quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Eu, nós, a NOS... e os outros

"Para Vieira ser o melhor presidente da história do SLB, após o estádio, o centro de estágio e o museu, falta-lhe, 'só', um título europeu

Eu
Quando e enquanto, durante dois anos, ao expressar-me publicamente, v.g. no Dia Seguinte na SIC, defendi, contra quase tudo e (quase) todos, que o BENFICA deveria romper com a Olivedesportos e passar a transmitir os jogos da sua equipa principal na Benfica TV, sei o que acharam que eu era. Mas, aos que me iam chamando a atenção para o perigo, a inconsistência e a leviandade da minha posição, fui sempre respondendo com uma frase de Francisco Sá Carneiro que faço minha e que me tem dado o conforto entre o tempo em que digo o que penso e o tempo em que me dão razão:
«Nunca estive tão sozinho e nunca tive tanta certeza de ter tanta razão.»
Foi, mais uma vez, o que aconteceu.
Não sozinho, desde o início, mas quase.
A mesma solidão, estou certo, que terão sentido, por exemplo, Sílvio Cervan, José Manuel Appleton, Virgílio Vieira Duque, Jorge Costa Quintas, José Alberto Coelho... para citar os com quem ia trocando ideias e sabia defensores intransigentes dessa opção.
Como relembro todos os artigos escritos, todas as opiniões expressas na televisão, todas as opiniões de vozes amigas... aconselhando-me a esmorecer nesse meu combate porque para além de o perder, estaria a por em risco a minha carreira no Benfica, já que seria obrigado a demitir-me, em coerência do que defendia, quando assinássemos contrato com a Olivedesportos.
A esses, que avaliam as suas carreiras e as suas vidas pela defesa de convicções alheias, por não perceberem a diferença entre o que queremos e o que os outros querem que queiramos... a esses, ia dizendo que nunca me tinha arrependido de defender o que pensava. Apesar de respeitar os que olham, apenas, pelos seus interesses próprios - por maioria de razão - e pelos dos outros, especialmente quando lhes pagam bem.
Respeito quem faz a sua vida a defender o mais fácil, a não arriscar, mas não me peçam para ser como eles. 
Por isso, neste caso, como em tantos outros, poderei ter sido uma voz incómoda, uma voz que destoou do marasmo, uma voz que muitos queriam (e querem, honra lhes seja feita, pela perseverança...) aniquilar, mas que sempre disse, livremente, o que outros gostariam de dizer e que só não o dizem porque não têm essa oportunidade.
«Sei o que querem porque sou um de vós.»
E eu queria o mesmo que queriam tantos, diria até que queria a esmagadora maioria dos benfiquistas: acabar - cumprindo até ao fim - o contrato entre o Benfica e a Olivedesportos, que nem sequer se havia dignado corrigir os números do clube que tem (como tinha, na altura) entre 55% e 60% da quota de mercado de direitos televisivos, em Portugal.
Agora que essa opção serviu de plataforma para lançar e obter um - até há dias impensável - contrato entre a NOS e o Benfica, recordemos os que deram a cara por essa opção, os que lutaram para que fosse possível, em Portugal, um clube ter um contrato proporcionalmente comparável aos grandes clubes europeus.
Como o Benfica, de facto, é!
Para os que me exigiam (então, como agora, em relação a cada tema) a minha contenção, quero agradecer-lhes porque a falta de visão deles, a sua falta de coragem, a sua submissão aos interesses instalados, a sua pequenez... só tornam mais evidente a minha capacidade de prever e defender o que me parece óbvio, aquilo em que acredito, o que julgo melhor para o que gosto e defendo.
Neste caso, o Benfica (como, noutras situações, aquilo em que, ou com que, me envolvo, que defendo ou por que luto), por muito que isso custe a quem não consegue ter força para superar o medo de viver aquilo em que acredita e por muita inveja ou ódio que possa gerar nesses pobres de espírito.

