segunda-feira, 16 de maio de 2016

Espírito dos fundadores vive em Vieira

"O Benfica foi fundado sem tentações elitistas e cresceu como clube do povo para o povo, de olhos postos nas conquistas desportivas

Acabou o campeonato mais frenético de há muitos anos a esta parte e há que elencar vencedores. Haverá tempo para abordar, de forma cuidada, os méritos e deméritos do Sporting, de Jorge Jesus e de Bruno de Carvalho. Porém, para já, honra aos vencedores e o Benfica de Rui Vitória garantiu um lugar na história, aprofundando a tese da actual hegemonia dos encarnados no desporto português. É que, ao tri no futebol, juntam-se os títulos no hóquei em patins e a presença em finais nas modalidades com maior impacto popular.

Vieira, antes dos outros
O Benfica pós-Vale e Azevedo, resgatado do inferno pela coragem de Manuel Vilarinho, é, tal como o conhecemos hoje, obra e feito de Luís Filipe Vieira. O caminho percorrido teve várias fases, algumas nuances, mas sempre um propósito definido: criar condições para que o Benfica recuperasse, de forma consistente, a liderança do desporto nacional. Paulatinamente, com muitos avanços e alguns recuos, passando por várias fases - de Camacho a Trapattoni, de Koeman a Fernando Santos, de Quique Flores e de Jorge Jesus a Rui Vitória - o Benfica aproximou-se do FC Porto, afastou-se do Sporting e acabou por ultrapassar os dragões, num processo sistemático a que Vieira nunca fugiu.
Há três anos, em entrevista a A BOLA, Luís Filipe Vieira afirmou que sonhava com um «Benfica made in Seixal.» Poucos terão levado a sério o presidente dos encarnados. Porém, nos anos que se seguiram o discurso foi o mesmo, a determinação foi cada vez maior e os resultados estão à vista de todos. Hoje, seria da mais ignóbil desfaçatez abordar o tri do Benfica sem relevar os méritos de Luís Filipe Vieira. Que viu mais longe que os demais...

O Clube dos «três mais»
O Benfica passa a integrar o prestigiado e elitista grupo de clubes que ostentam três ou mais campeonatos seguidos, conquistados nos países do primeiro mundo do futebol. Os encarnados juntaram-se, ontem, a Basileia (7), Olympiakos (6), Juventus e Celtic (5) e PSG e Bayern (4). Para pertencer a esta crème de la crème, cujos salões, entre os portugueses, apenas o FC Porto tem frequentado nos últimos anos (último tri do Benfica remontava a 1977 e o do Sporting reporta a 1953), é necessária uma cultura de vitória que está ao alcance de muito poucos.

FPF na primeira linha, Liga mais prudente...
«A Federação não publicitou a sua acção para não prejudicar qualquer investigação que fosse efetuada pelas autoridades...»
Comunicado Federação Portuguesa de Futebol
O escândalo de corrupção que está a agitar a Liga 2 mereceu, da parte da Liga de Clubes, um comentário prudente e politicamente correto. Ao invés, a FPF fez saber que foi parte no desenrolar dos acontecimentos, auxiliando a investigação policial. Não tenho quaisquer dúvidas da boa-fé de quem está na Liga. Mas a circunstância exige um comportamento mais musculado.

ÀS
Rui Vitória
Sabia-se que Rui Vitória era um bom treinador; poucos teriam, porém, a percepção que o técnico encarnado estaria tão apto a responder de forma cabal aos exigentes desafios com que se deparou ao longo da temporada. Quer do ponto de vista técnico, quer dos mind games a que foi sujeito. Por acção e por omissão. Sempre à altura.

ÀS
Jonas
Uma contratação que saiu de acordo com os melhores sonhos de quem a fez. Jonas, novo Bola de Prata, foi decisivo nos últimos títulos conquistados pelo Benfica, não só pelos golos que marcou mas também pelo contributo futebolístico que deu à equipa. E como joga bem... Em boa hora o Valência o descartou. Craque!

ÀS
Petit
É preciso recuar aos anos 90 do século passado e ao Rio Ave de Carlos Brito para encontrar uma recuperação comparável, por épica, à que o Tondela de Petit acabou de protagonizar na I Liga. Para uma gesta destas não há segredo: é acreditar e acreditar e acreditar. E se todos acreditarem, pode ser que o miagre aconteça...

Luz ao rubro
Principio de tarde frenético no pavilhão da Luz, com a final da Champions do hóquei em patins entre duas equipas portuguesas, o Benfica e a Oliveirense. Jogo intenso e emocionante, que acabou com o triunfo dos pupilos de Pedro Nunes, uma equipa para a eternidade. E para que não faltasse nada ao espectáculo, a Oliveirense jogou muitíssimo bem e deu uma réplica que a páginas tantas fez sonhar os seus seguidores com a Taça a ser levada para Oliveira de Azeméis. Porém, imperou a lei do mais forte: o Benfica é campeão europeu!

Barcelona tremeu mas não caiu: é Campeão
Um apagão de proporções quase bíblicas fez com que se abatessem dúvidas sobre o bicampeonato do Barcelona. Felizmente para os culés soou um toque a unir e as últimas jornadas da La Liga foram disputadas ao ritmo da MSN. Ou seja, o Barça atropelou e Luís Suarez ferrou, com todas as ganas, a Bota de Ouro."

José Manuel Delgado, in A Bola

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