"Fazia-se sentir-se um frio tão grande, que houve quem acendesse fogueiras nas bancadas do Estádio do Restelo.
Ao contrário do que já vinha sendo habitual, a Taça de Honra de 1972/73 não foi disputada no início da época, mas sim nas férias de Natal. Assistiu-se, em pleno Inverno, a uma prova de verão!
Foi a 23 de Dezembro de 1972, numa tarde cinzenta e fria, que se realizou a final entre o Benfica e o Atlético, no Estádio do Restelo. A afluência ao estádio foi 'apreciável', tendo em conta a 'baixa temperatura que assolou Lisboa'. Foram, de facto, 'heróicos' os espectadores que 'tiveram a coragem de cruzar os portões do estádio' naquela tarde 'tão fria e tão negra que até fazia prever Natal branco' na capital.
Esperava-se uma vitória fácil do Benfica, mas o Atlético, que vencera o Sporting na meia-final, revelou-se uma equipa determinada em não facilitar. Conseguiram marcar na segunda parte e manter o empate a uma bola até ao final do tempo regulamentar. Foi, então, necessário recorrer ao desempate com a marcação de grandes penalidades.
Apenas o interesse durante todo o desafio conseguiu manter o público nas 'frias bancadas do campo tão geladas que neste ou naquele sector os espectadores tiveram de acender fogueiras', para que pudessem suportar o frio que não era de todo habitual em Lisboa. 'Se não fossem as torres de iluminação pensaríamos que estávamos no tempo da «capa e espada» com os archotes e as fogueiras bem acesas'.
Nas grandes penalidades, o treinador Jimmy Hagan decidiu guardar Eusébio para o fim, o que provocou grande impaciência no público. Foi o seu remate que obteve o golo que ficou o resultado em 4-2 e deu a vitória ao Benfica. No final, os jogadores recolheram rapidamente às cabines, dizendo 'que mesmo depois de terem andado 90 minutos a correr ainda tinham frio'. Em declarações à imprensa, Eusébio até se queixou que 'o frio tolheu os movimentos e raciocínio'.
Foi neste ambiente gelado e natalício que o Benfica 'levou para o sapatinho' o primeiro troféu da temporada de 1972/73, que pode ser visto na área 9. Honrar a cidade do Museu Benfica - Cosme Damião."
Ana Filipa Simões, in O Benfica
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