quinta-feira, 26 de novembro de 2015

No regresso do campeonato nós e os outros

"Passado este interregno de campeonato de muita má memória (não posso deixar de o assumir, frontalmente), e conseguido o apuramento para os oitavos de final da Champions em Astana, que conclusões tirar e o que esperar dos próximos tempos?

O Benfica
Alguns, como no ano passado, concluem que o plantel do Benfica tem desequilíbrios estruturais, particularmente ao nível da segunda linha.
Ainda assim, somos bicampeões! Por competência nossa, mas - reconheça-se - também por incompetência (e distracção) alheia.
Não tendo o plantel sofrido grandes alterações, quem defendeu essa ideia, no passado, manterá a sua posição, nesta época.
E se é verdade que as mudanças requerem tempo e que as várias lesões se reflectem na equipa, não custa admitir que estamos a jogar abaixo das expectativas de todos!
Isso não me impede de deixar de referir uma evidência: quando uma equipa está a jogar bem, até pode ser prejudicada, mas ganhará sempre... ultrapassando qualquer erro de arbitragem!
Ao invés, a influência dos árbitros será mais notória quando a equipa jogar menos. Tem sido o (nosso) caso! 
Sem querer desculpabilizar alguns resultados, a influência das arbitragens na nossa classificação tem sido uma evidência.
Rui Vitória sabe o que é ser do Benfica, com paixão de adepto, como o provou quando prometeu dar a vida pelo clube e colocá-lo à frente de qualquer ambição pessoal.
Mas, enquanto treinador deste clube, que é maior que Portugal e tendo em conta as actuais circunstâncias do futebol português, o seu discurso terá de ser à imagem e à medida do Benfica.
Porque, aqui, só as vitórias interessam!
Sem medo de chamar os bois pelos nomes, com uma agenda própria que compete a ele definir. Assumir uma postura à Benfica não pode significar não responder (ainda que com evidente elevação e educação). 
Temos de denunciar os escândalos, as perseguições, as campanhas, as mentiras, de quem connosco é exigente e imparcial e com os outros é parcial e conivente!!!
É obrigação de todos nós defender a honra do Benfica (olho por olho, dente por dente, lembram-se?). Cabe, por isso, aos responsáveis máximos pela comunicação - como, agora, passou a acontecer - saber transmitir a indignação por tanta barbaridade dita e feita contra nós, deixando bem claro que não podem dizer tudo.
Mesmo sabendo que, com isso, podemos vir a ser alvo de alguns ataques ferozes, dos eternos defensores de convicções alheias, dos independentes cujo único objectivo (porque meio de vida) é atacar o Benfica, contando com o palco que isso lhes dá e, claro, com a nossa indiferença para invocarem a sua razão. Será o resultado final (campeão ou não) que vai definir se - todos sem excepção - somos ou não competentes! 
Uma forte capacidade de resposta e de reacção imediata são as únicas compatíveis com uma época como a atual, de grande aposta na formação, onde o suplemento adicional de discurso motivador será (será, digo eu, ainda a tempo) o elemento distintivo.
Os jogos contra o Sporting, onde as tais influências foram evidentes, provam que esse é o caminho...
Na Supertaça, por exemplo, Gaitán foi ceifado.
Qual foi a consequência?
Na Luz, para o campeonato, antes do primeiro golo, Luisão foi agarrado e Gaitán novamente travado. 
Quais foram as consequências?
Com um discurso agressivo, vindo daquele lado, atemorizam-se os árbitros, legitima-se a violência, fazendo corresponder às nossas derrotas um esmagamento futebolístico total.
Nada mais errado!
Apesar de quererem que se acredite na tese do colinho... a favor do Benfica, são eles, os outros, que usufruem dessa impunidade, dos erros de arbitragem, para poderem parecer competentes.
Querem prova mais escandalosa do que o que se passou no último jogo, em Alvalade?
Gaitán e Luisão foram parar ao hospital por terem sofrido, respectivamente, um traumatismo craniano e uma fractura no antebraço.
Slimani teve uma entrada violenta sobre Júlio César, tendo-lhe rasgado o equipamento... jogo perigoso, portanto!
Para depois agredir barbaramente Samaris...
Quais foram as consequências?
Alguns jogadores do Benfica viram o cartão amarelo, ao contrário de jogadores do Sporting, que, por mais faltas que fizessem, não o viram, nunca.
Ederson foi expulso... no banco... ficando o Benfica sem guarda-redes suplente, escolhido, ele, de entre todos os que protestaram por uma jogada discutível (se a moda pega, o Sporting, aos dez minutos de cada jogo, fica sem ninguém no banco).
Samaris foi também expulso, tendo visto dois cartões amarelos, aos 111' e aos 113'!
E depois o Benfica é que é levado ao colo...

