sábado, 30 de julho de 2016

Benfica à letra

"O músico que recentemente encheu os Coliseus é benfiquista. E não o esconde, mesmo nas suas canções.

- No futebol e na música, prefere jogar à defesa ou ao ataque?
- Sempre ao ataque! A melhor defesa é o ataque (risos)

- O nome do Benfica surge mais do que uma vez nas letras das suas canções. Este clube é uma inspiração?
- É! Bem... tem dias, mas ultimamente tem sido de facto uma grande inspiração.

- Numa alusão à letra de Zorro, qual é o 'camisola 10' dos 'encarnados' com qual mais se identifica?
- Sem dúvida o camisola 10 desta última temporada, que é um jogador fantástico: Nico Gaitán.

- E a propósito da mesma canção, na vida valem sempre todos os golos, mesmo aqueles que se marcam com a mão?
(pausa) Todos contam, portanto, partindo desse princípio, valem todos, sim.

- O que recorda quando recua ao primeiro jogo que viu do Benfica ao vivo?
- Tenho ideia que foi em Portimão e foi uma emoção enorme. Na altura jogavam ainda o Chalana, o Carlos Manuel, o Diamantino, o Humberto Coelho, o Bastos Lopes, o Bento... Recordo-me que foi um deslumbramento estar a ver os jogadores do clube ao vivo. Foi uma sensação fantástica.

- Como é que celebrou estes três últimos campeonatos do Sport Lisboa e Benfica?
- Com muita alegria e muita esperança. Espero que sejam três de muitos, todos seguidos daqui para a frente. Quero que o Benfica ganhe sempre, todos os anos.

- Como faz quando a hora de um grande jogo do Benfica coincide com a de um concerto?
- Já me aconteceu várias vezes, mas está ainda recente na memória esse dia em que perdemos 2-1 no Estádio do Dragão. Estava em Torres Vedras (n.r.: no Teatro-Cine de Torres Vedras) e quando subi ao palco o Benfica estava a ganhar 1-0, com um golo do Lima. Quando saí de palco o Benfica tinha perdido por 2-1 e, para todos os efeitos, tinha perdido o campeonato...

- Concluiu uma ronda de 17 concertos com lotação esgotada (n.r.: nos Coliseus, em Fevereiro e Março), conseguindo até bater, em número, o recorde das 11 vitórias consecutivas fora de casa que o Benfica alcançou na última temporada. Conte lá como foi...
- (risos) Foi uma experiência fantástica, uma maratona que correu bem. Vamos voltar agora, em Setembro, para continuar essa maratona, e será até que o público nos queira ouvir.


SLB em público
O Benfica é citado por mais de uma vez nos temas do músico. Como é que reage o público nos concertos? 'Com desportivismo e com graça. Há quem goste, há quem ache piada e há quem não ache assim tanta piada, mas hoje em dia, salvo raras excepções, as pessoas vêem a coisa como devem ver. Com menos fanatismo, felizmente. O futebol é uma coisa de que gostamos e com a qual nos divertimos.'

Espectacular
Dos primeiros passos na música aos espectáculos repletos nos Coliseus de Lisboa e Porto.
Natural de Beja, este benfiquista de 40 anos entrou recentemente para a história musical portuguesa com uma marca atingida com Miguel Araújo no início do ano: juntos, a dupla conseguiu esgotar 17 noites nos Coliseus de Lisboa e Porto. Terá sido, até agora, o ponto mais alto de uma carreira musical que se iniciou com o LP O Mestre do Fado. Os primeiros passos, recorda, deu-os aos oito anos, com o estudo do clarinete. Mas foi em Lisboa, e já com o primeiro lugar num concurso local de jovens fadistas no currículo, que conheceu Mário Pacheco, juntando-se ao elenco do Clube do Fado. Também na capital acabaria por subir ao palco no musical Amália, de Filipe La Féria, onde desempenhou durante quatro anos o papel de Francisco Cruz (o primeiro marido de Amália). Alguns meses depois de ter cantado para quase 50 mil pessoas, António Zambujo regressa já em Setembro aos Coliseus, novamente com Miguel Araújo, para outra ronda de concertos. Nova 'goleada' à vista?"

Entrevista de Luís Inácio, a António Zambujo, in Mística

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