Luís Filipe Vieira
Dos méritos e da visão do Presidente do Benfica já todos disseram tudo, incluindo os que tantas vezes o acusaram de tanta coisa, de forma tão injusta quão leviana.
Mas o que, antes do mais, numa nota muito pessoal, quero voltar a repetir, é a liberdade que Luís Filipe Vieira me deu sobre esta matéria.
Antes de me expressar publicamente - a título pessoal, mas não esquecendo que era Vice Presidente do SLB e Administrador da SAD - tive o cuidado de transmitir ao Presidente do Benfica as razões para concretizar a ruptura com a Olivedesportos.
E, num tempo onde ainda o próprio tinha muitas dúvidas sobre matéria tão sensível, sempre encontrei em Luís Filipe Vieira a máxima compreensão e um enorme respeito por uma opinião que ainda não saberia se seria a sua.
Nunca me impediu de o defender, dizendo-me mesmo que, se eu acreditava tanto nessa solução, que a poderia defender publicamente, sempre que o entendesse, a título pessoal.
Foi o que fiz.
Ressalvando sempre, tal como me comprometi, que a decisão final seria da responsabilidade última do Presidente do Benfica.
Por uma razão que não me canso de repetir... Luís Filipe Vieira tem o que falta a todos os outros: 
legitimidade democrática (para além da histórica e da carismática, numa aproximação ao que Max Weber diria, se algum dia tivesse analisado tais questões no SLB).
Por isso será um dos maiores Presidentes do Benfica.
Porque para ser - de longe - o melhor Presidente da história do SLB - e ele sabe, porque lho digo, tantas vezes - depois do Estádio, do Centro de Estágio, do Museu (o que mais valorizo, face à personalidade e à visão profissional de Luís Filipe Vieira), falta-lhe, apenas, um título europeu.
Que ele sabe que acredito ser possível (como, ainda na semana passada, lhe voltei a relembrar por escrito)! 

Domingos Soares de Oliveira
A par de Luís Filipe Vieira, há um outro nome a quem gostaria de, aqui, prestar pública homenagem. Nem sempre estive, nem estou nem estarei, por certo, de acordo com ele, em questões de pormenor. Mas tenho o maior respeito intelectual por Domingos Soares de Oliveira e pela sua capacidade de, em cada momento, perceber de que lado da barricada o Benfica tem de estar. Em questões estratégicas, nunca tive uma dissonância com ele (ou ele comigo... tanto quanto a memória alcança).
É por isso que, hoje, passados quase seis anos das minhas primeiras declarações sobre ele, as voltaria a repetir.

A 'NOS'
Uma palavra para a NOS e para a coragem (visão estratégica? contas bem feitas???) que teve em garantir, por 40 Milhões de Euros/ano, e por 10 anos, o acordo com o Benfica.
Não se tratará, por certo, de nenhuma leviandade mas, antes, de uma avaliação do que representa o Benfica, comparado com os outros que sonham em ser grandes como nós.
Nestas coisas, como em tantas outras, são os números que mandam.
Porque as opções da NOS foram, por certo, baseadas em realidades mensuráveis, decididas por alguém que, se fosse o coração a ditar, tomaria, porventura, outra opção.
Eu sei que não precisam, e até dispensariam, mas... querem maior elogio, vindo da minha parte, do que este?

E os outros
Os outros... foram os que perderam. Os que se recusaram a rever um contrato de €8 M/ano (porque a isso não eram obrigados, apesar de já estarem a pagar 16 e 14 a outros...).
Os que, há três anos, se recusaram a dar €25 M/ano porque o negócio não valeria mais de 18 ou 20. Os que apostavam na submissão do Benfica para continuarem a mandar.
Os que acharam que a Benfica TV não ia resultar e que seria o princípio do fim de uma estratégia baseada numa verdadeira autonomia, alicerçada na maior massa associativa portuguesa, correspondente a - como disse - mais de 50% da quota de mercado...
Os que julgaram que um projecto profissional, feito por homens sérios, em termos de ética e de responsabilidade jornalística, iria ser adulterado pela paixão clubística, que toldaria a independência e a equidistância sempre que tal fosse exigido ou, mesmo, aconselhável.
Os que, acreditando (como eu acredito) que a centralização de direitos seria a melhor opção, se distraíram...
Os que julgando-se iguais ao Benfica, perceberam logo que, no máximo, só valem 80% de nós (que exagero, eu sei...) e que, com o voar do tempo, não andarão longe de verbas que nem a 50% chegarão das agora anunciadas...
Os invejosos que me predisseram o meu fim no Benfica por defender publicamente a ruptura com a Olivedesportos.
Os medíocres que vivem da defesa de interesses ou de convicções alheias...
Os que odeiam o Benfica e convivem muito mal com a sua grandeza (mas, que, ainda assim, reconhecem que €400 M, em dez anos é muito bom, muito bom, mesmo)!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

7 anos e o futuro...

7.ª aniversário da BenficaTV celebrado com estilo, num momento muito importante da vida do Benfica.

