"Entrados na segunda década do século XXI seria lícito esperarmos que qualquer uma das grandes competições desportivas internacionais, que geram milhares de milhões de lucro à custa do generoso interesse do povo de todo o mundo, não traíssem essa generosidade e, sobretudo, não ludibriassem esse interesse.
A verdade é que a competição de futebol nos Jogos Olímpicos do Rio é uma trapaça, uma inqualificável mistificação, à qual o Brasil e o Rio de Janeiro não reagem porque lhes permitirá as maiores facilidades num título olímpico que há muitos anos perseguem.
A FIFA e o Comité Olímpico Internacional nunca se deram bem, tiveram, mesmo, períodos de guerra aberta e universal. No tempo presente, vivem a pior das situações: uma falsa e velhaca harmonia, que se traduz por duas realidades convergentes: a FIFA odeia os Jogos; os Jogos odeiam o futebol.
É nessa conjugação de interesses particulares e de vontades inconfessáveis que o COI aceita, sem o mais pequeno reparo, que a FIFA não anuncie o calendário do futebol nos Jogos Olímpicos como sendo uma data FIFA e, como tal, obrigatória para a cedência de jogadores, por parte dos seus clubes, às respectivas selecções nacionais.
Em Portugal, como em muitos outros países, em particular europeus, os responsáveis pela selecção olímpica, a começar pelo seu respeitável treinador, vivem a angústia silenciosa de não saberem com quem podem contar. Ou, ditas as coisas de forma mais crua, mas não menos realista, com quem os clubes não querem contar. Será, isso temos de admitir, apesar do respeito que todos os jogadores nos merecem, uma selecção de restos."
Vítor Serpa, in A Bola
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