E o Sporting?
Os velhos rivais têm um treinador que quer vingar-se de Luís Filipe Vieira. Um treinador que não consegue deixar de pensar e de falar no Benfica (percebo a sua angústia e mágoa). Estou certo de que, por ele, ainda hoje estaria no Benfica... Não sou ingrato, mas, como é público, nunca o admirei particularmente... não tendo simpatia pela sua personalidade, nem empatia pelo seu caráter... Coisas da vida! Não me vou esquecer de uma Taça de Portugal, de (pelo menos) um campeonato e de uma final da Liga Europa que de forma (muito) incompetente perdeu... quando tinha tudo para ganhar! Além disso, se se mantiver fiel à sua matriz psicológica (decorrente da velha fórmula... «a nossa mente atrai tudo o que tememos») não duvido que irá continuar a falhar nos momentos decisivos (apenas superados quando a vontade se alia a uma grande ideia de vingança)...
Por mais que tente disfarçar os seus erros, as fraquezas e até alguns dos seus receios que sempre o acompanharam...
Cá estaremos para ver!
Não sem denunciar, aos quatro ventos, a estratégia de comunicação do Sporting.
Com tanto benefício, esquecem-se de continuar a defender a (tão desejada) introdução do sistema de video-árbitro, ...
Hoje, curiosamente, e porque (para já) lhes corre bem, a estratégia resume-se à conflitualidade pela conflitualidade, ...
Porque, vale tudo, para não discutir os sucessivos jogos em que, sem a ajuda dos árbitros, teriam, perdido, pelo menos, 6 pontos dos que têm...
Felizes os pobres de espírito...

Já o FC Porto...
Longe vão os tempos de hegemonia para aqueles lados, em que se ganhava muito que havia para ganhar, ... embora da forma que se sabe.
Depois da estratégia dos últimos anos, a maior vergonha do futebol português, a estrutura parece já não funcionar...
A máquina, que estava habituada a uma certa bipolaridade, controlada com as ajudas, encontra-se agora completamente desajustada e baralhada com a tripolaridade...
Julen Lopetegui tem sido um treinador que me tem dado muitas alegrias (como na terça passada) e que ainda não percebeu, a esta altura do campeonato, que, por esses lados, ... ganha a estrutura, empatam os jogadores, perde o treinador...
O treinador que com o melhor plantel de sempre não conseguiu ganhar nada...
Espero continuar a vê-lo de dragão ao peito por muitos anos, até porque, como se viu, pelos lenços brancos exibidos no fim do jogo com o Dínamo de Kiev, para citar um amigo meu que lá foi ver «aquela desgraça» que os levaria a jogar com o Sporting na Liga Europa, não fosse o treinador dos leões tão avesso a essas extravagâncias europeias, ... a sintonia entre os adeptos e o treinador está ao rubro!
Ou seja, já nem o Dragões Diário os animam!!!

E o SC Braga...
Segue-se a deslocação do Benfica a Braga, um campo tradicionalmente difícil. Onde jogaremos contra uma equipa onde o seu treinador - que provou não ter, na altura, andamento para um grande (acontece a muitos...) - tem desenvolvido um excelente trabalho, - tendo muito a dizer na luta pelo título... Não podemos, ainda assim, admitir outro resultado que não seja a vitória da equipa de... Rui Vitória. 
Exorcizando os medos dos tempos da outra senhora, como diz o povo. Porque, com todo o respeito que o Braga me merece, espero lá ganhar! Para ser TRICAMPEÃO.

PS 1: Oposição no Benfica Há personalidades que aparecem apenas e só quando o Benfica perde, dizendo mal de tudo e de todos, para serem notícia.
Outros, oscilam entre o apoio bajulador, interessado e interesseiro, com o objectivo de agradar, a ver se entram na próxima lista, e a crítica violenta quando o Benfica perde.
Mas - azar dos Távoras - a uns matam-nos os títulos dos jornais, ... a outros o seu próprio... nome! É que... já não me basta o Benfica não ganhar e ainda tenho de os aturar...

PS 2: Nomeações Eu quero ser TRICAMPEÃO mas... não me façam de parvo com determinadas nomeações!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Raúl González

"Raúl González, mais conhecido só pelo nome próprio, termina a sua carreira de futebolista, aos 38 anos. Destes, 19 foram passados no Real Madrid. Um jogador que enobreceu o ofício e que o honrou no plano profissional e deontológico.
Jogando tantos anos nos merengues teve muitos títulos espanhóis, europeus e mundiais. Apenas lhe faltou um grande troféu a nível da selecção espanhola.
Raúl foi um jogador exemplar. Tão correcto no campo ou fora dele e, futebolisticamente, de uma eficiência letal. Nunca precisou de formas abstrusas de promoção de imagem. Nunca se serviu de parvos adereços ou de penteados apalermados. Ao longo julgo, nunca teve, na sua extensa caminhada, um cartão vermelho, o que evidencia a sua lealdade e serenidade como atleta. Nunca se comparou a ninguém, nem deixou que o comparassem obsessivamente a outrem. Valia por si, ponto final.
Pessoalmente, sempre admirei a sua forma suave, mas demolidora como jogava. Sempre sem azedume, mas completamente envolvido no jogo colectivo de que fazia depender a sua eficácia. Em alguns aspectos, fazia-me lembrar o grande Nené do Benfica. Ambos estavam no tempo certo no sítio certo, sem correrias ofegantes só para tiffosi verem, mas com a oportunidade e velocidade que se justificavam em cada momento.
Raúl - pai de 6 filhos - geriu, com mestria, o momento para emigrar. Primeiro no Schalke 04, onde ainda conquistou títulos, depois aproveitando os petrodólores que lhe ofereceram na fase descendente.
Tal como Casillas, um símbolo do futebol espanhol e do Real. Sem necessitar, porém, de queixumes, défices de consideração ou esposas de grande mediatismo."

Bagão Félix, in A Bola