terça-feira, 13 de setembro de 2016

"Uma nota de beleza e elegância"

"Entre foguetes, morteiros e muitos 'Viva o Benfica!', um toque feminino fez toda a diferença.

No dia 31 de Março de 1957, ao vencer em casa a Académica por 2-0, a equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica conquistou mais um titulo nacional. Duas semanas depois, a 14 de Abril, o Clube abriu as suas portas para que, juntos, todos os benfiquistas pudessem celebrar e conviver com os campeões nacionais.
Era uma 'maravilhosa tarde de primavera', o público estava animado e o programa adivinhava uma grande festa. O Estádio 'cedo começou a emoldurar-se de encarnado. As bandeiras, os lenços, os trajes, tudo era encarnado - tudo era «à Benfica»'.
Pouco passava das 14 horas quando os primeiros 'balões tomaram o caminho do céu', guiados pelo som de foguetes e morteiros. Nas bancadas, milhares de vozes, em uníssino, gritavam '«Ben-fi-ca! Ben-fi-ca!,,,»'. 'Centenas de camisolas escarlates e rebrilharem ao sol e a gritarem a honra de pertencer a um grande clube'. A festa durou até tarde 'e, se mais se prolongassem, a animação e o entusiasmo continuariam (...) Dure o tempo que durar. É festa... é festa!'
A banda da Polícia de Segurança Pública deu início à comemoração com a marcha da vitória. Daí para a frente, o programa decorreu numa 'atmosfera de apoteose'. Águas recebeu a Bola de Prata pela segunda vez consecutiva, por ter sido o melhor marcador do campeonato; o tenor Orlando Settimelli interpretou o hino do Clube; e 'os briosos rapazes', perfilados, receberam das mãos do presidente Joaquim Ferreira Bogalho as faixas de campeões. Só faltaram Coluna, Palmeiro Antunes e Serra, que 'por necessidade da equipa militar de futebol (estavam) a exibir-se a essa hora em Évora'.
Mas, de todos os que naquele tarde de Abril pisaram o relvado da Luz, a imprensa foi unânime ao destacar as 'sessenta gentilíssimas ginastas' do Benfica que não só 'executaram correctos e vistosos exercícios, que deliciaram a assistência', como 'deixaram sobre o relvado uma nota de beleza e elegância'. Na fotografia, que foi capa do terceiro número d'O Benfica Ilustrado, Roland Oliveira captou o momento em que, 'empunhando balões como quem desfolha papoilas', a classe feminina de ginástica entrou no Estádio. 'Pena foi que não fossem encarnados os balões', lamentou o Diário de Lisboa.
Esta e outras fotografias podem ser vistas na exposição Roland Oliveira, até 15 de Outubro na Rua do Jardim do Regedor, em Lisboa."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

3 comentários:

  1. ais uma vez , uma pequena historia que eu não conhecia do sport lisboa e benfica

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  2. Faltou a foto da classe feminina de ginástica.

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    1. Procurei, mas desta vez não apareceu no Face do Museu Cosme Damião!

      Abraços

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