terça-feira, 17 de maio de 2016

Carta aberta a um Senhor.

"Exmo. Senhor Rui Vitória.
Sim, SENHOR. Porque de um verdadeiro SENHOR, na correcta acepção da palavra, se trata. Antes de mais, tenho de te agradecer.
Tu estás já um degrau acima e quem está nessa posição não sai da toca. Não saíste da “toca” como o “outro” diz. Tu fizeste-nos foi a nós sair da “toca”. Não a mim, ou a outros milhares de Benfiquistas que sempre o acompanhamos. Mas a todos os outros, que comodamente vão ao Marquês quando o Benfica ganha e que apupam os seus treinadores, dirigentes e jogadores. Esses, sentindo o teu profissionalismo, dedicação, entrega, humildade e amor ao Benfica, fizeram algo inédito, saíram da toca em tua defesa.
Todos sofremos as tuas dores, tomando-as como nossas e unimo-nos. Como nunca vi. Creditamos-te isso. 
A ti e ao “cérebro”. E saímos da “toca” no momento mais improvável. Aos 71 minutos de jogo, quando depois de já termos perdido a Supertaça, perdíamos por 3-0 em plena Catedral e com o nosso eterno rival, ainda para mais com este Sporting, do arrogante Jesus, do insuportável Bruninho, do intratável Inácio, do não irascível Octávio, sim este Sporting que graças a este quarteto maravilha, deixou de ser nosso estimado adversário, nosso rival, para passar a ser quase nosso inimigo (não por nossa culpa ou vontade, mas pela “guerra” constante que nos declararam) e que, como disse, nos ganhava por 3-0, eis quando num assomo de Benfiquismo, todos, a uma só voz e num momento único de Benfiquismo, nos unimos à equipa, ao nosso treinador e nunca mais nos largámos. Nem um único minuto.
Mais do que nunca sentimo-nos o teu 12.º jogador. Por isso hoje, sabemos que também nós somos campeões. E devemo-lo a ti. A ti e ao nosso Presidente. Nunca vacilaram.
Nunca choraram a saída do Maxi Pereira, a lesão do Nelson Semedo que brilhantemente o substituía e que tu inventaste. Não chorámos a lesão do nosso Capitão. Incrível o nosso azar porque quando ficaste sem o nosso capitão, também brilhantemente substituído pelo nosso Lizandro Lopez, eis que também ele se lesiona. E pouco antes de um jogo decisivo da liga dos Campeões e antes dos jogos com os rivais. Também aí tu nos serenaste. A nós, tanto quanto aos jogadores. E isso foi fundamental. Tinhas mais uma carta na manga e acreditaste num miúdo. Deste-lhe a confiança necessária e nós confiámos em ti e esse miúdo Lindelof nunca mais saiu da equipa. Foi o nosso esteio. Como foram Luisão e Lizandro. Como foi Jardel. 
Como foi Eliseu. O nosso “Patinho Feio” que tu resgataste. Mostraste ao “Cérebro” como se aproveita um jogador. Contigo, ele deixou de ser o nosso “patinho feio” e foi um dos heróis de Alvalade.
Mas o que para outros seria um tremendo azar, tu soubeste criar. Sim, tu criaste. Tu deste a confiança e nunca vacilaste.
Quem resistiria a perder o nosso “Imperador” no dia do jogo do título e de um jogo decisivo da Liga dos campeões. Quem no início da época acreditaria que ganharíamos em Alvalade sem Júlio César, Maxi Pereira, Luisão e Lizandro Lopez? Quem, senão tu, no início da época acreditaria que com dois jogadores jovens, um deles um Guarda-Redes – Ederson – ambos inexperientes nestas andanças, mais o André Almeida que também aproveitaste muito melhor do que o “cérebro” que te antecedeu e o Eliseu e apenas com o Jardel ao nível da época passada, mas agora como “patrão da defesa”, acreditaria que com essa defesa a equipa ganharia em Alvalade, onde o ano passado só por sorte empatou no último minuto?
E que iria ganhar ao milionário Zenit, que veio ganhar à Luz o ano passado, quando éramos treinados pelo maior de todos os tempos? Nós. Só nós. Os famosos seis milhões que nunca vos largámos. Nem vocês a nós. Fomos Et Pluribus Unum.
