"Em Junho de 1987, aos dez anos, aprendi uma das principais diferenças entre o benfiquismo e o sportinguismo. Ao orgulho sentido pelas conquistas do Campeonato Nacional e Taça de Portugal nessa temporada, os meus amigos leoninos tentaram atingir-me com a goleada, por 7-1, sofrida em Alvalade meses antes. Nos anos seguintes, nas evocações das presenças, em 1988 e 1990, na final da TCCE, assim como dos títulos nacionais em 1989 e 1991, era sempre, por esses tais amigos, relembrada a tal goleada. Nessa altura, longe estaria eu de imaginar que, passados mais de 25 anos, a efeméride continuaria a ser celebrada em jantares de convívio.
Poderia dar-se o caso de esta ser uma iniciativa singular, no entanto é mais uma entre tantas reveladoras de um traço identitário do sportinguismo manifestado em diversas ocasiões: O anti-benfiquismo. A mais recente teve lugar na Gala do Sporting, na âmbito das comemorações do aniversário do clube.
Pelas redes sociais, vimo-los de braços no ar a darem "graças a Deus não nasci lampião" e sorridentes por terem "encavado os lampiões" no Algarve (ST) e porque "foi um ai Jesus, assustámos os papões (0-3 na Luz)", num exercício de puro sportinguismo, inglório apesar do esforço, dedicação e devoção nas sucessivas tentativas de antagonismo ao Benfica, o maior e melhor clube português. Assim se entende o espaço deixado vazio na sua renovada sala de troféus, reservado para o próximo troféu de campeão nacional. Um dia será ocupado, não se sabe é quando. Seja pela via desportiva ou pelo revisionismo da história das competições, é certo e sabido que constará qualquer coisa nesse compartimento. Nem que seja o troféu Rui Santos."
João Tomaz, in O Benfica
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