"Escusamos de andar com meias palavras: o futebol em Portugal é dominado por um triunvirato constituído por Benfica, FC Porto e Sporting (por ordem de troféus), que à conta de tanto ganharem arrebatam (quase) todas as simpatias, (quase) todas as atenções, (quase) todas as receitas e (quase) todo o espaço mediático.
Assim, quando ganha a Taça um clube como o SC Braga (ou antes V. Guimarães, Académica, V. Setúbal, Beira-Mar, Boavista, Estrela da Amadora, Belenenses e Leixões) é despertada uma nacional-condescendência que roça a ilusão de simpatia pelos emblemas mais pequenos, assim como aquela tia que nos diz «que fofinho, até consegue andar de bicicleta sem rodinhas como o mano mais velho».
A verdade é que nem a tia velhinha deixou de preferir o primeiro sobrinho nem os portugueses querem na verdade um Leicester a ganhar campeonatos. A prova disso é que temos competições desenhadas para favorecer os tais da triarquia. Exemplo melhor é a Taça da Liga, na qual os grandes têm melhor calendário e mais jogos em casa, para ser mais provável seguirem em frente na prova.
Argumenta-se que assim é porque dessa forma as receitas aumentam e há bolo maior para dividir. Talvez assim aconteça, embora o caminho certo fosse outro - o de equilibrar as competições, aumentar-lhes a incerteza quanto ao vencedor e por conseguinte o interesse. Como? Um passo de cada vez: antes de mais impedir a vampirização dos pequenos pelos grandes, estabelecendo limites de jogadores que podem ter ligação contratual a cada clube, para que qualquer jogador que acerte dois pontapés seguidos na bola não assine por um grande que não o quer e o usa para emprestar ou vender, impedindo assim o pequeno de ser competitivo, de lucrar com os bons jogadores. No fundo, de ser independente. Ou está tudo bem assim?"
Nuno Perestrelo, in A Bola
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