E a aposta na formação? E Renato Sanches? Lançado na hora H, sem vacilar, sem quaisquer espinhas. Fazendo com um jogador da formação provavelmente o maior encaixe financeiro de um clube Português. Depois de vermos o nosso Bernardo Silva desaproveitado e quase humilhado quando cá jogava. De vermos um André Gomes, claramente subaproveitado, que bem que nos soube ver a tua aposta em jovens como Gonçalo Guedes, Nelson Semedo e todos os outros que já referi. Todas apostas ganhas. Provaste que sabes ganhar títulos (bateste o record de pontos da Liga – imagino se tivesses unhas para o Ferrari), dignificar o nome do clube na Europa, com pontos, milhões de euros ganhos (um record), sem excessos, sem arrogâncias como no passado e com uma postura que não nos envergonha, como nos envergonharam com o Tottenham por exemplo, no ano passado.
E a classe? E a pressão a que estiveste sujeito e nunca vacilaste? E a resposta que deste? Benfiquistas, está na hora de seguirmos o exemplo do nosso treinador – sim, o teu exemplo, e pararmos de falar no passado. No outro que nem soube perder. Que ainda se julga o criador. De quê? Do Renato Sanches? Do Lindelof? Do Ederson? Do Mitroglou que ele disse que não fazia falta na sua equipa e que epicamente marcou o golo que lhe tirou o título? Do Pizzi que contigo foi brilhante e determinante e com ele foi apenas razoável? De que fala ele?
Se dúvidas houvesse quanto à forma exemplar como geres os recursos humanos e porque os jogadores (todos) te respeitam e deixam a pele em campo por ti, temos o que fizeste ao nosso guarda-redes Paulo Lopes, ao contrário do que aconteceu na época passada, na qual, sob o comando do cérebro criativo, o guardião luso não saiu do banco de suplentes durante toda a época, mesmo tendo jogado a última jornada com o campeonato nacional.
Sim, está na hora de nos preocuparmos connosco, nossa família, amigos, nosso clube, com os professores dos nossos filhos, com um qualquer motorista de táxi, com o arrumador de carros, com o tipo das pipocas e, sim, depois, lembrarmo-nos que um dia tivemos um treinador, que antes de vestir o manto sagrado não era ninguém e que agora é apenas um treinador com algo engasgado na garganta.
Também Maxi Pereira deve estar a pensar que agora é só um jogador.
Lamento por eles… Nós continuaremos no nosso caminho. Felizes com as nossas opções. Uma palavra apenas: OBRIGADO por tudo.
De (mais um) admirador do teu trabalho, postura, profissionalismo e benfiquismo."

6 comentários:

  1. O Benfica Sofreu bulling toda a época, Rui Vitória sofreu bulling toda a época, Luis Filipe Vieira sofre bulling à 15 anos, este titulo é de todos eles, todas as vitimas de bulling do mundo! Vitória épica, Grande Benfica, Viva o Benfica (http://menteconspiradora.blogs.sapo.pt)

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  2. Parabéns ao Barbas. Excelente texto.
    FranciscoB

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  3. Parabéns ao Barbas. Excelente texto.
    FranciscoB

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  4. Gde Barbas! Esse texto tem tão de excelente e ilucidativo daquilo que foi esta época épica, como de emotivo.

    Por tudo o que foi descrito, pessoalmente,este é dos campeonatos que mais gozo deu-me ganhar. Não pelos os outros, mas simpela família benfiquista.
    Emanuel

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  5. Bonito este texto daquele que personifica todos os adeptos Benfiquista!

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