"Partiste-me o coração
Não interessa se Allardyce foi demitido por decreto da FA, se se demitiu por decreto da sua própria consciência ou se alguma das partes pediu à outra que a desobrigasse do compromisso, como agora se tornou moda dizer. Interessam três coisas: uma concreta, uma abstracta e uma estética (e, portanto, filosófica). A concreta: é um corrupto. A abstracta: leva-nos a perguntar quantos outros o serão, se se pode afinal sê-lo tão fácil e descontraidamente. A estética: de um homem com o seu carisma, torna-se particularmente duro receber a notícia de um ato de corrupção. Creio que é isso que me choca tanto no caso: gosto de loucos como ele e parto do princípio de que loucos como ele só podem dar-se ao luxo de serem loucos como ele porque são moralmente inatacáveis. Que se possa ser assim louco (noutro tempo eu diria "deliciosamente louco") e corrupto ao mesmo tempo é sinal de que algo está mesmo muito podre no futebol. Ou então de que a loucura é simplesmente o melhor disfarce para a corrupção. Mas essa é uma possibilidade que alguém como eu, apaixonado por personagens, não está preparado para aceitar.
A Luta Impossível
Zizou é intocável
Sim, talvez se possa interpretar os últimos atos de Ronaldo como o início de uma ruptura com Zidane. Mas nesse caso, devo dizer, Ronaldo vai perder. E tem mesmo de perder. Zidane é um deus do Olimpo. Como ele também já é, sim. Mas quebrou uma barreira que nem ele nem mais ninguém - nem sequer Beckenbauer - quebrou: também triunfou, em absoluto, como treinador."
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