terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

E se Renato faltar?

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O Benfica regressa hoje ao palco da Luz para uma noite da Liga dos Campeões, onde só têm assento os mais fortes, de aí estar nos oitavos de final e ser o único representante português na mais importante competição de clubes da UEFA. Prova de que lá chegou por merecimento, apenas suplantado no grupo pelo gigante Atlético de Madrid.
A partir de agora, na elite dos dezasseis melhores emblemas da Europa, não há volta a dar: ou joga bem e segue em frente, ou joga mal, ou assim-assim, e sai de cena. Simples de entender. Isto é, se for o Benfica da primeira parte com o FC Porto, que construiu várias oportunidades de golo, e souber aproveitá-las, convém a chamada de atenção, ganha a eliminatória; se for o Benfica da segunda, hesitante e sem fôlego para atacar em velocidade alta os últimos 20 minutos, então é o Zenit quem passa à eliminatória seguinte. Sem margem para pueris divagações nem para tratados sobre táctica atómica geralmente utilizados a apreciados quando a verdade se torna inconveniente.
Se me perguntarem se o Benfica reúne condições para eliminar o Zenit, respondo que sim. Se me perguntarem se acredito muito na concretização dessa possibilidade, respondo que sim, mas pouco, porque me recordo da última vez em que o Zenit esteve na Luz, Setembro de 2014, e precisou de apenas 22 minutos para marcar dois golos e vencer o jogo, lá continuando o Hulk de um lado e o Eliseu do outro... 
André Villas Boas pode andar preocupado por ver nos seus jogadores quebra de ritmo, consequência da longa paragem de inverno no Campeonato russo, mas em contrapartida aproveitou as férias algarvias para estudar este novo Benfica e esmiuçar as forças e as fraquezas que o clássico com o FC Porto, por exemplo, revelaram.
NO mercado de Janeiro o Sporting mexeu no ataque, com a saída de Montero e a entrada de Barcos, e reforçou a defesa com a contratação de Coates. Já tinha garantido Bruno César e Marvin Zeegelaar e ordenado o regresso de Rúben Semedo.
O FC Porto assegurou Suk e Marega e incluiu José Sá no pacote.
O Benfica adquiriu Grimaldo para a lateral esquerda, uma das posições mais carecidas, e dois juniores sérvios. Para surpresa minha, porém, não acautelou o meio-campo, sector onde a equipa começou a soluçar no jogo da última sexta feira com o FC Porto, também por força de um enquadramento tático que sinto dificuldade em descodificar. Por outro lado, pensar-se que um miúdo de 18 anos por muito talentoso que seja, pode substituir-se aos adultos e ser solução para todos os problemas constitui erro de avaliação grosseiro. E se Renato Sanches se constipar? Se, por qualquer motivo, tiver de ficar de fora em dois ou três jogos como será? Talisca? Pizzi? Outro candidato razoável que não me ocorre? Provavelmente sim, e até pode correr bem desde que o adversário seja de média dimensão, tipo do quarto lugar para baixo, porque, caso contrário, como demonstra o passado recente, é desilusão anunciada.
Em resumo, arrastar a decisão da eliminatória com o Zenit para o jogo da segunda mão é o imperativo mínimo do qual Rui Vitória não consegue livrar-se."

Fernando Guerra, in A Bola

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