zivkovic está agora a voltar e Rafa, o mais sintonizado com este papel (que Paulo Fonseca lhe pedia em Braga) lesionou-se ao primeiro jogo. É provável que em breve Rui Vitória consiga ter alguns destes extremos a cumprir a tarefa, mas nunca será fácil deixar cair Pizzi. É que o camisola 21 pode não ter a velocidade destes colegas, ou mesmo a capacidade de drible, mas só Jonas (e agora Grimaldo) estão em patamar idêntico quando se fala de rapidez de raciocínio. Estar um passo à frente do adversário, por mais curta que seja a margem para execução.
E para a realidade do Benfica parece difícil prescindir de um jogador como Pizzi. E se não for como falso ala talvez seja mesmo como «8», mas com a possibilidade de aparecer onde é mais forte: dentro da muralha contrária."

2 comentários:

  1. Uish!!! Nada de mais errado! As dificuldades que o Benfica teve frente ao Feirense na primeira parte?! Ia jurar que no resumo do jogo, o Benfica tinha criado inúmeras jogadas de conclusão que não finalizou por infortúnio, infortúnio esse que não teve no lance do auto-golo do defesa do Feirense.

    Este tipo de artigo do Nuno Travasos, é aquele artigo típico de quem não viu o jogo, fala de cor e já tem determinados jogadores de ponta. Mais valia ser honesto e sincero, e dizer que não gosta do Pizzi como médio-centro. Mas, escrever o que escreveu, quando o camisola 21 foi simplesmente o motor daquele meio-campo nesse jogo, com mais de 155 passes só ele, é, como diria o guarda-redes do Sporting Gijon, idiota.

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    1. Não concordo. Penso que é uma vénia do Nuno Travassos à qualidade do Pizzi. Até porque não é segredo nenhum que Pizzi rende mais na ala.

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