A questão da dívida financeira do Benfica é um problema estrutural do Clube (SAD), e não é nada fácil resolver este problema. O Benfica tem pago regularmente 22 milhões de euros por ano, em 'juros'!!! É um valor incomportável a médio e longo prazo, até porque a tendência, se nada for feito, é destes custos aumentarem. Já defendi várias vezes, que a única solução para 'matar' este problema, era um negócio deste tipo (€400 milhões em 10 anos)...
Tal como no resto da vida, raramente temos tudo o que queremos, este negócio pode não ser perfeito, mas é um excelente negócio.
Não existe nenhum outro Canal de Clube a transmitir os seus próprios jogos, a intenção foi sempre, usar a BTV como uma 'chantagem' sobre os 'players' nacionais, para obter uma melhor oferta... e isso foi conseguido.
A própria SportTV, hoje já é diferente do que era, há 3 anos. Hoje, 50% pertence à NOS, 15% ao BCP e 'só' 35% ao Oliveirinha. Sendo que em 2018, quando os contratos da PPTV (a empresa do Oliveirinha que detém os direitos de todos os outros Clubes nacionais) terminarem, acredito que a NOS vai querer afastar o Oliveirinha...
Dito isto, acredito que a NOS vai fazer tudo para valorizar um produto que acabou de comprar por €400 milhões... e se forem inteligentes, uma das coisas que deviam fazer, era mudar a 'imagem' da SportTV (talvez mesmo mudar de nome...), e sanear os avençados todos!!!

A BenficaTV vai voltar às origens, a transmitir Formação e Modalidades, com debates e documentários da História do Glorioso. E ao contrário do que tem sido insinuado, com as receitas de publicidade, deverá ser auto-suficiente.
Hoje ficou claro que a NOS pretende negociar com as outras plataformas, provavelmente vai tentar 'trocar' a BenficaTV, com a CMTV e a BolaTV da Meo... portanto, ninguém vai ser obrigado a mudar de operadora!!!

Muitos Parabéns a todos os funcionários da BTV, que durante estes 7 anos, tem crescido muito a todos os níveis. Ainda tem alguns pormenores que eu gostaria de ver melhorados, mas o crescimento é evidente. Mas talvez o mais incrível, é que neste momento a BTV é um dos Canais de desporto mais independentes do panorama nacional!!! A pergunta mais incomoda na CI desta tarde foi feita pela jornalista da BTV... Quando os do costume acusam a BTV de ser a VieiraTV; ou quando os Antí's acusam a BTV de ser facciosa, não podem estar mais longe da verdade... Muito orgulho, em mais esta conquista inovadora do Benfica.

PS: Nos discursos e entrevistas de hoje, a grande novidade, que passou despercebida a quase todos, foi o anuncio que o Naming da Catedral e o negócio que o Presidente tinha adiantado a algumas semanas, são coisas diferentes!!! No relvado da Luz, o Presidente falou de uma Marca Benfica, demasiado pequena, para o mercado Português!!! Sinceramente, não sei o que isso quererá dizer na prática... vamos esperar para ver!!!

O selim do futebol

"De súbito, eis que a polémica passou da bola para o selim. Tudo por causa da bola propriamente dita (não confundir com este jornal) e porque, em 2 de Janeiro, as bicicletas estacionam em Alvalade. De facto, só cá faltava o ciclismo para agitar o... futebol!
Escreveu o presidente do Sporting, a propósito de uma tal ciclista organização W 52, que a transumância da dita para o FC Porto tem a ver, entre outras coisas, com a «falta de pedalada para o futebol» dos portistas quando, a tremerem, entrarem em Alvalade.
Confesso que, pedalada por pedalada, comecei por me lembrar da forte oposição à presidente do Brasil acusada de algumas «pedaladas fiscais», que é o que lá chamam a truques e buracos orçamentais. Mas, certamente, nesta polémica de pedais, esta questão não se põe. Dinheiro não falta, sobretudo em Alvalade. 
Mas, agora que surgiu esta crucial celeuma, gostaria que fossem tornados públicos alguns pontos. Por exemplo, quanto aos pára-lamas em que sentido vão ser direccionados? E para as superfícies mais irregulares, qual a qualidade dos amortecedores? E que raio de raios a usar e com que material? E se a corrente sair da roda livre, quais as consequências na corrida? E se, porventura, o quadro se partir, como é substituído?
Li também que o contrato terá abortado por causa de umas suspeitas da prática de doping. Pormenor que parece ter surgido mesmo junto à meta. Daí que o entusiasmo leonino se tenha esvaído subitamente e, voltando a citar o presidente do SCP, tenha proporcionado «um sprint do FCP para ganhar uma meta-volante».
Assim vai o nosso futebol. Perdão, ciclismo."

Bagão Félix, in A Bola