sexta-feira, 20 de maio de 2016

A personagem

"Toda a desesperança
aqui escrevi que a viciação de resultados é o pior dos flagelos, muito além do doping ou da própria corrupção tradicional. Ao menos nos casos anteriores existe um desejo de ganhar - com batota, à margem da lei, desrespeitando os adversários e a verdade, mas um desejo de ganhar. Com a viciação de resultados, nem isso. Tudo é demasiado triste. E eu tento pôr-me no lugar de um jogador de 30 anos, ou de 25, ou de 20, e imagino o vazio que haveria em dispor-me a vender um jogo a troco de uns cobres para que um monte de mafiosos pudesse enriquecer à custa disso. Que buraco não teria de haver dentro de mim - que desesperança... Não esperam nada de si próprios, já, esses futebolistas. Já não são futebolistas sequer: são traficantes de influências cuja ferramenta é um talento em que um dia acreditaram, deixaram de acreditar e agora usam apenas para chutar em rosca, como palhaços de um circo deprimente e desesperado. Ora aí está uma grande personagem de ficção: um jogador de segunda liga, que um dia esteve na formação de um grande e agora anda de clube em clube, a soldo de agentes repugnantes, vendendo-se por uns cobres. Alguém que o use: já não resta em mim melancolia suficiente para escrever sobre tal lástima.

FICO, MAS ATENÇÃO
Fui só eu a ouvir isto?
Sempre acreditei na permanência de Jesus em Alvalade, mas também não passei a acreditar mais nela esta semana. "É com esta gente que terei de caminhar", disse ele. Tanta semiótica nisto. Aconselho Bruno de Carvalho a mudar a comunicação e a pegar numa soma igual à da Doyen para segurar Slimani."

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